Destaque

Quando a mídia social complementa o jornalismo de moda

Influenciadores e a imprensa atuam em uma parceria para apresentar novidades e tendências do mundo fashion

Por Elisa Desiderá, Lara Gallo, Laura Godoy, Raquel Piveta e Vitória Sadakane

“[Jornalismo de moda é] provar para as pessoas que a moda não é fútil”, define Sofia Furtado Jornalista de Moda da revista Z Magazine (Foto: redes sociais)

A imprensa tradicional, caracterizada principalmente pelos jornais e revistas, foi essencial para a difusão do campo da moda na sociedade. Atualmente, devido às novas tecnologias, esses meios de comunicação se transformaram e as redes sociais tomaram espaço, desafiando o Jornalismo de Moda convencional. Dessa forma, os profissionais dessa área buscam a adaptação ao novo cenário de convergência tecnológica.

Sofia Furtado, de 22 anos, é Jornalista de Moda para a revista Z Magazine. Ela conta que as mídias digitais são essenciais para remodelar o jornalismo, aproximando o público dos assuntos da moda e, assim, democratizar o acesso a esse segmento, que antes era visto como elitizado. Além disso, a competição entre influenciadores e jornalistas foi um ponto bastante comentado por Sofia. Para ela as duas atividades se complementam, sem que haja uma rivalidade: “Tanto o jornalismo ensinou para os influenciadores essa necessidade de aprofundamento do conteúdo, quanto os influenciadores ensinaram para os jornalistas também essa necessidade de se reinventar para além do tradicional”, afirmou.

A cobertura de eventos de moda continua com a presença indispensável da imprensa tradicional, principalmente para as matérias em revista, já que o meio possui forte posição ao contemplar os fundamentos éticos do jornalismo, como a imparcialidade e compromisso com os fatos, conta Sofia.

Para a jornalista, o principal desafio do Jornalismo de moda é “provar para as pessoas que a moda não é fútil”. A visão limitada da área prejudica o mercado nacional de jornalismo e implica, principalmente, na transmissão do impacto social presente na Moda. Dessa forma, Sofia Furtado conclui que tanto o jornalismo tradicional de moda, quanto os novos formatos digitais de difusão, são segmentos complementares e indispensáveis para atender as demandas e aproximar o público.

Engajamento

Como resultado do crescente surgimento de influenciadores de moda nas plataformas digitais, a forma pela qual a moda é consumida vem sendo modificada, transformando o papel dos jornalistas da área que, anteriormente, eram as únicas referências desse setor, ou seja, os porta-vozes deste departamento e os mais relevantes guias do assunto. Os redatores estão inseridos em um cenário em que a divulgação de um produto é mais valiosa do que uma visão crítica e esclarecida sobre a indústria.

Desse modo, ao viabilizarem determinados estilos e marcas, os ‘digital influencers’ são responsáveis por alavancar o êxito de empresas e pequenos designers. Segundo Dayana Langaro, influenciadora que compartilha seu estilo de vida, dicas de beleza e tendências de moda no Instagram, a grande quantidade de anúncios e matérias pagas constitui um dos principais meios de sustento para os profissionais de seu ramo. Entretanto, ela ressalta que a gradual dependência em publicações patrocinadas pode levar à falta de conteúdos que ofereçam uma perspectiva imparcial e analítica, o que prejudica a credibilidade de ‘influencers’ perante seus seguidores.

Calças customizadas por estudantes de Design de Moda da PUC-Campinas, evidenciando o impacto social presente na moda (Foto: Raquel Piveta)

É neste contexto que os jornalistas de moda se destacam, por meio da busca pela verdade e suas profundas averiguações, proporcionando à sociedade uma avaliação criteriosa sobre as inovações e os produtos da ocasião. Isso contribui também para recondicionar a credibilidade na comunicação da moda, promovendo um relacionamento transparente entre as marcas, influenciadores e público, eventuais consumidores. “Nada substitui um profissional para falar sobre coisas sérias e informativas”, afirmou Langaro, enfatizando que influenciadores e jornalistas, juntos, podem criar um ambiente legítimo e íntegro na moda, a partir do compartilhamento de opiniões e de um conhecimento fundamentado, de acordo com os respectivos ofícios.

