Destaque
A tradição de florir túmulos de entes queridos que não estão mais entre nós ainda é presente nos dias de hoje
Por Catarina Werneck
No dia 2 de novembro é comemorado o dia de Finados, feriado católico no Brasil, que simboliza rezar pela alma dos falecidos. Devido a esta crença, a venda de flores na data cresce e floristas tendem a ter uma expectativa positiva sobre o comércio. Segundo estudo realizado pelo Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura – a expectativa é que o crescimento da venda de flores seja entre 6% e 7% neste período do ano.
Esta comemoração é antiga e tem raízes no catolicismo, que prega a existência de uma dimensão paralela à vida chamada purgatório, onde as almas dos recém mortos são julgadas e, por isso, necessitam de orações. Com a popularização do cristianismo no século 7, a Igreja Católica designou o dia 1° de novembro como Dia de todos os Santos e, em seguida, dia 2 de novembro como Dia de Finados.
Apesar dessa origem católica, acredita-se também que as práticas do Dia dos Finados começaram no festival de Samhein, comum na Europa Central, que marcava o fim do período de plantio e colheita no outono para se preparar para o inverno. Neste período, o povo celta acreditava que os mortos voltavam à terra e, por isso, os frutos desta colheita eram oferecidos para os finados em forma de acolhê-los.
Uma visão antiga e folclórica conta que as flores eram usadas para disfarçar os maus odores dos corpos em decomposição. Entretanto, atualmente, as flores são usadas para simbolizar a passagem da vida para a morte.
O contador de histórias do projeto O Que Te Assombra, Thiago Souza, conta sobre esta simbologia. “As flores têm vários significados. Por exemplo, em arte tumular a flor tem um significado de vitória, de supremacia ou de sobreposição da vida sobre a morte, então as flores têm esse significado, o viver e florescer. Como se a vida florescesse mesmo que diante do instante derradeiro da existência da vida humana. A pessoa continua existindo a partir de sua memória, de sua vida e seus afetos. Claro, cada flor tem um significado nesse contexto” conta o artista tumular.
A florista Elisete de Oliveira comenta sobre a venda de flores durante o período de Finados. “A flor que eu mais vendo nessa época de finados é com certeza o crisântemo. Na Ásia o crisântemo significa que a pessoa teve uma vida cheia e completa, e cada cor tem um significado diferente, por exemplo o branco que significa sinceridade. Mas ele também significa simplicidade, coisas que remetem a vida. No momento de luto o crisântemo significa a vitória da vida sobre a morte”, explica.
Joana Aparecido tem a tradição de visitar os túmulos de seus entes queridos falecidos todos os anos no feriado de Finados para limpá-los e os presentear com flores. “Todo ano junta eu e meus irmãos e nós vamos até o cemitério para limpar o túmulo dos meus pais e eu sempre vou ao túmulo da minha filha e deixo flores. Eu costumo deixar flores de verdade, mas às vezes a gente compra as de plástico porque assim elas duram mais”, conta.
A reza pelos mortos em outras culturas
Apesar do dia de Finados ser uma data comemorativa católica no Brasil, diferentes culturas de diferentes países e raízes também apresentam práticas semelhantes, algumas tão antigas como a escrita. O Dia de Los Muertos pode ser considerado o equivalente aos Finados no México. Comemorado também no dia 2 de novembro, o povo mexicano tem o costume de decorar os túmulos de seus entes passados com flores, velas e oferendas. O hábito se originou no período asteca e carrega grande significado para o povo. Thiago Souza também conta sobre esta prática. “O Dia de Los Muertos que que tem um aspecto um pouco diferente, ele começa dia 28 de outubro e termina depois de 3 de novembro. O fato é que esse é um período em que também se celebra a memória dos mortos, se reza e se lembra deles. Histórias mitológicas e religiosas têm como esse período aí no final de outubro, começo de novembro datar celebrações e especialmente homenagear os mortos, é muito dentro do espectro religioso do tema”, explica o especialista.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Mariana Dadamo
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