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“Estamos extremamente sobrecarregadas”, diz educadora

Pandemia afetou permanência estudantil de mães nas universidades                                                                                                                                                                                                                                           

Por Caio Martins Bueno

Em transmissão ao vivo no Youtube, promovida pelo Sesc São Paulo, pesquisadoras de universidades públicas que atuam em projetos sociais debateram os impactos da pandemia em mães que estão no processo de graduação e pós-graduação, destacando as dificuldades de uma rotina dividida entre as tarefas domésticas e o cotidiano acadêmico.

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Segundo pesquisas do projeto “Parent in Science”, desenvolvido por cientistas brasileiras que também compartilham da experiência da maternidade, 10% dos alunos de graduação possuem filhos. Em uma amostra feita na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), mais de 80% das mães disseram que estão sendo prejudicadas pela pandemia para a continuidade dos estudos, número que cai para menos da metade nas respostas dos pais, 40%. O mesmo acontece na questão das atividades domésticas, na qual 70% das mulheres responderam que dedicam tempo a esse tipo de tarefa, e os homens 50%.

Na pós-graduação, os dados são ainda mais alarmantes – apenas 11% das mães afirmam conseguir continuar com suas teses e dissertações, muito em questão dos prazos. No recorte de mães negras, o número cai para 9%. Os dados são motivo de preocupação para as pesquisadoras, pois envolvem questões de gênero e raça, fatores já discutidos no âmbito acadêmico.

Para a pesquisadora Fernanda Stanisçuaski, doutora em Biologia Celular e Molecular pela UFGRS e que faz parte do projeto, a justificativa para o maior impacto nas alunas é reflexo do estereótipo dos cuidados, onde a mãe é a figura responsável pelos filhos e pela casa, o que afeta a disponibilidade de tempo.  Portanto, alerta a necessidade de flexibilização e apoio dos docentes, tendo em vista a situação da pandemia, em que a maior parte das crianças estão em casa sob os cuidados das mães.

“A gente recebe muitos relatos de alunas que não estão tendo essa compreensão por parte dos seus docentes. É extremamente importante pontuar que isso não é caridade, não são alunas que querem vantagem, não são alunas que querem tirar proveito da situação, é um direito que precisamos garantir para que elas possam continuar na universidade” – afirma Fernanda.

Patrícia Dias Prado, doutora em Educação pela Unicamp, e outras pesquisadoras convidadas (Foto: Youtube)

Dentre as possíveis soluções para o problema, também foi levantada a importância da prorrogação de bolsas-auxílio pelas instituições e os investimentos do poder público nas estruturas físicas das universidades, para acomodar mães estudantes. Além disso, a educadora Patrícia Dias Prado, doutora em Educação pela Unicamp, enfatizou a mudança da ideia de “culpa” das mulheres em relação a maternidade – “Algo que vem de antes da pandemia é o lugar de culpabilização das mulheres pela maternidade, como se a gente estivesse criando um estorvo, que a responsabilidade é nossa e a gente que se vire, porque isso é um peso financeiro, econômico, cultural e moral para sociedade, quando na realidade é exatamente o contrário” – disse.

Eliane Oliveira, socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros: “O conhecimento é produzido a partir de nossas práticas e da diversidade” (Foto: Youtube)

Como conclusão, foi ressaltado o papel da família na criação dos filhos. A exigência do Home Office e EAD, apesar de ter limitado as ações práticas, também aproximou os membros do grupo familiar, com a convivência de pais e avós, por exemplo, que agora podem ter um contato mais próximo com as crianças, dando liberdade a figura da mãe.

De acordo com a socióloga Eliane Oliveira, essa participação ativa dos familiares é consequência da nova geração de mulheres, que tem acesso ao ensino superior e que podem ingressar no mercado de trabalho, sem nenhum tipo de amarra social como nas gerações anteriores, em que eram “donas do lar”, exemplifica. 

Apesar disso, a socióloga esclarece que isso não é um aspecto do momento, e sim algo que sempre foi fundamental “Essa responsabilidade sempre foi de todos. Nesse momento, é necessário que se assuma essa responsabilidade e tire então esse peso histórico que está no cuidado da mulher” – comenta.

O debate foi mediado por Thaiz Leão, diretora executiva do Instituto Casa Mãe. A transmissão conta com intérprete de libras. Aqui, acesso à transmissão completa no canal Sesc São Paulo.

 

Orientação: Prof. Amanda Artioli

Edição: Leonardo Fernandes


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