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Brechós e roupas de segunda mão impulsionam moda sustentável e fortalecem economia local na RMC
Por Brenër Pompêo
A moda sustentável ganha força na Região Metropolitana de Campinas (RMC), impulsionada por um aumento significativo na abertura de estabelecimentos que comercializam produtos usados. Segundo um levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal, houve um crescimento de 48,58% na abertura desses estabelecimentos entre os primeiros semestres de 2020 e 2021. Esse movimento fortalece a economia local e promove práticas de consumo mais conscientes.
Sofia Furtado, jornalista de moda e pós-graduanda em Fashion Business, destaca que os brechós são uma opção viável para novos empreendedores. “Um brechó pode ser formado tanto a partir de um garimpo pessoal quanto de uma rede de apoio”, explica. Essa flexibilidade permite que pessoas com menos recursos financeiros entrem no setor, evitando altos custos de produção industrial e incentivando o consumo consciente.
Felipe Souza, proprietário do brechó Desapego do Escurinho, ressalta os impactos econômicos e ambientais positivos da troca de roupas e da compra em brechós. “Ninguém imagina que brechó e troca de roupa são atitudes sustentáveis, socialmente responsáveis e que impactam financeiramente”, comenta. No entanto, ele acredita que a falta de informação é uma barreira significativa, pois muitos não enxergam as possibilidades de transformação das peças usadas.
A trajetória de Felipe no mundo dos brechós começou de maneira casual, após um amigo danificar um de seus tênis emprestados. Ele decidiu vender seus próprios calçados e encontrou uma nova oportunidade de negócios. Felipe critica os preços excessivos da indústria de calçados e busca oferecer opções de qualidade a preços justos, promovendo o consumo consciente. “Um tênis de mil reais, com um salário de 1.500 reais, não é normal”, afirma.
Syngred Sebinelli, empreendedora de moda sustentável, revela que seu interesse surgiu desde cedo, inspirado por sua avó e sua mãe. “Aprendi com minha avó a dar nova vida às peças, consertando o que ainda podia ser usado. Mais tarde, minha mãe, que estudava meio ambiente, me trouxe várias informações sobre sustentabilidade, e foi então que comecei a frequentar brechós e fazer upcycling”, comenta.
No entanto, Syngred enfrenta desafios na valorização do trabalho artesanal e do reaproveitamento. “O público ainda é muito nichado e não dá o devido valor ao material de reutilização nem à mão de obra artesanal”, reflete. Ela acredita que isso está relacionado ao domínio do fast fashion e à percepção superficial sobre a moda sustentável.
A Fundação Ellen MacArthur aponta que o fast fashion é responsável por 4% das emissões globais de gases de efeito estufa e pelo descarte anual de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis.
Em resposta a essa crise ambiental, a moda sustentável, além de reduzir a necessidade de novas matérias-primas e diminuir a pegada de carbono da indústria, pode trazer mudanças significativas no comportamento do consumidor.
Sebinelli acredita que esse movimento tem o poder de modificar o comportamento do consumidor, incentivando a troca, o reuso e a customização, em vez do modelo de “comprar, usar e descartar”.
Ela destaca a importância da moda sustentável não só no aspecto ambiental, mas também como ferramenta de inclusão social. “A moda circular pode gerar um impacto muito positivo nas comunidades periféricas, porque incentiva a criação de negócios locais, como brechós e feiras de troca”, comenta.
Orientação: Profa Karla Ehrenberg
Edição: Melyssa Kell
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