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O fotógrafo Kamá Ribeiro participa da novidade, que soma imagem e legenda opinativa
Por Letícia Franco
Desde a mudança de gestão, em 18 de janeiro deste ano, o jornal Correio Popular vem experimentando a publicação diária de um gênero jornalístico ao qual os jornalistas da casa passaram a descrever como “nanocrônica urbana”. Trata-se da associação entre uma foto e uma legenda flagrantemente opinativa, fruto do trabalho coletivo de profissionais do diário, cuja intenção é mostrar de forma crítica diferentes aspectos do cotidiano local.
A chamada “Imagem do Dia” ocupa o espaço tradicionalmente destinado à charge, na página 2, produzida até 2016 pelo cartunista Dálcio Machado. No intervalo de tempo que separa a charge da nanocrônica, o jornal vinha publicando apenas uma foto naquele espaço. Com sua nova equipe de produção, o jornal acrescentou frases curtas à imagem, expressando um ponto de vista através do humor ou de uma crítica social, conforme explica o diretor de arte do Correio, Delfin, autor da ideia.
Para o jornalista e publicitário formado pela PUC-Campinas, além de aproximar o leitor da realidade local, o uso da nanocrônica urbana também pretende oferecer comentários pertinentes para a sociedade campineira. Ele ressalta que a chamada “Imagem do Dia” procura cumprir a função da charge no periódico, sem que o seja, pois charge é gênero único e de “extrema importância para o jornalismo”.
O espaço criado é fruto do trabalho em conjunto entre o editor de fotografia Ricardo Lima, o diretor de arte Delfin e os fotógrafos Kamá Ribeiro e Diogo Zacarias. Segundo Lima, que atua há 26 anos como repórter-fotográfico, os fotógrafos têm liberdade para produzir os registros e, após a escolha da imagem que será veiculada na edição, o diretor de arte é responsável por desenvolver a legenda.
Para o editor-chefe do Correio Popular, Manuel Alves Filho, esse trabalho em conjunto busca gerar mais pluralidade na concepção da “Imagem do Dia”. “Ao realizar essa atividade feita em equipe, é possível ter visões diferentes sobre os aspectos da cidade. A diversidade é imprescindível para fazer um bom jornalismo”, afirma.
Com 23 anos de profissão, o repórter-fotográfico Kamá Ribeiro diz que procura registrar momentos inusitados para o espaço destinado à nanocrônica. A cada saída para uma pauta fotográfica, ele se preocupa em rastrear os lugares por onde passa procurando emplacar uma “Imagem do Dia” para a edição seguinte. Segundo disse, uma das maneiras para conseguir isso é sempre ter um olhar atento aos acontecimentos e buscar novidades no cotidiano.
Para Kamá e Ricardo, o espaço aberto à produção coletiva também representa um momento de relaxamento para o leitor. Mas nem sempre é possível, pois a informação a ser transmitida varia de acordo com o momento e assim torna-se necessário fazer críticas e reflexões mais sérias, ressaltou.
Responsável pela composição da legenda opinativa, Delfin afirma que o repertório cultural e as referências dele em diversos âmbitos, como na música e literatura, o auxilia na criação da legenda. “Ao analisar a imagem, eu crio um comentário inspirado em um dito popular, em letras de músicas, livros, poesias, trocadilhos e fatos históricos”.
Delfin e Manuel dizem que a nanocrônica urbana vem ganhando espaço no jornal, apesar de ser um recurso recente. Segundo Delfin, o plano é trazer futuramente a charge de volta, sem abrir mão da produção que criaram. “Assim, vamos ter dois comentários pertinentes à sociedade local na página de opinião”, disse o diretor de arte do Correio.
A seguir, três nanocrônicas publicadas no Correio Popular:
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Oscar Nucci
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