Mudanças nos eventos

A moda é capaz de transmitir diferentes pontos de vista através da costura, liberdade criativa e influência digital (Foto: Raquel Piveta)

Os meios de comunicação atuais mudaram a forma de cobrir eventos e novos lançamentos do mundo da moda, um exemplo disso são as ‘fashion weeks’. Anteriormente, a sua cobertura era feita restritamente por jornalistas, em grandes sites, jornais, revistas e programas de TV. Entretanto, com o desenvolvimento de novos meios de comunicação, como as redes sociais, a forma com que estes momentos são capturados e compartilhados foi ampliada.

Além disso, com as plataformas digitais, influenciadores têm liberdade para compartilhar sobre estes eventos e mostrar tudo o que acontece. O papel dos jornalistas, de apresentar as novas coleções para o público e de narrar os acontecimentos dos desfiles, agora pertence também aos criadores de conteúdo, que, por meio das redes sociais, transmitem informações acerca da moda aos telespectadores. A mídia transformou a forma com que a temática é exposta e vista pelo público, já que pode ser contada por diferentes pontos de vista, dito que cada influenciador tem uma forma e característica de se comunicar com sua comunidade.

A estilista paulistana Silvia Ulson, que possui sua marca intitulada com seu nome, fala sobre as mudanças no mundo da moda com a inserção das redes sociais e os influenciadores nas semanas de moda (como a São Paulo Fashion Week). “Nas redes sociais, a passarela de moda ganhou uma dimensão global. Agora, as tendências não se limitam mais a cidades fashion tradicionais, alcançando instantaneamente públicos ao redor do mundo. Os influenciadores de moda tornaram-se agentes de mudança, mas a dinâmica evoluiu. Não são apenas as celebridades da moda que ditam tendências; agora, indivíduos comuns, com estilos autênticos, têm o poder de influenciar milhões”, declarou.

“Pode-se dizer que as semanas de moda em geral, e também a SPFW, hoje são pensadas para as redes sociais”, afirma estilista Silvia Ulson (Foto: redes sociais)

Ainda, ao ser perguntada sobre como as mudanças nos novos tipos de cobertura podem ter mudado o planejamento de eventos como a São Paulo Fashion Week, Ulson destacou que “pode-se dizer que as semanas de moda em geral, e também a SPFW, hoje são pensadas para as redes sociais. Não foram criadas para isso, mas, assim como são vanguardas nas tendências do que vestir, são também na adoção de formatos contemporâneos de comunicação. Quem “vence” não é apenas a marca com a melhor coleção, mas também a que gera mais e melhor repercussão nas redes sociais.”

O mundo mudou conforme o advento das redes sociais, em todos os nichos imagináveis. E isso não seria diferente no meio da moda, visto que grandes eventos de lançamentos de novas coleções geram grande impacto na mídia, seja para aqueles que consomem, ou pelos que apenas usam como forma de entretenimento. Hoje, com a instantaneidade da propagação dos acontecimentos e as comunidades criadas por influenciadores, a moda não é mais a mesma de anos atrás. A forma de comunicá-la e interpretá-la é diferente, e isso é consequência do fato de que, com a facilidade de acesso e a quantidade de influenciadores, atualmente o mundo da moda se tornou mais acessível.

Tendo em vista as atualizações que o crescimento das plataformas digitais e das redes sociais, listadas nas linhas anteriores, trouxeram para o âmbito da moda e para a cobertura jornalística que o integra, se faz necessário que o jornalista se mantenha atualizado a respeito de tais revoluções. E, portanto, detenha uma capacidade de adaptação que permita que este profissional se mantenha relevante e necessário neste cenário em que influenciadores, muitas vezes sem formação específica, têm domínio do assunto e do público.

Edição: Mariana Neves

Orientação: Prof. Artur Araújo


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