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Viagens adiadas, aulas online e convivência com nova família são alguns deles
Por: Fernanda Almeida
Com o fechamento de fronteiras e a imposição de quarentena ao redor do mundo causada pela pandemia da Covid-19, alunos que já estavam no exterior tiveram que enfrentar uma nova realidade longe de casa, mas também os que estavam prestes a embarcar tiveram de adiar o seu sonho.
“Tínhamos muitos clientes para embarque neste ano, mas tivemos que fazer remarcações”, conta Fernando Donea, consultor de intercâmbio da agência TravelMate Indaiatuba. Segundo Donea, houve até então dois cancelamentos de viagens, devido à impossibilidade de os alunos irem para o exterior em outra data. Nessa situação, há prejuízo ao viajante: é cobrado 30% do valor total do intercâmbio. Em remarcações, não há multa.
Esse foi o caso da estudante de direito Letícia Fregonese, 20, de Limeira. Ela conta que planejava passar um mês em Vancouver, no Canadá, em julho deste ano, por conta das férias da faculdade, mas decidiu desistir devido à pandemia. “Foi desolador, porque tinha esse sonho de fazer intercâmbio faz muito tempo. Mas ao mesmo tempo é reconfortante saber que eu não sou a única pessoa a adiar um sonho.” O plano agora, conta Letícia, é poder realizar o intercâmbio em julho ou dezembro de 2021, caso haja vacina disponível.
Segundo Donea, o aumento da procura ocorreu entre os meses de junho e agosto em países que já estavam permitindo a entrada de estrangeiros, como o Reino Unido e a Irlanda. Além do vírus, ele aponta o aumento do valor do dólar durante a pandemia como um fator que fez as pessoas desistirem do intercâmbio. No entanto, ele acredita que a situação irá se normalizar a partir do ano que vem. “Algumas escolas com as quais trabalhamos perceberam essa questão da alta do câmbio e fizeram promoções, com matrículas para o ano que vem”, diz Donea.
O publicitário Lucas Silveira, 26, está há oito meses em Dublin, na Irlanda. Ele conta que teve somente uma semana de aulas presenciais. “Logo em seguida, foi anunciado o lockdown. E, sinceramente, eu nem sabia o que significava essa palavra.” Silveira também diz que teve que conseguir um emprego para poder se manter no país e que durante a pandemia não teve contato ou suporte da sua agência de intercâmbio. Ele ficará, ao todo, dois anos no país.
O maior impacto para ele foi a mudança para as aulas remotas e o cancelamento de algumas viagens: “Eu entendo que foi uma mudança necessária para a segurança de todos, mas não consigo ter a mesma disciplina estudando de casa.”
Uma das maiores dificuldades no início foi a convivência constante com pessoas que não conhecia: ele está hospedado na casa de uma família. A preocupação com os parentes, que moram em Campinas, também pesou: “Via reportagens na internet sobre esse novo vírus e ficava horrorizado, com medo de não saber quanto tempo isso ia durar e quando eu poderia voltar para o Brasil”.
A estudante Laura Scarano Soldera, 17, estava na reta final de seu intercâmbio quando a pandemia começou. Seguindo as recomendações do consulado brasileiro, ela acabou ficando um pouco mais do que o planejado, retornando apenas em outubro, e diz que ficou muito preocupada com a família, no Brasil.
De Paulínia, Laura foi para Missouri, nos Estados Unidos, cursar o “high school”, equivalente ao ensino médio, por um ano e conta que a pandemia a ajudou a se aproximar mais da família que a hospedou durante o intercâmbio. “Nós nos divertimos muito, e fizemos programas em casa mesmo. Até pintamos a parte interna da casa completa só porque não tínhamos nada para fazer.”
Apesar de todas as dificuldades impostas neste ano, Carla Gabriela do Nascimento, 27, de Salto, afirma que está conseguindo aproveitar seu intercâmbio em Nova York, Estados Unidos. A “au pair”, profissional intercambista que cuida de crianças em troca de pensão e bolsa de estudos, diz que, durante suas férias, agora em outubro, conseguiu conhecer vários lugares que estavam nos seus planos, como Califórnia, Arizona e Las Vegas.
Há dez meses no país, ela conta que a saudade da família e do país acarretou muitos dias de choro, mas nunca pensou em desistir. “Esse aprendizado vai ser bom para o meu futuro e crescimento pessoal”, afirma Carla, que vai ficar mais 14 meses nos EUA.
Orientação: Profa. Juliana Doretto
Edição: Sofia Pontes
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