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Em Campinas, no Anime Fest, o espanhol Enrique Arce falou da série que considera “antissistema”
Por Gabriela Luise Rebouças
O ator espanhol Enrique Arce, o “Arturito” da série “La Casa de Papel”, exibida no Netflix, disse em Campinas, onde participou do Anime Fest neste final de semana, que a produção vem se notabilizando como “antissistema”, o que teria influenciado vários movimentos sociais ao redor do mundo. Ele veio ao Brasil passar férias após as gravações da quarta temporada da série, tendo se apresentado no palco Fan Expo, no Colégio Liceu Salesiano.
O convidado tirou fotos com o público, escutou música brasileira em homenagem à série e citou as manifestações que incorporam os símbolos da produção. “As pessoas põem os casacos de La Casa de Papel como um símbolo disso. Depois, eles incorporaram imagens reais da série das pessoas que estavam fazendo as manifestações. O que era só uma série de ficção agora tem um contexto social, cultural e econômico”, afirmou.
“Para mim é um grande privilégio. Sempre muita gratidão. No princípio, as primeiras temporadas, quando não eram para a Netflix, não tinham esta premissa de ser uma série social antissistema”, comentou Arce.
Ele chegou a relatar que, em função do impacto social e político da produção, os atores de “La Casa de Papel” não podem sequer entrar na Turquia. “Depois do êxito e do sucesso, ficou um pouco mais claro ser uma série antissistema, em que as pessoas se conectaram muito. Sabe por que, eu gosto muito. Em muitas cidades, houve manifestações e greves contra o governo”, afirmou Arce.
Megacaf
Além de Enrique Arce como convidado internacional, o Megacaf contou com mais 12 atrações, de comediantes a cosplayers. As entrevistas eram mediadas por Bruno Silveira, também conhecido como Mogli.
Diretor geral da Avalon, produtor do Megacaf, Ricardo Zanettini, relatou que a escolha dos convidados acontece via redes sociais através dos comentários do público na página do evento. Com isso, a equipe de produção faz um levantamento para analisar a possibilidade de trazer os convidados por demanda.
“Tentamos buscar convidados que tenham alguma relação com a maioria do público do evento. A gente sempre pensa na nostalgia que isso pode causar em alguém. Como não é um evento da capital, evento de interior, temos um teto de orçamento menor para trabalhar com uma atração internacional”, disse Zanettini.
Além disso, falou sobre uma queda no crescimento do evento com relação aos anos anteriores. De acordo com o levantamento de dados da Avalon, o evento teve crescimento até o ano de 2018. Mas com o reflexo da crise, esses números vêm caindo, apesar de terem passado cerca de 5 mil pessoas pelo festival.
“Também fizemos um reajuste considerável nos valores dos outros ingressos para conseguir bancar os eventos. Acabou diminuindo um pouco o público, mas temos esperança de melhora e que a gente consiga voltar a crescer no futuro”, avaliou Zanettini.
Novo mercado
Apesar da queda no crescimento econômico do evento, alguns convidados abordaram sobre a lucratividade com a atividade cosplay. A modalidade, para Débora Alves, conhecida como Sakura Prongs, passou a ser sua única fonte de renda. A cosplayer conta que largou o emprego e os freelances quando percebeu que lucrava mais fazendo cosplay.
Para Marcelo Fernandes, que iniciou o cosplay como hobbie junto com sua esposa, a modalidade se tornou sua profissão, pois é produtor de eventos e recrutador de cosplayers. Também conhecido como Vingaard, o sócio e administrador da Cosplay Art já participou da produção de eventos como Brazilian Show, Comic Com Experience e Rock in Rio.
“Eu trabalhei com o Rock in Rio em 2017. E estou trabalhando novamente esse ano na edição de 2019, também levando cosplayers para lá. O público é enorme e completamente diferente dos eventos de cultura geek em geral. Um evento do porte do Rock in Rio é uma coisa que impressiona. É muito legal o cosplay ter essa abertura e esse reconhecimento enquanto atração”, disse Fernandes.
Por outro lado, Jéssica Campos, ou Pandy, leva o cosplay como hobbie. Ela conta que trabalha com um meio corporativo e que muitas vezes o hobbie não é visto como algo positivo. “No dia-a-dia, eu sou mais séria, porque eu trabalho em um ambiente extremamente corporativo. E lá essa imagem de cosplayer não é muito bem reconhecida. Então, eu até evito falar e me expor muito. Final de semana eu sou uma pessoa, e durante a semana eu sou outra”.
Jornalismo Geek
Assim como Sakura Prongs, Miriam Castro optou por trabalhar no meio geek. Mikannn, assim chamada em seu canal, era jornalista de mídias tradicionais e tinha um canal no YouTube. Com o sucesso de seu canal, a criadora de conteúdo largou o trabalho na redação de grandes veículos e se direcionou para o canal.
“Eu pensei em sair do jornal e continuar como freelancer para outros veículos. E trabalhar com o canal também sem ganhar dinheiro naquele momento ainda. O canal começou a crescer, começou a dar dinheiro. E teve um momento que ele começou a compensar o que eu ganhava como freelancer”, disse. Mikannn produz conteúdo de cultura pop em geral e fez sucesso com vídeos fazendo análises da série Game of Thrones.
Edição: Julia Vilela
Orientação: Prof. Carlos Alberto Zanotti
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