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Procura durante a pandemia é impulsionada pelo desejo da imagem perfeita
Por Ingrid Lopes
Com o aumento de tempo de permanência nas redes sociais durante a pandemia, as pessoas passaram a se ver com maior frequência nas telas do celular e do computador. Seja para registrar uma selfie, ou gravar um vídeo curto, é cada vez mais comum a utilização dos filtros que alteram a aparência física com o objetivo de melhorar aquilo que é mostrado.
Este comportamento dos internautas, está fazendo com que o Brasil seja destaque mundial no ranking de cirurgias plásticas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 1,5 milhão de procedimentos estéticos são realizados no país anualmente. Com a pandemia, a cultura das intervenções estéticas foi fortemente consolidada.
Apenas no período pandêmico, a Dra. Adriana Siriani, especialista em harmonização facial, viu a procura por procedimentos estéticos aumentar em 80% na clínica em que atua, impulsionado, principalmente, pelo público feminino. Ela ressalta que a justificativa das pacientes que procuram a clínica é ter mais tempo para prestar atenção em detalhes. “Estão aparecendo mais em vídeos e não gostam muito da imagem”, conta.
Embora existam desde 2015 no aplicativo Snapchat, foi no Instagram que os filtros encontraram espaço e foram popularizados, especialmente após a plataforma permitir que as pessoas criassem os próprios filtros e os deixassem disponíveis para os demais usuários da rede.
Ao proporcionar a quase irresistível possibilidade de excluir imperfeições, aumentar os lábios e melhorar a simetria do rosto, a ferramenta, que inicialmente parecia inofensiva, tornou-se capaz de ditar padrões de beleza de influenciar o público, e agora é motivo de alerta para especialistas, que ressaltam os riscos de danos psicológicos causados à autoestima.
A Dra. Adriana conta que a busca pela aparência proporcionada pelos filtros já é motivação para os “retoques” na própria imagem e que o público é cada vez mais jovem. “A procura está sendo grande para que elas possam ficar sem filtro, mas com essas características que tanto estão amando. Então a procura grande foi por preenchimento labial, botox, e preenchimento de olheiras”, explica.
Para a psicóloga Ana Luíza Fornaziero, especialista em Análise do Comportamento, pode-se perceber a influência das redes sociais principalmente no quesito comparação e busca por uma “perfeição”, um padrão, o que resulta no desenvolvimento de uma autoestima e autoconfiança reduzida.
A pressão gerada pela padronização da beleza é um fator que atinge em especial o público feminino. Para a psicóloga, uma adolescente que convive num ambiente cheio de expectativas, de altas exigências, de pouca valorização do que se é, tem poucas chances de desenvolver uma boa autoestima e uma boa autoconfiança. “Isso faz com que ela busque alternativas para se sentir melhor, mais segura e mais aceita socialmente através de mudanças externas, que não necessariamente vão suprir aquilo que está em questão”, alerta.
Ana Luíza destaca, ainda, que a adolescência é naturalmente um período de desconforto com questões relacionadas à aparência. “Se o adolescente vê nos filtros uma possibilidade para corrigir essas imperfeições, a chance dele utilizar com frequência é alta e isso pode ser preocupante. Não tem problema utilizar um filtro ou passar uma maquiagem por exemplo, desde que isso não seja por uma questão de aceitação, algo extremamente almejado pelos adolescentes”, explica.
Embora os filtros já façam parte do cotidiano dos usuários das redes sociais, a especialista ressalta que é possível utilizá-los de maneira saudável, porém é preciso estar consciente que o recurso não faz parte da realidade, e que não existe um padrão pré-estabelecido que deva ser seguido.
Edição: Patricia Neves
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
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