Destaque
No Agosto Lilás, a psicanalista Alexandra Kwouwel diz como a terapia ajuda vítimas de violência
Por: Beatriz Borghini
A quinta edição da campanha “Agosto Lilás”, organizada pelos Ministérios Públicos estaduais, busca alertar a população sobre a importância do combate à violência contra a mulher e sua prevenção. Durante todo o mês, os MPs estão realizando diferentes ações, como palestras e publicações em redes sociais, que explicam o que é a violência doméstica e reforçam que as denúncias podem ser feitas por telefone (180), na Central de Atendimento à Mulher.
Com o início do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 em março, houve um salto de denúncias de violência no telefone 180: em abril, o aumento foi de 18% em relação aos primeiros meses do ano (janeiro e fevereiro) Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). E, desde 2017, com a sanção da lei que garante atendimento médico e psicológico às vítimas de violência doméstica pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o amparo dessas mulheres já é garantia na Constituição.
É um pouco complicado mapear exatamente um padrão. Cada mulher tem vivências distintas, e o apoio da família também afeta muito nesse momento pós denúncia. Mas um quadro similar em praticamente todas as vítimas é a oscilação de dois momentos. O primeiro é a fase de culpabilização, em que ela acredita que deveria ter feito mais pelo relacionamento, não ter irritado tanto seu agressor. Ela se confunde, lembrando as fases de carinho no relacionamento. Já na segunda vêm as memórias da agressão. Ela relembra os momentos de violência que possivelmente causarão nela um medo constante desse agressor [Veja infográfico à dir.].
Ainda sobre o que acontece depois da agressão, qual é o trabalho psicológico para que essa mulher volte a ter autoestima?
Para que a paciente se cure do trauma e tenha sua autoestima recuperada, primeiro a mulher precisa falar sobre o que ela sente, como ela compreende o que ocorreu, para que depois, no progresso da terapia, ela consiga elaborar aquele trauma. Como consequência disso, ela vai reconhecer e valorizar todo o potencial que ela tem para trabalhar ou retornar ao trabalho. A ideia é que ela se sinta confortável e sem medo se desejar ter outro relacionamento.
As taxas do transtorno do estresse pós-traumática, em mulheres vítimas de violência, pelo parceiro íntimo, variam entre 45% e 60%. A vítima desse trauma tem mais probabilidade de se envolver em um relacionamento abusivo de novo? Por que isso acontece?
Acredito que muito provavelmente a mulher faz a escolha amorosa pelo que ela compreende como amor. Essa relação costuma se mostrar na família: se o ambiente familiar em que ela cresceu foi de turbulência, isso se reflete na vida adulta. Eu acho que, se essa vítima não compreendeu que vivenciou essa relação abusiva, ela tem grandes chances de se envolver novamente nessa situação.
Que mensagem as mulheres precisam ouvir nesse momento?
A mensagem que eu gostaria que todas essas mulheres que passaram ou que estão passando por essa situação de violência ouvissem é: Não desistam de si mesmas. A esperança de se recompor é essencial nesse momento. Sempre existe alguém que vai amá-las e tratá-las com respeito, da maneira que todas as mulheres merecem ser tratadas.
Orientação: Profa. Juliana Doretto
Edição: Sofia Pontes
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino