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O trabalho de Gabriel Vieira integra mostra virtual dos formandos em Artes Visuais
Por: Beatriz Mota Furtado
Durante 12 meses, o estudante de artes visuais Gabriel Carlos Vieira, de 24 anos, se dedicou a criar um “outro eu” – como descreve – com o auxílio de seguidores que conquistou em redes sociais nas quais inscreveu seu alterego. Tingiu o cabelo, abandonou os óculos e caprichou na maquiagem para dar vida ao personagem que apresentou como trabalho de conclusão de curso (TCC).
A obra de Gabriel faz parte da exposição virtual de 22 trabalhos produzidos pelos concluintes da Faculdade de Artes Visuais da PUC-Campinas. Ali, estão presentes não apenas as obras, mas também algumas partes do processo criativo empreendido pelos estudantes.
Em seu trabalho intitulado “O artista personagem através da fotografia e performance”, Gabriel fez ilustrações utilizando aquarela líquida, lápis de desenho, caneta e giz, para criar a obra “Ghost”. A tentativa é representar a maneira como as pessoas vivem através das redes sociais e apontar como é totalmente possível construir uma imagem completamente falsa dentro desses espaços.
“As minhas obras representam de que maneira nós, enquanto sujeitos sociológicos, precisamos das pessoas que estão envolvidas nessas redes para legitimar a nossa identidade através de likes, por exemplo, o tempo todo”, criticou Gabriel.
A exposição das obras dos formandos em Artes Visuais está disponível desde o dia 5 de novembro e ocorre pela primeira vez em formato digital em decorrência das medidas de proteção contra a disseminação do novo coronavírus.
A orientadora do trabalho de Gabriel, professora Luísa Angélica Paraguai Donati, graduada em engenharia civil, doutora em artes e especialista na área de tecnologias digitais, disse ver a pandemia como um bom momento para repensar modelos antigos em todas as formas de expressão, e adotar novas propostas, muitas das quais vieram para ficar.
“O espaço digital foi uma superação para muitos alunos que precisaram repensar a disposição dos trabalhos para o formato virtual, o que proporcionou também uma expansão do alcance potencial junto a outros públicos”, comemorou a professora.
“A maior dificuldade que eu encontrei, durante todo o processo, foi como pensar numa exposição toda feita através de um site. Foi desafiador”, completou Gabriel.
Outra expositora da mostra, a estudante Bárbara Ferreira dos Reis, 23 anos, leva para a exposição o seu olhar atento à natureza. Trabalhando com cianotipia, técnica pouco conhecida em que se utiliza dois químicos fotossensíveis (citrato férrico amoniacal e ferricianeto de potássio), a estudante transpõe para sua apresentação a importância do processo artístico.
“A proposta das minhas obras é trazer a reflexão sobre o fato de que uma obra não é o próprio resultado acabado. É muito mais que isso. Nessa exposição, eu trouxe uma parte dos processos criativos. Na arte contemporânea, precisamos ir além do convencional, quebrar as regras”, apontou Bárbara.
Inspirada em criações artísticas de Carlos Cruz-Díez, Monet e Van Gogh, a estudante Isabela Pittorri, 22 anos, produziu uma instalação utilizando luz, cor e som, visando o que chama de poética da efemeridade. “A mensagem que eu quis passar com a obra é sobre corpos de cores, mas não só sobre corpo, também sobre a nossa efemeridade no mundo. Por termos um corpo, somos efêmeros”, disse Isabela.
“Eu, enquanto professora, tenho um reconhecimento enorme para com esses alunos, que superaram essa situação de distanciamento social de maneira tão criativa. Foi um exercício muito grande de sensibilidade, amadurecimento e responsabilidade para reconfigurar a própria perspectiva de trabalho”, comemorou a docente.
A mostra está associada às disciplinas “Trabalho de Curso em Bacharelado”, “Curadoria e produção de exposição artística”, “Projeto Experimental com ênfase em Design” e “Produção artística em Artes Visuais”. Participam do evento os concluintes do curso de bacharelado em Artes Visuais.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Letícia Franco Tomazi
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