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Mercado vegano tem alta na preferência do consumidor 

São 30 milhões de brasileiros que alegam adesão por causa de saúde e direitos dos animais 

Por Eloísa Bressan, Guilherme Volpon, Marcela Peixoto e Monike Vitorio  

O veganismo e vegetarianismo é um movimento político baseado na consciência”, afirma Marco Tedrus. (Foto: Arquivo pessoal) 

Os indícios estão em várias pesquisas. Inúmeros dados apontam que a preferência por alimentos veganos ou, pelo menos, vegetarianos está crescendo. Um levantamento do Ipec de 2021 revelou que 46% dos brasileiros afirmaram deixar de comer carne por vontade própria pelo menos uma vez por semana. Segundo informações do Ibope Inteligência (atual Kantar Ibope Media) de 2018, mais de 30 milhões de brasileiros adotaram o vegetarianismo. Outra pesquisa, esta realizada pela Ingredion (empresa norte-americana que atua no ramo de processamento e refino de alimentos), em parceria com a Consultoria Opinai, mostrou que 90% da população leva em conta fatores relacionados à saúde na hora da compra. Foi o maior índice entre os cinco países pesquisados, cuja lista era formada por Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru.  

Marco Tedrus é um empreendedor que investe no ramo. Ele decidiu abrir o Mow Culinária Vegana. O chef e proprietário afirma que, em Campinas, há uma grande rotatividade de restaurantes veganos e vegetarianos, e por isso acredita que o restaurante dele se destacou pela qualidade dos produtos utilizados e a grande preocupação com a apresentação dos pratos. O empresário destacou: “O veganismo, vegetarianismo e outros movimentos relacionados ao consumo direto ou indireto de derivados de vegetais é, principalmente, um movimento político baseado na consciência”.  

Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), existem mais de 3.523 estabelecimentos no país, que oferecem pelo menos uma opção vegana no cardápio. Além disso, nos supermercados, também já é possível encontrar diversas versões de produtos sem origem animal de cárneos e lácteos, como nuggets, presuntos, kibes, coxinhas, salsichas, linguiças, sorvetes e até mesmo requeijões. 

Tedrus reconheceu que o segmento vegano e vegetariano enfrenta uma certa resistência.  “O mercado não quer que paremos de consumir carne, senão uma cadeia enorme de veterinários, indústria farmacêutica, rações e agrotóxicos seriam impactados diretamente”, declarou. 

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Camila relata que o processo para deixar de consumir carne foi bastante natural e não enfrentou dificuldades (Fotos: Arquivo pessoal). 

Mesmo com resistências, a indústria observa o interesse do público em uma alimentação “plant based” – prática alimentar em que a maior parte dos produtos são vegetais – e busca cativar esses consumidores atendendo a demanda e seguindo o modelo da indústria internacional. “Enfrentamos muita dificuldade de crescimento e contamos mais com apoio do público, que abraça de verdade a causa, do que do governo ou de investidores. Eu vejo uma tendência de crescimento de opções veganas em restaurantes tradicionais em pequenos passos, conforme a demanda”, afirmou Marcela Picheco, dona do restaurante We Can Veg It

Consumidores como a analista de sistemas Camila Schulz, que já era vegetariana há dois anos e meio e que adotou o veganismo recentemente, veem nessa dieta uma questão ética. “Comecei a refletir que todos os animais são iguais, que não há diferenças, e que eles são seres conscientes, capazes de sentir as mesmas emoções e dor que nós, humanos”, acrescentou. 

Camila também disse ter percebido uma melhora na sua saúde. “Melhorei meu desempenho na academia, nos meus treinos. Minha pele melhorou, minha imunidade aumentou, não fico doente, e fora que antes nem sabia o que estava comendo”, concluiu. 

Orientação: Prof. Artur Araújo
Edição: Mariana Neves


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