Destaque
Especialistas destacam a influência dos logradouros para a construção histórica e cultural de Campinas
Por Laura Saroa
As ruas de paralelepípedo em Campinas se misturam com a paisagem urbanística da cidade. Em locais conhecidos tradicionalmente pela sua história como a Vila Industrial, o Cambuí e o próprio Centro, o significado desses blocos de rocha vão além de uma ideia ultrapassada de via urbana.
A permanência dessas ruas gera polêmica entre aqueles que defendem sua importância e aqueles que acham que essas ruas podem ser substituídas em prol de mais segurança no trânsito ou por uma mera questão estética.
A especialista em restauração arquitetônica urbana e docente do programa de pós-graduação de arquitetura e urbanismo da PUC-Campinas, Ana Paula Farah, afirma que muitas das mudanças que vêm ocorrendo ao longo do último século em Campinas, têm a ver com o progresso urbanístico, cujo objetivo final seja capaz de atender às demandas contemporâneas. “A preservação está nessa mesma chave de leitura da transformação, só que ela tem que ter um controle dessas transformações porque a cidade não é estática, ela é a dinâmica. A gente precisa de progresso, de estar se atualizando, de transformações e de suprir as demandas contemporâneas, isso é fato”, afirmou.
Ana Paula ainda argumenta que as ruas de paralelepípedos ajudam a cidade em relação às questões climáticas e de sustentabilidade. Segundo ela “O paralelepípedo permite uma absorção da água da chuva já um pavimento urbano impede que haja uma troca entre o solo e a água que cai no chão, e como consequência, a gente vê cada vez mais episódios de enchentes, porque o asfalto não dá conta de absorver todo esse volume de precipitação.”
O Plano Diretor da Cidade prevê que ZEPCs, as Zonas Especiais de Preservação Cultural, fiquem responsáveis por preservar bens e espaços que dão suporte ao patrimônio imaterial. Assim, tudo aquilo que compreende o local tombado precisa ser preservado.
Juridicamente, pela Lei do Tombamento de 1936, o que danifica a ambiência do patrimônio é punível. Carlos Magno de Souza Paiva, professor do departamento de Direito da Federal de Ouro Preto, explica que hoje há um diálogo permanente sobre a real importância de preservar um patrimônio, como as ruas de paralelepípedo. Segundo ele, em um país onde falta tudo, esse tipo de olhar ainda é superficial pela sociedade. “O Brasil, muitas vezes, ignora os outros aspectos que precisam ser protegidos. Discutir patrimônio cultural no país tem que levar em consideração o fato de que onde falta tudo, muitas vezes, o patrimônio cultural não é prioridade na vida das pessoas. Para quem não tem saúde, não tem educação, não tem moradia, o patrimônio fica parecendo que é perfumaria, é artigo de luxo”, refletiu.
A Prefeitura de Campinas não possui um levantamento oficial do número de ruas de paralelepípedos na cidade. Apesar disso, nenhuma obra de asfaltamento pode ocorrer sem autorização do Condepacc, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Mariana Dadamo
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