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A psicanalista Vera Iaconelli adverte para as engrenagens da culpabilização da vítima

Luciana Temer (foto maior): “Se calar diante dessa violência é inviabilizar a situação”. No alto, à esquerda, Djamila, Moraes Filho e Vera Iaconelli (Imagem: YouTube)
Por Vitória Landgraf
Com o Brasil ocupando o 2º lugar no ranking de exploração sexual infantojuvenil, as organizações não governamentais (ONGs) e centros de acolhimento para as vítimas se tornam cruciais para que a violência sexual infantil seja combatida. Foi o que afirmaram a psicanalista Vera Iaconelli, diretora do Instituto Gerar, e o obstetra e professor Olímpio Moraes Filho, da faculdade de medicina da Universidade de Pernambuco, em webinar promovido ontem (18) pelo jornal Folha de S. Paulo.
O evento marcou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, tendo contado também com participação da mestre em filosofia pela Unifesp e coordenadora da coleção de livros “Feminismos Plurais”, Djamila Ribeiro.
Segundo a escritora, existe uma cultura de violência contra a mulher que se perpetua desde o berço da história do Brasil. Em sua participação, Djamila defendeu a necessidade de entender a forma de construção da sociedade e acabar com pensamentos que desqualificam e objetificam o corpo da mulher, principalmente as mulheres negras, que são – segundo ela – as que mais sofrem violências sexuais. “Há uma romantização das relações de violência, há uma ideia da mulata, ‘cor do pecado’ e ignoram que miscigenação é fruto de estrupo”, disse a escritora.
“É preciso mudar a mentalidade em que todos nós estamos inseridos”, propôs a psicanalista Iaconelli, destacando a cultura do machismo existente no país como outro fator responsável pela culpabilização da vítima – desvalorizar a mulher e considerá-la responsável pelo acontecido.

O médico Moraes Filho: “São ações que não dependem do poder público, mas de indivíduos” (Imagem: YouTube)
Bem por isso – recomendou – o apoio e instrução recebido em centros de acolhimento torna possível para a criança identificar-se como vítima em situações de abuso e, assim, buscar ajuda. “Precisamos criar os melhores ambientes e recursos para que essas pessoas se curem desse trauma”, observou referindo-se ao abuso sexual sofrido na primeira infância.
Em sua participação, o médico Moraes Filho, que realizou o aborto legal de uma criança capixaba de 10 anos vítima de estupro em meados de agosto do ano passado, chamou a atenção para gravidez na adolescência, a qual, em muitos casos, é consequência do abuso sexual infantil. Ele apontou que um dos meios de garantir a integridade e a saúde dessas meninas violentadas e grávidas é buscar a contribuição da sociedade para a superação do crime, visto que essa é uma questão de cunho social e não privado.
“Hoje, vemos instituições e associações criando serviços com grupos de apoio às mulheres. São ações que não dependem do poder público, mas de indivíduos que estão lutando contra essa onda”, explicou o médico.
O encontro foi mediado pela presidente do Instituto Liberta, organização não governamental que atua no combate à exploração sexual de jovens, a advogada e ex-delegada de polícia Luciana Temer.
Para a advogada, as organizações não governamentais têm realizado campanhas de conscientização importantes sobre a proposta de denúncias de casos de abusos. “Se calar diante dessa violência é inviabilizar a situação”, completou ela.
Na abertura do webinar, os organizadores do evento lançaram um minidocumentário que aborda a violência sexual na infância. O material foi produzido pela Maria Farinha Filmes, com apoio do Instituto Liberta.
Aqui, acesso ao link para o debate “Exploração Sexual Infantil – 5ª Edição”
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Oscar Nucci
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