Cultura & Espetáculos
A exposição, em parceria com a Pandora Escola de arte, relembra Maria Monteiro e outros momentos históricos
Por: Beatriz Stevanatto, Jessica Midori e Sophia Miranda
A fundação da cidade de Campinas, a primeira missa, os times de futebol, a simbologia de Maria Monteiro e sua eterna voz lírica de “Ave Maria”, o Cine Voga…É assim que a Pandora Escola de Arte, em parceria com a Câmara Municipal, resgata e comemora os 250 anos de história do município através de uma exposição que idealiza os grandes momentos da cidade.
A mostra, que segue até o dia 26 deste mês, na Câmara Municipal, conta com um conjunto de 10 obras no total, trabalhadas por professores da Pandora e artistas convidados por Ricardo Quintana, um dos diretores da escola e curador da exposição.
Com uma curadoria extensa, as memórias foram retratadas ao cerne do que é Campinas, procurando construir uma identidade do cidadão campineiro, e quem eles poderão ser futuramente através de sua história contada por gerações.
Voltada para um ideário de lembranças, as produções foram pautadas por meio de ilustrações, cartoons, charges e caricaturas, estruturadas com aquarelas, colagens, tinta acrílica, lápis de cor, pintura digital, grafite e nanquim.
Segundo Quintana, apesar de ter pré-selecionado os temas, as técnicas utilizadas são do próprio estilo de cada artista, como é o seu próprio caso, que fez uma pintura digital que simula aquarela e acrílica, sendo essas apenas uma ferramenta para compor o que de fato o artista quer dizer.
“Além da técnica, o que importa é o estilo. O que o artista põe ali é a expressão na hora que está fazendo, o que ele sentiu e sente”, conta o diretor da escola.
Abaixo, o áudio da entrevista com o curador da mostra Ricardo Quintana:
Nesse contexto de expressividade dos artistas, Lui Bonon, graduada em publicidade pela PUC-Campinas e uma das convidadas para participar da exposição, fugiu dos temas propostos e sugeriu homenagear Maria Monteiro, prima do maestro Carlos Gomes.
Carregando o título de “Maestra e Artista di Canto”, a “Zica Monteiro” tornou-se a primeira cantora lírica da América cujo trabalho é reconhecido mundialmente, em especial na Áustria, na Itália e na Alemanha. Apesar de ter sido homenageada com uma rua em seu nome e uma efígie feita por Rodolfo Bernardelli, em 1905, sua existência teria caído no esquecimento dos habitantes de Campinas, conforme pondera a artista.
“Eu acho que Maria Monteiro é um pouco esquecida. Conhecemos a rua e quem foi Carlos Gomes, mas não se fala muito dela. É mais um exemplo do apagamento feminino que vivemos há gerações”, argumenta Bonon.
De acordo com Lui, muitas pessoas não conhecem a estátua e sua simbologia. Dessa forma, através da sua obra intitulada “Voo e Voz”, há a ideia de que ela possui asas, fazendo uma analogia ao renascimento de Campinas após a epidemia de febre amarela, sendo Campinas a cidade Fênix, por isso da Fênix no Brasão.
“Maria Monteiro vem com esse símbolo na estátua e eu acho triste que não saibam quem ela foi. As pessoas passam e falam ‘nossa estátua da Fênix’. É literalmente aquela prima esquecida de uma pessoa famosa, e eu quis retratar isso”
A partir de então, a artista utilizou-se de tinta acrílica, nanquim e canetas foscas em homenagem ao grafite urbano e os materiais que compõem a estátua de Maria. Assim, cada obra exposta possui sua individualidade. Mesmo sendo um projeto que se baseia em um conjunto de artistas, a técnica e a preferência, através da curadoria, moldaram esses dois séculos.
As diversas obras contam particularidades históricas, como a de Vitor Gorino, que desenhou o famoso e histórico Cine Voga; a estátua da Mãe Preta em homenagem a abolição da escravidão; as artes dos times de futebol Ponte Preta e Guarani, que chamam atenção daqueles apaixonados por futebol; O monumento Bicentenário, que está no Centro de Campinas, desenhado por Marcelo Toni; A Companhia Mogiana das estradas de ferro de Lucas Cartello e entre outras.
“Eu acho que um povo sem história é um povo morto, por mais que a gente esteja falando de futuro, de continuidade, nós temos que olhar para trás e pensar na nossa história”, pondera Ricardo.
Abaixo, o vídeo da exposição e da entrevista com Ricardo Quintana:
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Isabela Meletti
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