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Psiquiatra adverte contra legalização da maconha no Brasil

No Café Filosófico, Marco Bessa disse que droga aumenta acidentes e surtos psicóticos     

Marco Bessa: “… provocará mais casos de transtornos psicóticos, esquizofrenia e dependência” (Imagem: Youtube)

 

Por Rodrigo Gertel Coutinho

Os prejuízos que o consumo de maconha impõe à saúde individual, como a possibilidade de surtos psicóticos em determinado perfil de usuário, e sua associação com o aumento de acidentes de trânsito, foram citados pelo psiquiatra Marco Bessa, professor da Universidade do Paraná, como fatores que justificam a não legalização do consumo da droga no país. Respondendo a uma pergunta de participante do evento remoto, ele disse que mesmo uma legislação prudente não evitaria os malefícios, pois no Brasil há leis que “não pegam” e, quando funcionam, não há fiscalização que dê conta de coibir os excessos.

Convidado ao Café Filosófico desta quinta-feira, 22, Bessa participou da série de programas “Transtornada Mente”, quando afirmou que é importante levar em consideração as experiências de legalização de drogas recreativas em outros países, como no Uruguai, Canadá e alguns estados dos EUA, que já regulamentaram o consumo.

“Vale a pena aprender com experiências de outros países”, apontou Bessa, afirmando que no Uruguai a liberalização da maconha teria feito aumentar o número de acidentes de automóveis, enquanto que nos EUA teria aumentado a procura pelo pronto atendimento médico em função de vômitos e enjoos nos estados que liberalizaram o consumo da cannabis.

Em sentido contrário, disse que a Nova Zelândia aprovou leis reafirmando a proibição do consumo de drogas no ano passado, com a promessa de banir por completo o consumo de tabaco até o ano 2025. Na Islândia – segundo afirmou Bessa – é terminantemente proibido o consumo de drogas como maconha e heroína em uma lista que já inclui o consumo público de álcool e tabaco.

“Na Islândia, os programas de saúde incluem atividades que ofereçam outros tipos de prazer no lugar das drogas, como reunir jovens para praticar esportes e atividades culturais, como leitura e dança. O programa deles inclui chamar os pais para participar do processo de educação dos filhos”, observou o psiquiatra.

Do ponto de vista da saúde mental, o especialista afirmou que a liberalização do consumo de maconha tende a estimular o uso em função da queda do preço, bem como levar ao cultivo de variedades com taxas mais elevadas de THC, o princípio ativo da droga. “Isso provocará mais casos de transtornos psicóticos, esquizofrenia e dependência”, prevê o psiquiatra.

De acordo como Bessa, há uma ambiguidade na utilização das drogas. Por um lado, têm o poder de levar à felicidade e ao prazer, mas no longo prazo a escolha se transformaria em uma armadilha para o usuário. Com a cannabis não seria diferente, segundo ele. “A maconha não é uma substância somente medicamentosa, ela pode acarretar problemas graves”, afirmou o profissional de saúde mental.

Para ele, são três os fatores principais, quando se pensa no uso e dependência de drogas: “o indivíduo, as drogas e o ambiente”. Um estilo de vida saudável é essencial para diminuir as chances de uso e dependência, afirmou Bessa, para quem a maneira com que cada droga atua no organismo também interfere em uma maior ou menor possibilidade de dependência, seja usada para sedação, estimulando ou causando transtornos psicodélicos.

“As drogas fizeram parte do nosso processo evolutivo e ainda fazem parte de nossas vidas”, afirmou o psiquiatra. Para ele, estas substâncias assumem papéis diferentes de acordo com cada cultura ou população. Com o passar dos anos, a percepção sobre o uso de drogas mudou drasticamente. Segundo Bessa, uma das grandes influenciadoras nessa mudança de postura foi a publicidade, desde os tempos de propagação do consumo de tabaco. “Quando a droga se transforma em mercadoria, aparece a publicidade”, ressaltou.

Somados aos estímulos publicitários, os jogos, a internet, o celular e o próprio consumismo – segundo o psiquiatra – também influenciam e estimulam a pressão para o uso de substâncias tóxicas, podendo causar transtornos graves. A dinâmica, segundo Bessa, reflete uma condição de compulsão e programação cognitiva.

Aqui, acesso à palestra completa do psiquiatra Marco Bessa.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Oscar Nucci

                                                                                                                         

 


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