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Especialistas explicam que a rotina de treinamento pode ajudar portadores da condição genética a adotarem um estilo de vida saudável
Por Gabriela Lamas e Laura Saroa
O futsal, futebol de salão, tem se tornado uma modalidade esportiva com mais inclusão. Pessoas que possuem a Síndrome de Down passaram a integrar times que disputam a modalidade, e, com a popularidade e adesão de jogadores, até a própria Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI) criou a seleção brasileira. A cidade de Campinas-SP sedia dois times: o S21 Ponte Preta e o StarS21 Guarani FC.
Mas antes de conhecer os times da cidade, é importante entender mais sobre os portadores da condição genética. Cada célula humana possui 23 pares de cromossomos, totalizando 46 dos mesmos, no entanto, um erro de divisão celular no desenvolvimento do embrião resulta em uma cópia a mais do cromossomo 21. Neste caso, o embrião possui 47 cromossomos e tem a Trissomia do Cromossomo 21 – ou a Síndrome de Down. De acordo com o IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há cerca de 300 mil pessoas com Síndrome de Down no país, ou seja, uma em cada 700.

Luiz Marcelo Ribeiro da Luz é professor de Educação Física e trabalha com pessoas com deficiência em um projeto de esporte há mais de 30 anos. Segundo ele, quem tem a Síndrome de Down vê com outros olhos o mundo e por isso, na hora da interação com outras pessoas, acredita ser necessário um maior cuidado para que a mensagem seja transmitida e interpretada da forma correta.
“A gente tem que entender o quão sensíveis esses indivíduos são, sensível não no sentido de fragilidade, mas no sentido de sensibilidade. Eles têm uma forma de ver o mundo bastante própria, diferente de nós [que não possui a condição genética]. Às vezes pode ser que eles tenham alguma dificuldade de assimilação. Importante deixar claro que alguns têm uma dificuldade na fala e isso também pode ser um empecilho nesse contato social, ou seja, as pessoas têm que ter a paciência de tentar interpretar e ouvir o que eles estão manifestando”, explicou.
O treinador afirma ainda que é necessário ter cautela na hora de implementar uma rotina de treino, seja para o fortalecimento muscular, ou para a prática de esportes como basquete, futebol ou natação, por exemplo.

Em Campinas-SP existem dois times profissionais de futebol: o Guarani e a Ponte Preta, equipes rivais desde 1911, com estádios localizados a pouco mais de 600 metros de distância, e partidas intensas nos confrontos em qualquer campeonato em que competem. No entanto, as equipes de futsal down de Campinas-SP vieram com um propósito diferente do profissional: o de inclusão.
Maurício Carvalho é o coordenador e idealizador do projeto S21 Ponte Preta, além de pai de um dos atletas, Rafael Atkison Carvalho, de 28 anos. A ideia de criar o time de futsal down existe há pelo menos nove anos, mas só ganhou vida com treinos e dedicação a cinco anos atrás. Entenda mais sobre a história da formação do time de Futsal Down:
O time foi a primeira equipe de futsal down feminina e masculina da cidade de Campinas, além de a primeira equipe do Brasil com divisão de bases na modalidade. Ainda conta com atletas que jogam pela Seleção Brasileira de Futsal Down, como Rafael Gava e Renato Gregório, tricampeões mundiais. Renato foi eleito duas vezes como o melhor jogador do mundo. Além deles, o atleta Victor Yudji Ikeda de Proença também representa o Brasil na modalidade como goleiro.
Saindo do ginásio da Ponte Preta, no bairro Jardim das Palmeiras, e indo para o lado alviverde de Campinas-SP, os treinos do Stars21 do Guarani acontecem no ginásio que fica ao lado do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, onde acontecem os jogos da equipe de futebol profissional. Rodrigo Giunji é o coordenador do projeto, que iniciou-se em junho de 2023 e por onde já passaram mais de 50 pessoas.
“Começou pela união de esforços. Foi uma iniciativa do nosso vice-presidente (do Guarani), Erick Franco. Ele procurou na prefeitura um apoio e eu trabalho na prefeitura como coordenador de acessibilidade para pessoas com deficiência, na Secretaria de Desenvolvimento de Assistência Social. Quando ele me procurou, foi para que a gente formasse um time. Aí nós unimos esforços e convidamos as três instituições de Campinas, a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), a Fundação Síndrome de Down e o CESD (Centro Síndrome de Down) para a construção coletiva”, explica Rodrigo.

Rodrigo afirma que muitos atletas estão ali porque escolheram o esporte e o time. “Não adianta forçar a pessoa para ela estar em um lugar. Ela tem que vir porque ela se sente bem, e aqui a ideia é essa, ter um ambiente inclusivo atendendo a todos dentro da sua especificidade, fazendo com que eles queiram mesmo participar”. O coordenador ainda conclui sobre o entusiasmo dos encontros e treinos. “Quem vem pra cá nunca sai como entrou, sempre uma energia diferente que leva embora”, explica Giunji. Os participantes demonstram grande motivação em fazer parte dos projetos. Confira o que eles dizem neste vídeo:
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Mariana Dadamo
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