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Geração Z transforma o consumo da moda online

Por Mariana Dadamo e Vitória Régia

Das calças baggy aos óculos estilo retrô, a moda das décadas passadas não só voltou como ganhou novos significados graças às redes sociais. Hoje, plataformas como TikTok, Instagram e Youtube funcionam como vitrines globais, conectando jovens a tendências que resgatam o passado, mas com um toque de modernidade. Essa transformação tem na Geração Z um papel central, um grupo que mistura nostalgia com autenticidade, impulsionado pela tecnologia, e que busca pela expressão individual junto com as preocupações climáticas.

Segundo dados de 2023 da Cone Communications, 30% da geração Z se preocupa com questões como o meio ambiente e mudanças climáticas na hora de consumir. Isso se reflete, inevitavelmente, na hora de adquirir roupas e dá uma nova luz sobre a tendência desses jovens de comprar cada vez mais em brechós, popularizando o termo slow fashion (modo de produção mais lento e que promove a sustentabilidade).

Helena Rybka, 22 anos, compra frequentemente em brechós desde a adolescência. Para ela, a maior vantagem é conseguir achar roupas bonitas, que até a internet recomenda, e que sejam baratas. “Acho que variedade de roupas com certeza é um benefício, às vezes encontro coisas que eu não imaginei que fosse gostar e no fim acho legal, então eu acabo podendo experimentar mais possibilidades”, conta.

Helena mostra algumas peças de roupas que comprou em brechós pela cidade e o porque de consumir esse tipo de moda.

A diretora da Faculdade de Design de Moda da PUC-Campinas, Rose Sathler afirma que os meios de comunicação atualmente – como o Instagram, TikTok e YouTube – são elementos que influenciam a adequação dos jovens à moda em seu estilo de vida. “Pessoas que não necessariamente são especialistas na área de moda fazem com que esses conteúdos tenham uma abrangência muito grande. As redes sociais absorveram muito essa mesma dinâmica da disseminação de tendências”, disse.

A diretora fala um pouco mais sobre a questão de reinventar a moda passada para os dias de hoje e sobre o teórico James Laver e a “teoria dos 20 anos”.

Isso se dá por ser uma época em que as mudanças e os desastres climáticos estão em evidência, sendo uma realidade cada vez mais comum para a geração atual. Por isso, se vê cada vez mais jovens preocupados sobre como consumir moda sem contribuir para a segunda indústria mais poluente do mundo, que é a têxtil, atrás somente da petrolífera.

Daniel Ribeiro com seu estilo do dia a dia na Puc Campinas. (Foto: Mariana Dadamo)

Essa prática que os jovens optam por brechós e roupas sustentáveis não é apenas uma questão de estilo, mas também de valores. Para Daniel Ribeiro, 24, estudante de jornalismo da PUC-Campinas, seu estilo diz muito sobre quem ele é e é isso que busca. “Eu prezo bastante pelo conforto e durabilidade que é um equilíbrio, quero que o ambiente em que eu esteja, seja apropriado para o tipo de estilo que eu visto”, afirma.

A moda de brechó muitas vezes também se mistura com as produções de slow fashion, como foi o caso da grife The Paradise, que produz roupas artesanalmente e usa tecidos de brechós do mundo todo para compor as coleções. Em 2023, a marca apresentou no São Paulo Fashion Week uma série de peças cujos tecidos foram achados em brechós e em lojas de antiguidades em várias partes do mundo. “Temos tecidos japoneses e africanos que formam peças únicas criadas dentro do nosso ateliê, além do trabalho extra de bordados e brilhos que a passarela pede”, explica Thomaz Azulay, um dos estilistas e dono da The Paradise.

Azulay conta que sua marca se pauta muito na tendência do vintage, já que ela é inspirada nas décadas de 60, 70 e 80 no Rio de Janeiro. “Conseguimos fazer uma estampa com a cara dos anos 80, mas com uma pegada digital, de uma forma que não poderia ser feita na época”, diz.

Peça da ‘The Paradise’ no SPFW 55 (Foto: Vitória Régia)

A Geração Z e seu papel na transformação da moda

A Geração Z cresceu em um mundo hiper conectado, onde identidade e moda são intrinsecamente ligadas à presença digital. Para esses jovens, criar um look não é apenas uma questão estética, é uma forma de expressão e, muitas vezes, uma declaração sobre quem são e o que defendem.

A estilista de moda Renata Tenca, reflete que as redes sociais fizeram com que os jovens não se apegassem mais somente a uma marca, estilo ou produto, a geração Z é mais consumista. “Talvez essa fidelização não seja uma coisa que faça parte do universo das pessoas mais jovens, é mais difícil ser fiel. Então hoje é uma roupa legal, mas amanhã já não faz mais sentido.”, afirma.

O Y2K, por exemplo, é um caso clássico. Para os jovens, ele carrega uma estética futurista e nostálgica, mas vem acompanhado de valores mais contemporâneos, como a inclusão e a personalização. A estilista ressalta que “a ressignificação não é apenas sobre estilo, mas sobre como essas peças dialogam com as realidades e aspirações de quem as usa hoje”, reflete.

Para a Geração Z, as redes sociais são mais do que plataformas de tendência, são ferramentas de expressão, personalização e, em alguns casos, transformação cultural. Porém, à medida que essas tendências vêm e vão, é essencial refletir sobre o impacto desse ritmo na indústria, no meio ambiente e na própria criatividade.

Orientação: Profa. Karla Ehrenberg

Edição: Mariana Dadamo


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