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A seca extrema na Amazônia e as enchentes do Rio Grande do Sul foram parte dos assuntos abordados por professores e pesquisadores durante os painéis
Por Laura Saroa
A Embrapa Territorial, em Campinas, sediou no mês de outubro a vigésima terceira edição do Congresso Brasileiro de Meteorologia (CBMET), que teve como tema “O Futuro do Tempo, do Clima e da Água por gerações”. O evento é organizado a cada dois anos pela Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET) e recebe pesquisadores, professores e alunos da área para discutir assuntos relacionados ao clima e ao meio ambiente.
Com um forte impacto na sociedade, o congresso deste ano lançou como tema principal as mudanças e os eventos extremos climáticos que vem acontecendo no mundo todo. Aqui no Brasil, alguns desses fenômenos se confirmaram nas ondas de calor com temperaturas acima da média histórica, nas enchentes do Rio Grande do Sul e na estiagem que se espalhou da Amazônia para o Sudeste.

Lucietta Martorano é doutora em Agrometeorologia e pesquisadora da Embrapa há mais de 20 anos. Ela enfatiza que o papel da meteorologia e das pesquisas são fundamentais para que a população possa compreender dia a dia o que realmente acontece com o clima. “A função da meteorologia é a previsão do tempo e do clima, mas nós precisamos ter a capacidade de mostrar para todos como está a ciência no mundo e como nós temos que melhorar no Brasil para não correr tanto risco de tantos desastres que estamos presenciando nos últimos anos. Muito mais que as pesquisas, o nosso papel é justamente esse”, aponta.
Lucietta explica também que as demandas atendidas pela Embrapa levam em conta as previsões feitas por satélites e os pedidos de pesquisas vindas de agricultores e produtores da região. Um desses casos aconteceu com o produtor de alface em Jabuticabal, Leandro Barbieri. De olho na melhoria da sua colheita, ele explica que acompanha as pesquisas e que ao identificar uma possível solução, a adere em sua produção. “Os impactos delas [as pesquisas] foram muito positivos e eu sempre tento me atualizar e aproveitar ao máximo as previsões que são publicadas”, concluiu.
Presente em um dos dias do congresso, o professor de Meteorologia da Faculdade de Ciências da Unesp, em Bauru, Luiz Felippe Gozzo, apresentou suas pesquisas sobre os padrões do clima em São Paulo. Para 2025, as previsões mostram que o estado deve passar por uma nova onda de seca extrema. Esse, segundo Luiz, é só um dos exemplos que evidenciam o cenário climático vivido pelo país.

“A gente pode observar esse padrão, por exemplo, no interior de São Paulo, na região central e também no oeste de São Paulo. Nesses lugares, vão ter cada vez mais períodos longos de seca, é o que indicam as mudanças climáticas. E dá para dizer que a ação humana e a ocupação territorial têm um peso indiscutível nesses fenômenos, é possível sim fazer esse paralelo”, explica.
O professor esclarece que apesar das mudanças climáticas serem um fato, algumas atitudes da população podem mitigar os efeitos que elas trazem à longo prazo, principalmente para as gerações futuras.
“Tem muita gente que diz que agora não adianta mais tomar certas atitudes, mas eu te digo, sempre adianta porque a gente tem que tentar mitigar o problema. Então, é fato, não vamos reverter o que já tá acontecendo, mas nós podemos deixar a situação menos drástica. Recolher o nosso lixo, economizar água e cuidar da preservação da natureza podem sim fazer a diferença no planeta”, recomenda.
Nos quatro dias de evento, o Congresso Brasileiro de Meteorologia recebeu cerca de 600 participantes e mais de 700 trabalhos científicos foram inscritos para serem expostos.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Mariana Dadamo
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