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Delegado Regional do Creci explica que as restrições da construção decorrentes do tombamento reduzem o número de interessados
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Por Eduardo Tolentino
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Ninguém quis comprar o Estádio Dr. Horácio Antônio da Costa, o Cerecamp, mais conhecido como Campo da Mogiana. O imóvel foi a leilão no dia 8 de outubro pela organização Sodré Santoro com lance inicial de R$ 28,6 milhões, mas terminou sem nenhum interessado e segue sem previsão de nova edição. Segundo José Carlos Sioto, Delegado Regional do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) em Campinas, as restrições impostas pelo tombamento criam o desinteresse do mercado.

“Um imóvel hoje, tombado, numa área onde pode ser feita a construção de um prédio, realmente desvaloriza. Ele tem a valorização no âmbito histórico, cultural, mas para fins comerciais acaba restringindo a construção. Vamos supor que numa área em que se poderia construir um prédio de 20 andares, por se tratar de um imóvel tombado, ele não consiga passar de seis”, explica Sioto.
“Então, um imóvel tombado, a depender da localização e situação, realmente desvaloriza em termos comerciais. Agora, em termos culturais, existem outros valores. Imagine o loteamento de uma fazenda onde tem uma sede centenária. Isso valoriza o loteamento, valoriza o empreendimento. Por isso, é importante fazer essas duas ponderações”, conclui o delegado.
A diretoria do estádio aguarda um novo agendamento de leilão. De propriedade do Governo do Estado de São Paulo, o estádio fica no bairro Jardim Guanabara, em Campinas, na Rua Engenheiro Cândido Gomide, próximo à antiga estação de trens Guanabara da Companhia Mogiana. Por isso, é conhecido como Campo da Mogiana.
“A Coordenadoria de Patrimônio do Estado (CPE), órgão vinculado à Secretaria de Gestão e Governo Digital (SGGD), informa que realizou leilão destinado à venda do imóvel referente ao Centro Esportivo e Recreativo de Campinas (Cerecamp), também conhecido como estádio da Mogiana. Considerando que não foram apresentadas propostas, novo leilão será agendado. Localizada em uma área de 26,5 mil m², a propriedade encontra-se ociosa e faz parte da relação de imóveis do Estado em processo de alienação onerosa”, informou a SGGD em nota ao Portal Digitais.
O local está interditado desde janeiro de 2023, e foi tombado em fevereiro de 2022. Desde 2011 não recebe partidas oficiais.
Por estar há mais de dez anos inativo e pela questão dos espaços tombados, os administradores indicam que as reformas exigiriam alto valor financeiro. Por isso, a alternativa foi buscar a iniciativa privada.
“Não é simplesmente chegar lá com um saco de cimento, algumas latas de tinta e reformar. Como ele tem vários espaços tombados, o grau de complexidade das obras aumenta. E esse orçamento não é tão simples de ser aprovado. Por isso, a solução foi buscar a iniciativa privada”, explica a diretora do estádio, Leonice Fávero.
O comprador, inclusive, terá de arcar com o compromisso de manter os espaços tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), que não podem desaparecer. No próprio documento de divulgação do leilão foi sinalizado que qualquer reforma deve ter autorização prévia do Condephaat.
Segundo Leonice, foram tombados: o campo de futebol, a arquibancada principal (em frente ao portão de entrada), a tribuna de imprensa e a antiga casa do administrador (edificação ao fundo).
A desvalorização do imóvel impacta toda a região. Confira no vídeo a seguir o que pensa a população sobre esse tema.
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Há quase 100 anos, rolava a bola nos trilhos…

O Esporte Clube Mogiana foi fundado em 7 de junho de 1933, por funcionários da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. As cores do time eram as mesmas da ferrovia: azul, vermelho, amarelo e branco. O estádio começou a ser construído logo após a fundação e recebeu o nome do patrono do clube, Dr. Horácio Antônio da Costa.
Com a chegada de uma crise, a ferrovia foi adquirida por outra empresa e o clube acabou encerrando as atividades. O ano de 1969 registrou os últimos jogos do Esporte Clube Mogiana no Horácio Antônio da Costa, até que vieram o desaparecimento e extinção, oficializados em 1971 com o leilão dos últimos pertences do saudoso Tricolor Ferroviário, o “Ferrinho”.
O estádio ainda foi casa do Esporte Clube Gazeta de Campinas e do Campinas Futebol Clube, nas décadas de 1980 e 90, respectivamente. Os últimos jogos oficiais foram entre 2009 e 2011, quando foi sede da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
O historiador do futebol campineiro Celso Franco de Oliveira Filho, autor do livro “Fora dos Trilhos: A História do EC Mogiana”, contou em detalhes alguns capítulos da história do clube no áudio a seguir.
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Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Luísa Viana
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