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Capítulos abordaram voto consciente, inteligência artificial, pesquisas e lei eleitoral
Por Mariana Neves
Duas classes de alunos do curso de Jornalismo em rádio e em plataformas de áudio se reuniram para fazer um podcast totalmente dedicado às eleições deste ano. No pleito de 2024, serão escolhidos novos prefeitos e vereadores em todo o país. Denominado Urnacast, a iniciativa contou com quatro episódios e teve como objetivo discutir temas centrais relacionados ao processo eleitoral e à democracia.
Em cada episódio, um especialista foi entrevistado. O cientista político Wagner Romão abordou o tema do voto consciente; Eduardo Sona discutiu inteligência artificial; o professor Marcos Gonzalez debateu pesquisas eleitorais e o advogado Pedro Maciel Neto discutiu a legislação eleitoral. Cada episódio foi conduzido por diferentes apresentadores, proporcionando uma ampla gama de perspectivas e conhecimentos sobre os temas discutidos.
Os alunos envolvidos foram Ana Elisa Desiderá, Camilly Zangrande Simões, Dan Whitaker, Felipe Tonelo Martins, Guilherme Oliveira Silva, Helena Cyrino da Rocha, Lara Morelato Gallo, Lara Nave, Luana da Fonte Conceição, Lucas Barthmann Jordão Antoniassi Maccarone, Maria Clara Bigotti Bastos, Mariana Camparotto Silva, Martin Petrait Forte, Natan Teixeira Preisler Brescancini, Nicole Sousa Heinrich, Otávio de Souza Battoni, Rafaela Vernaglia Sousa, Raquel Piveta Antunes Silva, Rubén Sangion Antonelli, Sofia Sigrist Busato e Vitória Kaory Siqueira Sadakane. A orientação foi do professor Artur Araujo.
Episódio 1: Voto Consciente
O primeiro episódio do Urnacast teve a apresentação de Nicole Heinrich e Raquel Piveta. O tema foi o voto consciente, e o entrevistado foi o professor da Unicamp Wagner Romão, especialista em Ciência Política.
O cientista político abordou a importância dos cargos legislativos. Ele destacou que, embora muitas vezes subestimados, os cargos legislativos são cruciais para a democracia, sendo responsáveis pela criação das leis e pela aprovação do orçamento. Romão enfatizou que, enquanto o Executivo é mais visível e, frequentemente, considerado o “astro” da política, o Legislativo desempenha um papel fundamental como o grande ordenador das leis.
Episódio 2: Inteligência Artificial
O segundo episódio do Urnacast teve como apresentadores Helena Rocha e Martin Forte. Eles entrevistaram o jornalista, radialista e especialista Eduardo Sona para discutir sobre fake news e inteligência artificial. Ele explicou como os sistemas de IA contribuíram para a disseminação de fake news durante os processos eleitorais e as medidas que poderiam ser adotadas para mitigar esse risco.
O especialista destacou que fake news nada mais eram do que mentiras antigas com uma nova roupagem. Ele e os dois apresentadores mencionaram um caso nos Estados Unidos, quando a voz do presidente Biden foi replicada em ligações para eleitores, pedindo supostamente que não votassem nas primárias. Eduardo ressaltou que a inteligência artificial estava sendo usada como desculpa e atacada injustamente em alguns momentos. No caso específico das eleições, a preocupação era maior com deep fakes, que envolviam a manipulação de imagens e vídeos, como aconteceu com o ex-presidente Obama. Sona afirmou que, apesar dos riscos, a mentira sempre existiu com ou sem inteligência artificial.
Episódio 3: Pesquisas Eleitorais
O terceiro episódio do Urnacast teve a apresentação de Lara Gallo e Maria Clara Bigotti, que entrevistaram o professor Marcos Gonzalez, da PUC-Campinas, para discutir as nuances das pesquisas eleitorais e seu impacto no comportamento dos eleitores. Ele explicou que, para falar de pesquisa eleitoral, era necessário entender o conceito de opinião pública, um movimento latente, sensível e temporal. Citou uma frase de Abraham Lincoln para ilustrar a importância da opinião pública: “Com a opinião pública, nada pode falhar; sem ela, nada pode dar certo.”
Gonzalez detalhou as duas grandes frentes das pesquisas eleitorais: qualitativas e quantitativas. As qualitativas buscam entender percepções difíceis de explicar, enquanto as quantitativas focam em números e porcentagens, ouvindo uma parcela representativa da população para projetar resultados. Ele destacou que a metodologia quantitativa seguia procedimentos científicos rigorosos, comparando-a aos protocolos médicos que garantem a precisão dos exames.
A discussão avançou para a influência das pesquisas no comportamento do eleitorado. Gonzalez afirmou que as pesquisas refletiam a opinião pública momentânea e que sua divulgação pela mídia poderia moldar as decisões dos eleitores. Ele mencionou que, dependendo de como a pesquisa era tratada e divulgada, ela poderia influenciar não só os eleitores, mas também os partidos políticos, orientando estratégias e decisões de campanha.
Episódio 4: Justiça Eleitoral
O quarto e último episódio do Urnacast abordou o tema da Justiça Eleitoral. Os entrevistadores Otávio Battoni e Mariana Camparotto discutiram o tema com o advogado Pedro Maciel Neto, especialista em Direito Eleitoral.
Otávio abriu a discussão perguntando sobre os direitos e deveres dos eleitores durante o período eleitoral. Maciel explicou que os eleitores tinham o direito de serem informados sobre os candidatos, suas propostas e históricos, e que era essencial que as disputas eleitorais fossem justas e equilibradas. Ele destacou a importância do direito ao voto, mencionando que, durante o período eleitoral, nenhum eleitor podia ser preso, salvo em flagrante delito, o que demonstrava a importância do exercício da cidadania.
Mariana perguntou sobre a fiscalização das eleições pelo juiz eleitoral. Maciel explicou que a Justiça Eleitoral no Brasil era composta por juízes e promotores estaduais e federais que atuavam especificamente durante o período eleitoral. A fiscalização é realizada por funcionários da Justiça Estadual, promotores e partidos políticos. Ele ressaltou que as urnas eletrônicas são auditadas e o código-fonte do software é aberto para verificação um ano antes das eleições, garantindo a transparência do processo.
Otávio trouxe à tona a questão das fake news e seu impacto nas eleições. O advogado enfatizou que as fake news eram um desafio significativo, pois geralmente partiam de um fragmento de verdade e eram amplificadas por algoritmos que atingiam pessoas suscetíveis a essas informações. Ele lamentou a ausência de leis eficazes para combater a disseminação em massa de fake news, o que pode comprometer a integridade das eleições. Maciel destacou a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa para mitigar esse problema.
Temas cruciais
“O Urnacast proporcionou uma plataforma valiosa para discussões aprofundadas sobre temas cruciais relacionados ao processo eleitoral e à democracia. Cada episódio trouxe à tona a importância do voto consciente, os desafios e benefícios da inteligência artificial, a influência das pesquisas eleitorais e o papel fundamental da Justiça Eleitoral”, destacou o professor Artur Araujo.
O orientador do podcast destacou a alta qualidade dos especialistas entrevistados e que os alunos conseguiram com suas fontes uma abordagem didática. “O podcast não apenas informou, mas também incentivou os ouvintes a refletirem sobre seu papel na construção de uma sociedade mais justa e democrática”, concluiu Araujo.
Orientação: Prof. Artur Araújo
Edição: Mariana Neves
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