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Os benefícios da musicalização na educação infantil e infantojuvenil

Por Giovanna Pupo e Rafaela Senatore

Desde a infância, o contato com a música contribui para a construção de habilidades importantes, como a concentração, memorização e o raciocínio lógico. A música penetra diretamente em nossos centros nervosos e coordena mentalmente, de maneira rápida e imediata, a divisão do tempo e do espaço, além de inspirar o gosto pelas virtudes. É através do gosto musical que há o envolvimento pessoal e a noção de pertencimento a um grupo específico. 

Por sua vez, a musicalização desempenha um papel fundamental no desenvolvimento humano, indo além de uma simples apreciação da música. Ela favorece a expressão emocional, estimula a criatividade e promove a socialização, sendo uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento cognitivo e emocional, principalmente no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Enquanto, para adultos, a musicalização pode aliviar o estresse, fortalecer o bem-estar e facilitar a conexão com outras pessoas.

Maestro e educador musical, Moisés Cantos, de 61 anos (Foto: Charbel Chaves)

Segundo Moisés Rotth Cantos, maestro e educador musical, a música pode ajudar os jovens a expressarem os sentimentos e a lidar com as emoções. “Ouvir ou tocar música ajuda a entender, regular e expressar nossas emoções. Isso porque, três elementos que são encontrados na música (melodia, harmonia e ritmo) estão diretamente relacionados ao nosso corpo: melodia = emoções; harmonia = razão; ritmo = corpo. Por esse motivo, é que ao ouvirmos determinadas músicas: choramos, damos risada, sentimos medo ou até mesmo, brigamos”, explica.

Além disso, ele complementa dizendo que a musicalização contribui para o desenvolvimento da disciplina e do foco na vida do jovem porque requer deles, estrutura e rotina para a prática musical, desenvolvimento de metas e desafios, retorno imediato do aprendizado e evolução na prática musical: o que está funcionando ou não. Por exemplo, a necessidade de estar atento durante a execução musical, melhora a capacidade de focar (prestar atenção) nas atividades.

Estudos apontam que o aprendizado musical contribui para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades matemáticas, já que a música envolve ritmos e padrões que podem estar associados à lógica matemática. Também promove a criatividade pessoal, permitindo que tanto as crianças quanto os adolescentes explorem suas emoções e expressem de forma única. Ela também estimula a disciplina e a paciência, pois o aprendizado de um instrumento exige dedicação e persistência.

Aula gratuita de violino para crianças e adolescentes da cidade de Jarinu através do Projeto Caleidoscópio Sonoro, coordenado por Moisés Cantos. Os instrumentos são fornecidos aos alunos pela Orquestra (Foto: Reginaldo Menegazzo)

A música, como atividade em grupo, também ajuda a desenvolver habilidades sociais, como cooperação, respeito ao outro e trabalho em equipe. Além de melhorar a autoestima, desenvolver a coordenação motora fina e grossa, trazer habilidade cognitiva, memória e atenção, criatividade, trabalho em equipe e autodisciplina. Nas aulas de musicalização, os alunos aprendem a ouvir, a se comunicar e a colaborar com os colegas, criando um ambiente de inclusão e respeito às diferenças. Para os adolescentes, a musicalização pode ser uma forma de canalizar sentimentos, aumentando o autoconhecimento e oferecendo uma válvula de escape para as pressões diárias. 

Em Campinas, o Projeto Musical “Primeira Nota”, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de Campinas e pelo Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp é uma possibilidade de início na vida musical. Conheça mais detalhes do projeto, que antes alunos de 6 a 14, com aulas de  teoria musical e de práticas de canto e de instrumentos de orquestra nesse áudio da Diretora Leila Sarubbi.

De 6 a 14 anos, aulas de “Quando a gente fala de cognitivo, as partes que a gente vai trabalhar são as partes relacionadas à memória e atenção. Tem uma parte no cérebro que se chama hipocampo, que é a parte onde se concentra a memória, e próximo ao hipocampo tem a amígdala (que não é a amígdala da garganta e, sim, do cérebro). E essa amígdala é responsável pelas emoções. Então, ao mesmo tempo que está mexendo com o seu cognitivo, também está mexendo com as suas emoções. E essas emoções estão muito entre os nossos valores, conexões emocionais e influência”, explicou a psicóloga e neuropsicóloga, Lilian Vendrame. 

Moisés Cantos acrescenta que, para aumentar o estímulo da musicalização, é indispensável que os pais ajudem criando ou favorecendo a exposição dos filhos à música. Por exemplo, escolhendo um repertório eclético, mas equilibrado, que deva incluir música clássica, pop nacional e internacional, MPB, Bossa Nova, Choro, entre outros. Também devem ficar atentos às letras das músicas quando forem escolher música vocal. “Essa exposição à música deve ser iniciada já na gestação e prosseguir, especialmente, na primeira infância. É comum relatos de pessoas adultas que foram expostas à música, na gestação, e encontram em determinadas músicas (aquelas que ouviram no vente materno) momentos de acalanto ou de segurança”, completou o maestro, que ainda sugeriu uma lista de reprodução incluindo Handel, Bach, Mozart, Beethoven.

Como em todos os aspectos da vida, a tecnologia também mudou a forma como nos relacionamos com a música, proporcionando novas oportunidades e desafios para o desenvolvimento musical. Confira no vídeo como o maestro Moisés Cantos avalia esse contexto.

Orientação: Profa. Karla Ehrenberg

Edição: Mariana Dadamo


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