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Retorno à aula presencial depende da situação epidemiológica, aponta especialista
Por Mattheus Lopes e Stela Pires
As aulas presenciais no estado de São Paulo não serão retomadas presencialmente, mesmo com a aplicação da vacina em profissionais da educação. A aplicação, que será apenas para professores acima de 47 anos, será a partir desta segunda-feira (12).
Segundo o médico infectologista e membro do Centro de Contingência do estado de São Paulo, Carlos Magno Fortaleza, apesar da priorização dos educadores no plano de vacinação, as vacinas não representam 100% de proteção e não equivalem a uma medida de proteção individual, assim, a reabertura das escolas depende da análise epidemiológica do momento. “O funcionamento de escolas deve ser condicionado à situação epidemiológica, à magnitude e aos riscos de cada momento da pandemia”, explica.
Segundo o infectologista, o fechamento de escolas traz um dano relevante, mas, diversos estudos apontam que, ao abrir escolas, ampliam-se os riscos de transmissão, que não está presente somente no ambiente escolar, mas também no seu entorno. “A transmissão ocorre no transporte coletivo e em todos os espaços que passam a ser coletivamente ocupados quando as escolas funcionam”, explica.
Na Etec de Americana, na qual o professor Wellington Aires da Cruz Pereira trabalha, os professores não puderam optar entre o ensino remoto ou presencial. “Aqueles que tinham atestado por ser grupo de risco, ou por serem idosos, ou por conviverem com pessoas do grupo de risco, precisavam entregá-lo para que não fossem para a escola. Os demais deveriam ir para a escola obrigatoriamente”, explica.
Apesar de não ter retornado às salas de aula por conviver com uma pessoa do grupo de risco, o professor de 40 anos ouviu relatos sobre as medidas de prevenção contra o novo coronavírus de seus colegas que estavam trabalhando presencialmente. “Obviamente não havia recurso suficiente para a higienização e sanitização para cumprir os protocolos”, relatou.
Decisão judicial
No dia 09 de março, a Justiça de São Paulo proibiu a convocação de profissionais de entidades de educação básica da rede pública e privada durante a fase laranja e vermelha do Plano São Paulo. No momento, a RMC (Região Metropolitana de Campinas) está na fase vermelha, que vai até 18 de abril.
Em nota, a presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), professora Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, disse acreditar que a decisão foi uma grande vitória para a categoria dos trabalhadores do setor educacional.
De acordo com a Apeoesp, 33 óbitos foram registrados e 2.190 pessoas já foram contaminadas pela Covid-19 em 994 escolas estaduais, desde que as aulas voltaram no Estado de São Paulo. “Só vamos voltar quando houver segurança para os professores, alunos e comunidade escolar. Por isso, estamos exigindo que a nossa categoria seja vacinada na primeira fase de imunização junto com os profissionais de saúde, idosos e indígenas”, acrescentou Bebel.
Rede particular
Maria Laura Mantoanelli, professora da rede privada de Campinas, conta que ela se sente segura por conta das medidas adotadas pela instituição na qual leciona, porém afirma que a priorização dos professores quanto o processo de vacinação contra a Covid-19 é necessária, já que tanto os alunos quanto os professores não convivem apenas no ambiente escolar. “No meu caso o maior problema é o deslocamento pois eu vou de ônibus para a escola. O que é um risco tanto para mim quanto para os alunos, pois no ônibus você encontra pessoas de outros lugares”, conta.
Segundo o SINPRO (Sindicato dos Professores de Campinas e região), que representa os professores das escolas particulares, o número de professores contaminados até 24 de março já ultrapassava 80 casos e dois óbitos. O sindicato conseguiu na justiça medidas como a testagem dos professores, utilização de máscaras especiais, não convocação de professores que coabitam com familiares com comorbidades e idosos.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Fernanda Almeida
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