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Especialista acredita que o aumento nos registros ocorre devido a falta de proteção nas instituiçõesPor Henrick Borba

O caso de um professor que foi morto a tiros em frente a uma escola, em Sumaré, no dia 21 de agosto é mais um para o preocupante aumento da estatística de violência nas escolas estaduais da Região Metropolitana de Campinas. Os dados obtidos via Lei de Acesso a Informação (LAI), mostram que o número de ocorrências registradas como violência dentro da escola cresceu 15,3% em 2023, em comparação ao ano anterior.
Considerando as duas diretorias de ensino de Campinas (Leste e Oeste), soma-se um total de 5.141 ocorrências em 2023, contra 4.467 em 2022. Embora não pareça expressivo, este aumento nas agressões se torna mais assustador quando é comparado a 2021, onde havia apenas 414 registros.
Os dados divulgados também mostram que outras cidades da Região Metropolitana de Campinas também tiveram aumento em ocorrências do gênero, como Americana, Sumaré e o destaque para Mogi Mirim, que saiu de 377 registros em 2022, para 577 registros em 2023, aumentando cerca de 53%.
Segundo Ângela Soligo, especialista em educação, o aumento da violência nas escolas é um reflexo do que está acontecendo na nossa sociedade. “O aumento da violência dentro das salas de aula acontece porque nós já estamos vivendo um aumento da violência na sociedade, que continuam sendo impunes, sejam elas racistas, machistas ou homofóbicas”, disse.

“A impunidade alimenta a sensação de que a violência é uma saída, ou que agredir é uma forma aceitável de agir. Além disso, as próprias escolas tratam dos casos somente quando eles acontecem, mas não há um trabalho constante e efetivo de uma construção de relações respeitosas e democráticas dentro da instituição”, completa a especialista.
Em 2024, alguns casos tiveram grande repercussão, como o do professor que foi morto a tiros em frente a uma escola, em Sumaré, em agosto. Outro caso que ganhou notoriedade foi de um aluno, de 16 anos, que foi esfaqueado na saída da aula em uma escola de Campinas, em maio deste ano.
De acordo com Fernanda Carolina de Araújo, mestre e doutora em Direito, a violência também pode acontecer por pessoas que não estejam dentro da escola e que nem façam parte da instituição. “Importante diferenciar que a violência pode acontecer dentro das escolas ou pode ser perpetrada por alguém de fora da instituição escolar. Neste caso, a criação de um ambiente acolhedor, inclusivo, em que os direitos de todos são respeitados é fundamental para que episódios de violência não aconteçam”, disse.

“Um exemplo disso é o bullying, que é um dos principais estopins para uma agressão. Por isso, é fundamental a intervenção desses casos, especialmente por meio de conversa e conscientização a respeito do bullying praticado, para evitar que o agressor repita os atos negativos e que isso possa gerar uma efetiva briga”, completa Fernanda.
Os casos de agressões e ameaças, grande parte das vezes, acontecem devido a discriminação e bullying. Os números registrados também tiveram um aumento considerável entre 2022 e 2023. Foram 157 casos registrados de discriminação e 294 casos registrados de bullying, em 2023, um aumento de 15,4% e 23%, comparado ao ano anterior, respectivamente.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo informa que todo e qualquer ato de discriminação e agressão é repudiado e são desenvolvidas atividades para prevenir e acabar com o conflito dentro das escolas. Além disso, os professores são capacitados para que possam trabalhar temas socioemocionais com os alunos.
Orientação: Profa Karla Ehrenberg
Edição: Melyssa Kell
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