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Artesanato é alternativa na redução de resíduos

Por Ana Ornelas

Colares, brincos, pulseiras e anéis. São essas as ecojoias (jóias produzidas a partir da reciclagem de materiais) que Carol Barreto cria em seu ateliê. Carioca, apaixonada pelo Brasil, a artesã utiliza de garrafas pet, alumínio e, principalmente, do polietileno de alta densidade (o PEAD, encontrado em garrafas de shampoo e amaciante), em seus produtos. A reciclagem praticada pela artista é uma iniciativa sustentável que promove o prolongamento da vida útil desses materiais, diminuindo, assim, o número de resíduos.  

Carol Barreto, criadora das ecojoiais produzidas a partir de PEAD (polietileno de alta  densidade). (Foto: Arquivo Pessoal)

Dessa forma, para Carol, o uso do PEAD acaba sendo muito benéfico tanto para suas joias quanto para o meio ambiente, já que “o material é pouco aceito na reciclagem, devido ao alto custo do seu processo reciclável. Por isso, acabei dando mais atenção e por ele ter muitas cores e não ser translúcido, foi o que mais funcionou para mim”, conta a artesã.  

Para Laís Almeida de Souza, professora da faculdade de Engenharia Ambiental e Sanitária da PUC-Campinas, ações como a da Carol são importantes não só pela reciclagem, mas pela cadeia econômica que gera. “Acaba sendo valorizado o consumo e as etapas de uma produção com matérias-primas de recursos já extraídos, sem necessidade de criar mais resíduos”, explica. 

A engenheira ainda reitera sobre a importância de desmistificar o pensamento ingênuo e comum de que as ações de apenas uma pessoa não podem fazer a diferença na cadeia ambiental. As pequenas ações individuais devem ser valorizadas, como buscar diminuir o consumo de produtos embalados e praticar a coleta seletiva, por exemplo. 

Nesse sentido, foi assim que Matheus Roson, estudante da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, começou a montar miniaturas de máquinas agrícolas como hobby. Suas peças são elaboradas com resíduos encontrados dentro da sua casa, como papelão, cano de PVC, arame de aço e madeira, por exemplo. “Tento usar o que tenho em casa e que possa ser viável no que estou desenvolvendo. Depois, faço o acabamento, quando eu passo uma massa plástica e preparo a peça para a pintura e, em seguida, pinto com uma tinta spray”, conta. 

Colar feito de PEAD pela artesã Carol Barreto. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além do reaproveitamento positivo causado por Carol Barreto e Matheus Roson, o estímulo de atividades manuais traz vantagens para a saúde mental. Em um estudo realizado pela American Academy of Neurology, concluiu-se que o artesanato pode reduzir falhas na memória. Os pesquisadores avaliaram que as pessoas praticantes de atividades artísticas têm 73% menos propensão a desenvolver algum problema ao envelhecer.  

Além disso, o debate sobre a reciclagem não deixa de ser atual quando analisado o dado divulgado pelo Jornal Nacional em 2023. No Brasil, apenas 4% dos resíduos são reaproveitados, enquanto os 96% restantes são levados para aterros ou ficam em lixões a céu aberto. Dessa forma, através do artesanato reciclável, é possível contribuir para vida longa  desses materiais.  

Orientação: Profa. Karla Ehrenberg

Edição: Mariana Dadamo


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