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Em live, médico diz que a pobreza faz o brasileiro envelhecer antes da hora
Por: Fernanda Almeida
“O Covid não forjou as mazelas lições. A desigualdade já estava aí, escancarada. Mas, com ela, ficou impossível ignorar,” afirma o médico Alexandre Kalache, mestre em saúde pública e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, uma ONG voltada à formulação de políticas sobre a velhice. Em live realizada na tarde desta terça-feira, 29 para o lançamento do projeto Vitalità – Centro de Longevidade da PUC-Campinas, Kalache também diz que a pobreza, que a pandemia deixou mais evidente, é o que faz o envelhecimento do brasileiro ser precoce.
“Em tanta desigualdade, qual é a chance dessas pessoas chegarem bem à velhice, se chegarem?” questiona Kalache. O especialista aponta ser esse o motivo que faz o Brasil ser um dos países em que ocorre o maior número de mortes antes dos 60 anos.
Kalache também explica que a qualidade do envelhecimento está ligada a quatro pilares, que devem ser alvo de políticas públicas: saúde, conhecimento, direitos a participação da sociedade, e segurança e proteção. Para ele, este último é o mais importante: “O horror do envelhecimento é você chegar ao fim da vida sem estar protegido, como estamos vendo agora com a Covid,” explica. Por isso, ele aponta o SUS como um “salvador da pátria” neste momento de pandemia, apesar do desinvestimento público na área.
Sobre o conhecimento, Kalache aponta a importância do estudo sobre a velhice. “Só conhecendo sobre o envelhecimento que você vai gostar dele. Se não, você o rejeita”, afirma. Nesse sentido, ele acredita ser importante o investimento universitário num centro de pesquisas sobre o tema, como o que está sendo lançado pela PUC-Campinas, para que os alunos possam aprender mais sobre o envelhecimento e desenvolver o que chamou de solidariedade intergeracional. E faz um aviso: “O futuro dos jovens, que estão entrando agora na universidade, pode ser amargo. Vocês vão ter um envelhecimento não ativo, mas lamentável, e não é isso que lhes desejo.”
Por fim, ele aponta a importância da manutenção da capacidade funcional, ou seja, a habilidade de realizar atividades simples do dia a dia com independência e autonomia. É isso que ele chama de envelhecimento ativo, que é um processo, a ser desenvolvido ao longo dos anos, para garantir a saúde, um dos pilares para o envelhecimento com qualidade.
Projeto Vitalità
O Vitalità, projeto lançado pela PUC-Campinas, envolve o desenvolvimento de ações voltadas ao público acima de 60 anos, por meio de elaboração de estudos que auxiliem políticas públicas para o benefício da população sênior. O empreendedorismo sênior é outro eixo do projeto, com a incubação de microempresas e iniciativas de negócios do público acima de 60 anos.
Além disso, o projeto prevê a realização de cursos e oficinas, com o objetivo de promover a saúde e envolvimento ativo dos mais velhos. A partir do mês de outubro serão oferecidas ainda atividades remotas, que serão abertas ao público.
A live pode ser vista na íntegra através do canal do YouTube da PUC-Campinas
Orientação: Profa. Juliana Doretto
Editor: Sofia Pontes
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