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Jornalistas discutem a pressão sofrida na pandemia; psicóloga diz que casos de transtorno mental aumentaram
Por Isabela Matias
A especialista em saúde do trabalho Margarida Barreto, doutora psicologia social, afirma ter registrado um aumento nos casos de denúncias e queixas referentes ao assédio moral durante o trabalho remoto. “Eu nunca tive tantos casos de transtorno mental como estou tendo agora. Não imaginava que até no ambiente online haveria situações constrangedoras e humilhantes das quais fui informada.”, disse.
De acordo com a médica, que atende em sua maioria profissionais da comunicação, as mães jornalistas são as que mais estão apresentando queixas em relação ao medo do desemprego e à cobrança feita por parte dos gestores. “É algo que a gente não dá visibilidade, porque esse trabalho em casa fica invisível, a sobrecarga física e mental fica invisível”, descreve. Como exemplo, cita que uma mãe jornalista em home office não tem a jornada de trabalho de oito horas, avança. “Ela ainda se desdobra para cuidar dos filhos, realiza as tarefas domésticas e ainda tem 25%, ou mais, de redução no salário ao final do mês.”
Margarida Barreto também destacou as consequências dos assédios na vida e na saúde dos profissionais, que são levados ao isolamento progressivo e à solidão, com consequências que podem influenciar na autoestima, autoconfiança e na fragilização da identidade, sintomas que podem gerar estresse e depressão.
As falas e considerações da médica compuseram um debate promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, com a participação de Letycia Bond, jornalista na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). A repórter ressaltou a importância de não tratar as experiências desmoralizantes, vexatórias e constrangedoras durante o trabalho de maneira isolada. “Eu já sofri assédio sexual por parte de um colega de trabalho e já sofri assédio moral no trabalho várias vezes”, declarou.
O relato da jornalista enfatizou a caracterização do assédio moral como algo recorrente. “Muitas vezes me colocaram ‘na geladeira’, disse ao explicar que suas pautas eram congeladas e não a chamavam para determinados tipos de eventos que pudessem dar visibilidade para seu trabalho. “Fui tratada de uma forma autoritária, sem espaço para diálogo, com ameaças sutis, inclusive nesse período de pandemia”, frisou.
Entre os desafios diante do cenário, as participantes lembraram da criação de espaços de escuta e acolhimento às vítimas, como a iniciativa de um canal criado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, para combater e enfrentar os assédios que sofrem os jornalistas no exercício da profissão. As denúncias podem ser recebidas via WhatsApp ou telefonema pelo número (11) 99300-1382 ou pelo endereço de e-mail denuncieoassedio@sjsp.org.br.
Orientação Profa. Rose Bars
Edição: Bárbara Marques
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