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O aviso é de Mia Couto que chama a atenção para falas que fortalecem messias

Mia Couto: “Eu sou muito avesso a essa ideia de colocar a espécie humana como o criminoso” (imagem: Youtube)
Por Henrique Bragança Sponchiado
“O engrandecimento desta visão única do lado negativo dá forças àqueles que são os grandes salvadores e a gente sabe depois quem é que pega carona nesse discurso. Forças de extrema direita, populistas etc. estão à espera desse discurso para aparecerem como salvadores da humanidade”, afirmou em palestra organizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM), da Unicamp, nesta quarta-feira, 10, o biólogo e escritor moçambicano Mia Couto, membro da Academia Brasileira de Letras e vencedor do Prêmio Camões em 2013. Segundo ele – ao participar por videoconferência -, a ideia negativa de que a humanidade e a natureza estão prestes a acabar pode empoderar ´´salvadores“ e messias que parecem ser as únicas escolhas para a salvação das pessoas.
“Provavelmente a imaginação é o foco principal que nos leva a querer saber, a querer construir, e se fomos capazes de sobreviver como espécie foi porque fomos inventivos, capazes de imaginar’’, disse ao ser questionado como a imaginação pode atuar no processo de transformações sociais que defendem a vida.
Ao falar sobre as culturas moçambicanas e sua relação com a natureza, o escritor ressalta que é preciso se aproximar da ideia de que para lidar com questões ambientais é preciso ter um sincretismo com os assuntos sociais. Apenas ações técnicas e especializadas não são suficientes. “Para resolver os assuntos do meio ambiente, desequilíbrios ambientais de hoje é preciso mexer na economia e tomar medidas políticas”.
“Eu sou muito avesso a essa ideia de colocar a espécie humana como o criminoso porque não é a espécie humana. É preciso dar nome aos bois. ” Disse Mia ao ser questionado quanto a visão do Homem como um vírus no planeta. Para o escritor, as grandes industrias e a economia global – que segundo ele são predadoras – são as principais culpadas ao atuar junto da política para manter a destruição do meio ambiente causando, por consequência, dificuldades para a sobrevivência das populações mais pobres.
Respondendo a uma pergunta sobre a atuação de Moçambique frente a pandemia, ele disse que o país é um exemplo feliz de uma operação baseada na ciência e na vontade de resolver o assunto. Como membro da Comissão Cientifica do país, Mia Couto relata que desde o começo da pandemia, 650 mortes ocorreram devido ao COVID-19. “Normalmente quando se fala dos casos africanos, nunca se dá o valor para aquilo que é político. Se diz que há apenas fatores naturais”.
Aqui, link para a palestra de Mia Couto no Youtube
Orientação: Prof. Amanda Artioli
Edição: Patrícia Neves
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