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Indústria da moda em meio a pautas de ESG

O impacto do fast fashion para o planeta e as exigências do ESG provocam iniciativas e movimentos independentes

Por Giovana Perianez

Com a preocupação crescente com o ecossistema global tendo cada vez mais enfoque, o impacto da indústria têxtil no meio ambiente não fica de fora. Dessa forma, a moda sustentável, a conscientização dos consumidores e as soluções inovadoras estão moldando o futuro do setor.

Brechós vêm se tornando cada vez mais uma opção para consumidores que buscam consciência ambiental e estilo próprio (Foto: Manoela Mattiazzo)

De acordo com um estudo apresentado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) e compartilhado em seu site em 2021, a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, contribuindo significativamente para o aumento dos gases de efeito estufa e para a pressão sobre os recursos hídricos.

Ainda segundo a UNCTAD, o setor consome anualmente 93 bilhões de metros cúbicos de água, posicionando-se como o maior consumidor desse recurso. Além disso, descarta cerca de 500 mil toneladas de microfibras nos oceanos a cada ano, o que equivale a aproximadamente 3 milhões de barris de petróleo.

Os três principais agentes de poluição da Indústria da Moda (Fonte: UNCTAD)

PAPEL DA ESG 

ESG é a sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança, pilares que norteiam a gestão responsável das empresas. Eles abrangem regras e protocolos que vão desde a preservação ambiental até a transparência e ética nos processos, influenciando positivamente a operação de diversos setores. As exigências da ESG estão cada vez mais presentes no contexto empresarial, alterando processos de produção e impactando a economia.

O aspecto ambiental foca em práticas que preservam o meio ambiente, como redução de emissões e gestão de resíduos. Na moda, isso inclui o uso eficiente de recursos naturais, controle do carbono emitido, economia de água e redução da poluição gerada na produção de roupas.

O pilar social aborda a relação das empresas com as pessoas, priorizando saúde, segurança, diversidade e apoio a projetos sociais. Na indústria da moda, isso reflete-se em condições de trabalho melhores, remuneração justa e maior transparência nas cadeias produtivas.

Por fim, a governança está ligada à gestão ética e transparente. No setor da moda, isso envolve o compromisso com valores morais, responsabilidade na divulgação de informações e construção de confiança entre consumidores e parceiros.

Dentro desse contexto surgem movimentos com a intenção de propagar essa tendência dentro do âmbito das indústrias nacionais. Um exemplo é o Movimento Sou de Algodão, que tem o objetivo de conectar os diferentes elos da cadeia produtiva têxtil e promover a valorização e o consumo do algodão nacional.

Atualmente esse movimento se tornou um centro criativo que busca conectar os produtores,varejistas, as confecções e os consumidores.Trazendo uma comunicação com um público cada vez mais atento à origem, qualidade e sustentabilidade dos produtos que escolhe.

Além disso, os pequenos empreendedores vêm desempenhando um papel crucial para a evolução da moda sustentável. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), em 2023, o Brasil possuía 118.778 brechós em pleno funcionamento.

Essa é a realidade de Manoela Xavier Mattiazzo, estudante de design de moda e dona de um brechó. Além do próprio negócio, ela faz parte de um coletivo que faz eventos esporádicos, em Piracicaba, que combinam o consumo da moda com apoio aos pequenos empreendedores e o estímulo à economia local.

Público escolhendo roupas garimpadas por Manoela em um dos encontros do Coletivo Interior Consciente (Foto: Manoela Mattiazzo)

Com o nome “Coletivo Interior Consciente”, a estudante de moda conta que o evento nasceu com a ideia de fazer uma feira de arte em Piracicaba, que trouxesse vários brechós e artistas locais. Depois disso, o projeto foi evoluindo, trazendo encontros temáticos, parcerias com bares e tatuadores, tudo com o intuito de apoiar os empreendedores locais.

“Nosso coletivo é 100% independente. Todo dinheiro da taxa de exposição vai pro próprio evento, já que temos gasto com DJ, decoração, sorteio, fotógrafo e tudo mais. Porque além de organizar, três de nós também temos brechós e focamos em vender durante o evento”, explica Manoela

Essas e outras organizações trazem uma perspectiva que a moda sustentável não está apenas nas grandes corporações, mas também nas mãos de pessoas comuns que contribuem para a economia circular. 

Paula Martin, fundadora do Slow Fashion Movement Brazil, comenta sobre a indústria da moda e a sustentabilidade neste áudio. Confira!

Orientação: Profa. Karla Ehrenberg

Edição: Bianca Freitas


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