Destaque
Fernanda Pessoa falou sobre a criação de seu documentário feito com recortes da pornochanchada
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Texto e imagens: Giovana Gazzetta e Letícia Bordi
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“As imagens do passado modificam ao entrar em contato com o presente”, afirma a cineasta e artista visual brasileira, Fernanda Pessoa, que ministrou a palestra do segundo dia do Intercom Sudeste 2025. Sediado pela PUC-Campinas o maior encontro de pesquisadores, profissionais e estudantes da área da comunicação na região, tem como tema “(Re)pensar a Comunicação como conhecimento, formação e práticas profissionais”.
A palestrante trouxe como enfoque “Imagens e arquivos: Relações entre memória, audiovisual e (re)invenção. Ao trazer a ideia de que as imagens do passado modificam em contato com o presente, ela apresenta um estudo de caso, que pode ser relacionado em inúmeras situações do Brasil: é produzido sob a ótica da ditadura militar, mas indica traços da contemporaneidade pelos estigmas deixado a partir do passado histórico.
Entre suas obras, o longa “Histórias que nosso cinema (não) contava” foi lançado em 2017 e realizado com a técnica found footage – que se caracteriza pela reutilização de imagens gravadas previamente. A obra inteira foi desenvolvida com trechos de filmes de pornochanchada, em que as cenas foram posicionadas de modo que elas apresentavam um significado. Embora tenha utilizado o gênero, Fernanda entende que o filme não faz um elogio a esse estilo, mas busca destacar os ensinamentos que ele pode oferecer.
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Fernanda Pessoa explica a técnica do found footage – que reutilização de imagens gravadas previamente
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Fernanda uso a pornochanchada como um gênero que inicialmente era composto por comédias eróticas menos sensuais e com o tempo tornaram-se mais explícitas. Os filmes eram criticados como alienantes e de mau-gosto. Entretanto, foram um sucesso de bilheteria. A cineasta buscou encontrar nas produções, geralmente apresentadas por detalhes sutis, a crítica ao regime militar.
A ideia para construir “Histórias que o nosso cinema (não) contava” partiu de uma percepção durante seu mestrado, quando a professora Nicole Brenez explicava sobre o Remploi – que em português significa reutilização ou reemprego de imagens.Essa técnica, de modo geral, se utiliza de arquivos no cinema, ou seja, os filmes construídos a partir de gravações pré-existentes de outras produções. Dentro das especificidades da técnica está o found footage, escolhido pela palestrante.
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“A demora foi recompensada em 2017, quando recebi o prêmio Indie Lisboa e o prêmio de Melhor Filme pelo Júri da Crítica eMelhor Filme no Festival Pachamama Cinema de Fronteira”
Fernanda Pessoa
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O longa levou cinco anos para ser desenvolvido. Em 2012, a cineasta pesquisou os filmes do gênero e produziu um curta de 13 minutos para formalizar a ideia. Conseguiu acesso a cerca de 150 obras, entre as 300 que havia selecionado. Ela assistiu e fichou cada uma, identificando suas críticas centrais. Em 2014, buscou um montador para organizar os cortes selecionados. No ano seguinte, iniciou a busca pelos direitos autorais das pornochanchadas. Finalmente, no final de 2015, obteve apoio financeiro do Edital do Proac de Finalização, que permitiu concluir os pagamentos necessários.
Fernanda disse que fazer cinema no Brasil é uma forma de continuar lutando. “Com a luta das mulheres por espaço e reconhecimento no audiovisual, a paciência vira recompensa”. Para ela a presença de mulheres no cinema desde os anos 70 foi uma escalada de conquistas por espaços. Apesar disso reconhece que existe um longo caminho para percorrer quanto as mulheres no cinema. “Pensar em arquivo pensando no cinema de mulheres é essencial, porque se a gente não tem arquivo, se a gente não tem memória, a gente não consegue pensar no futuro”.
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