Ciência
Parceria viabiliza estudos de novas aplicações da substância, apesar de restrições legais
Por: Ana Ornelas e Vitória Régia

As faculdades de Ciências Farmacêuticas (FCF) e de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp estão desenvolvendo pesquisas em torno das capacidades medicinais do canabidiol, substância conhecida cientificamente pela sigla CBD.
O canabidiol é um dos muitos compostos químicos encontrados na Cannabis sativa, a maconha. É um dos principais componentes da planta, juntamente com o tetrahidrocanabinol (THC), mas diferentemente do THC, o CBD não possui propriedades psicoativas. O canabidiol tem sido usado principalmente no tratamento de epilepsia; no alívio de dores e inflamações; no tratamento de ansiedade e transtornos de humor; no tratamento de distúrbios do sono; no tratamento de problemas de pele, como acne, eczema e psoríase, e na saúde da mulher, como na cólica menstrual e nos sintomas da menopausa.
De acordo com a pesquisadora e professora Priscila Mazzola, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, os novos produtos estão sendo pensados para uso tópico, ou seja, para aplicação diretamente sobre a pele ou mucosas, como pomadas, por exemplo. Há também estudos para uso transdérmico, quando o medicamento é aplicado na pele para alcançar a circulação sanguínea, como adesivos. O que se pretende ao final é “fazer um projeto inteiro, cobrir diversas frentes diferentes do estudo com a Cannabis”, acrescentou Mazzola.

Além disso, há outros estudos que buscam medicamentos orais sem o uso do óleo, que é a forma mais comum atualmente das aplicações do CBD. “Cada um de meus alunos está envolvido em algum desses projetos. Ainda estão todos em fases iniciais e prometem um longo caminho pela frente, já que a formação de medicamentos farmacêuticos é demorada”, afirmou Mazzola. Uma das pesquisas que a professora está desenvolvendo é no tratamento da doença de Alzheimer, que é um tipo de demência caracterizada por um declínio progressivo dos domínios cognitivos, como memória, comportamento, linguagem, entre outros. Estudos recentes sugerem que o CBD pode levar à melhora do quadro da doença.
Restrições legais
O pesquisador Vitor Gonçalves, doutorando pela Feagri, ainda não iniciou suas pesquisas por haver um entrave legal: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não permite plantação da maconha dentro da universidade. Atualmente, o óleo de cannabis só pode ser adquirido de quatro formas legais: importação, auto cultivo, venda em drogarias e por meio de associações já autorizadas.
Por isso, uma parceria com a Associação Brasileira de Estudos Canábicos (ABEC) está se mostrando um caminho para a viabilização da pesquisa na Feagri. “A expectativa inicial é com a ABEC. Como essa associação tem o habeas corpus tanto para produzir como para mandar a planta para instituições de pesquisa, a gente espera começar esse trabalho. Nós vamos nos deslocar até lá e toda a parte experimental vai ser conduzida nas instalações deles”, acrescentou.
Orientação; Prof. Artur Araújo
Edição: Mariana Neves
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