Ciência

O francês que ajudou a fortalecer a literatura nacional 

Pesquisadora desvenda o papel da editora Garnier em estimular o mercado cultural brasileiro 

Por Giovanna Laranjo 

Dez anos de pesquisas, dois países e a imersão em diversos arquivos nacionais, foi o que levou a professora de literatura da Unicamp, Lúcia Granja, a desenvolver uma série de pesquisas sobre a história pouco contada da literatura brasileira. Uma dessas é “A Circulação dos Impressos no Brasil do Século XIX (atores do mundo dos livros) ”, publicado em 2021, que conta a história do livreiro francês Baptiste Louis-Garnier, fundador da editora Garnier no Brasil e agente fundamental da circulação dos livros em território nacional.  

O Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP é de detentor de uma biblioteca com mais de 121.200 livros, 1.590 títulos de periódicos e 3.602 teses e dissertações (Imagem: Reprodução – IEL da Unicamp) 

“Faço uma espécie de panorama dos trabalhos de outros livreiros até a entrada dele no cenário das letras brasileiras. A literatura brasileira, a partir dele, teve um espaço constante de publicação, de possibilidade de edição”, relata Lúcia. Segundo as pesquisas da professora, Garnier foi responsável por criar coleções de prosa de ficção no Brasil.   

“Agora eu estou pesquisando, sobretudo, a relação dos escritores com a editora Garnier. A impressão que eu tenho é que, ao longo dos anos 1860, a Garnier decide, talvez com subsídio imperial, formar coleções de prosa e de ficção no Brasil. Isso impulsionou, por exemplo, Machado de Assis a passar a se dedicar totalmente a prosa de ficção”.  

No decorrer de seus estudos, Lúcia Granja, pôde se aproximar dos documentos históricos, mas também da família Garnier. Ela conseguiu chegar a uma sobrinha-neta do editor, que não possui mais o mesmo sobrenome. Através da sobrinha, a pesquisadora chegou também a Daniele Garnier, que foi casada com o sobrinho do último Garnier a trabalhar na editora brasileira.  “Depois de muito procurar, consegui chegar a uma das sobrinhas-netas do Garnier. Foi muito emocionante porque foi como reconstruir um elo perdido entre a família que ainda existe na França e os pesquisadores literários que não tinham mais acesso à família”, contou a docente.  

Lúcia Granja é professora titular de literatura e pesquisadora especializada nas obras de Machado de Assis e na história dos livros no Brasil. (Imagem: Acervo Pessoal)   

Lúcia Granja é professora titular de literatura da Unicamp e pesquisadora de Machado de Assis e da história do livro no Brasil. Docente na Unicamp desde 2020, Lúcia passou uma década para desenvolver essa pesquisa, que ainda não foi finalizada. A pesquisadora planeja seguir seus estudos e desenvolver algo além dos artigos já publicados.  

“Esse texto entre outros que eu publiquei formam uma pesquisa de dez anos e ainda não acabei de publicar todos os resultados. Eu vou recolher os artigos que já publiquei e organizar na forma de livro, ou por ordem cronológica ou por ordem das novidades que eu descobri, e fazer uma espécie de contribuição para a história dos livros no brasil com novidades sobre o Garnier”, acrescentou.  

Orientação: Prof. Artur Araújo

Edição: Mariana Neves


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