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Cemitérios verticais são alternativa ecológica 

Modelo vem se popularizando no país e, na região, Vinhedo está investindo na ideia 

Por: Victoria Bezerra 

O novo cemitério é composto de dois andares, será revestido em granito e terá 980 gavetas mortuárias.

Vinhedo iniciou, em janeiro de 2023, a construção do segundo cemitério municipal da cidade. A novidade é que a estrutura será vertical e terá um sistema ecologicamente sustentável. Devido a superlotação do Cemitério Municipal, em que restam em torno de 47 carneiras disponíveis, a Prefeitura se deparou com a alternativa de construir gavetas verticais em uma nova área do mesmo terreno. A edificação terá dois andares e será composta de 980 gavetas mortuárias e atende todas as exigências da Resolução Conama nº 335/2003. 

Cenário atual da área antiga e quase superlotada do Cemitério Municipal de Vinhedo 

Diferente dos cemitérios tradicionais, os cemitérios verticais vem se apresentando como a estrutura do futuro. Além disso, eliminam o risco de contaminação dos lençóis freáticos. A Ásia e Europa tendem a apresentar uma maior verticalização de sepultamentos por questões culturais e populacionais. De acordo com o Jornal da USP, existem cerca de 10 cemitérios propriamente verticais no Brasil, sendo o Memorial Necrópole Ecumênica em Santos um dos maiores. 

A primeira cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) a inaugurar um cemitério vertical biosseguro foi Artur Nogueira, em 2022. Em Campinas, dos três cemitérios em funcionamento da cidade, o Cemitério dos Amarais é o único que oferece covas verticais. 

Depois de acompanhar sepultamentos de perto, Ricardo Mascarenhas, percebe um conforto maior nos cemitérios verticais 

Ricardo Mascarenhas, diretor técnico da Paraopeba Engenharia, de Minas Gerais, é um dos responsáveis pelo projeto do cemitério de Vinhedo. A empresa, que está em atividade desde 2016, realiza em torno de 250 a 300 sepulturas por dia. Ele explica que “a totalidade dos cemitérios brasileiros estão exauridos, não tem espaço. Especialmente em centros urbanos. Municípios menores também procuram por soluções nesse novo tipo de estrutura.” 

Além das dificuldades técnicas e práticas, como licenciamento ambiental e custo de terreno quando se trata de cemitérios tradicionais, existe ainda o problema de deslocação para realizar sepultamento. A verticalização chega como uma solução que vem para revigorar os cemitérios, sendo um ambiente mais limpo. “O número de trabalhadores envolvidos também é menor, o processo de tratamento de gases é mais eficiente,” conta Ricardo sobre os cemitérios parque, por exemplo, que acabam ficando entregues à própria sorte em relação a manutenção. 

“Uma obra como aquela, toda revestida em granito, tem manutenção baixa, mesmo com o investimento sendo um pouco maior, mas compensa.” 

Inativador de Gases

Valdir Ferrão, engenheiro mecânico do Cemitério Ecológico, é responsável pelo inativador de gases utilizado pelo cemitério de Vinhedo. Ele conta que a empresa trabalha atualmente com mais de 50 cemitérios no Brasil que utilizam dessa tecnologia e que a demanda vem crescendo. 

O inativador de gases é o dispositivo que permite a criação de um ambiente dentro da gaveta (lóculo) natural. Nele, um tubo permite a entrada de ar natural e realiza a sucção, que trata os gases formados pela evaporação do necrochorume, como metano, amônia, CO2 e também têm gás sulfídrico. A partir disso, são levados para uma torre de retrolavagem e após esse tratamento, são transformados em gases inofensivos, como sulfeto de sódio. 

O futuro da verticalização

Para João Verde, a verticalização é o futuro de todas as estruturas.

A verticalização do sepultamento e enterros parece ser iminente. De acordo com João Verde, arquiteto urbanista, esse é o futuro da arquitetura de cemitérios decorrente não somente da superlotação de cemitérios, mas pela elaboração desse tipo de construção vertical valer mais a pena para municípios menores, onde o terreno é escasso e pode ser mais caro. 

A cremação também é uma alternativa relevante de ser mencionada, porém como apontado por João, esse método não é tão popular no país ainda. Mesmo que não ocupe território, a produção de gases que são expelidos para a atmosfera decorrentes desse processo ainda não são a melhor alternativa sustentável. 

A pandemia da covid-19 abriu os olhos do mundo para o processo de sepultamento. O que antes era ignorado se tornou pauta indispensável. Os processos começaram a ser mais entendidos. “É uma realidade sem volta,” comenta Ricardo. 

Além da manutenção dos corpos e do espaço ser mais eficiente no modelo vertical, ele também nota diferença nas reações emocionais. As pessoas não gostam de ver o lançamento de terra sob a urna durante o sepultamento, processo que é eliminado no cemitério vertical. “O conforto das famílias é melhor nesse sistema”. 


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