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Pedagogias Alternativas geram polêmicas na educação

Homeschooling, Kumon e Pedagogia Waldorf são alguns dos métodos que fogem do convencional

Por: Vitória Régia

Dia 28 de abril, é lembrado como o Dia Internacional da Educação, data que abre margem para diversas discussões sobre o tema. Atualmente, as pedagogias alternativas, que se caracterizam como métodos de ensino diferentes são uma pauta recorrente na classe profissional dos pedagogos. Nessa classificação se incluem, por exemplo, educação domiciliar (conhecida também como homeschooling), pedagogia Waldorf e até o método Kumon, entre outras.

O homeschooling, por exemplo, é uma realidade no Brasil, pois existem pais que optam por ensinar seus filhos em casa, apesar da prática ser ilegal no país e de somente 21% dos brasileiros serem favoráveis a ela (fonte: Ação Educativa e Cenpec, em 2022). Natalia Mazzotti Bellomi de Oliveira, é mãe de três meninas de 10, 8 e 3 anos e pratica a educação doméstica, se dedicando exclusivamente para os cuidados do lar e educação de suas filhas.

Trabalho feito pela filha de Natalia Mazzotti Bellomi de Oliveira sobre a história dos antepassados (Foto: arquivo pessoal)

Natalia conta que se formou em Engenharia Florestal pela USP de Piracicaba, com ênfase em licenciatura e bacharelado, por isso afirma ter uma boa base de como ensinar, já que relata ter feito diversos estágios em escolas municipais. “No começo, nós tínhamos a ideia de fazer o caminho tradicional mesmo, colocar na escola, mas nossos estudos em casa rendiam demais nas apostilas que eu achei na internet. Conversando com outros pais, nós víamos que existiam algumas reclamações da escola, então eu consegui usar o meu tempo para algo que achei bom: educar”, conta.

Oliveira afirma que usa diversas apostilas na educação das filhas, sendo eles: livros da linha Ápis (Editora Ática), coleção Amarelinha (Editora Rideel) e os da linha Kumon. Para além disso, as meninas fazem atividades extra, como aula de inglês e espanhol, ballet e natação. “Nós temos uma rotina bem rígida, com horas de estudo, atividades extras e eu fico em função disso, acabo conversando mais, tendo mais contato com as crianças, sempre à disposição, a facilidade do contato é bem maior do que em uma sala de aula”, explica.

A pedagoga Beatriz Guedes, formada na PUC-Campinas, porém, afirma que a educação domiciliar tem alguns problemas: “O homeshcooling inibe uma parte muito importante da primeira infância, que é o desenvolvimento da criança em relação às interações sociais. É nessa fase que as crianças vão se desenvolvendo, e isso elas fazem juntas e ela precisa de outros espaços e contato com outros adultos, para conseguir criar autonomia independente dos pais. O homeschooling não substitui a escola de nenhuma forma”, diz.

Entretanto, a educação doméstica é só uma das estruturas não convencionais. Outro método muito conhecido é o Kumon, ensino japonês criado pelo professor Toru Kumon em 1958, que promove um ensino autodidata de matemática e línguas. O aluno faz os exercícios e ele mesmo os corrige, valorizando a autonomia e capacidade de pensar nos próprios erros. Esse meio é usado tanto por pais que ensinam os filhos em casa, quanto por crianças que estudam de forma extra, para além da escola comum.

Aline Minari, mãe de dois meninos, Pedro e Antonio, conta que gosta muito do método porque ele garante às crianças independência na realização de tarefas escolares. “Eu achei no Kumon o que minha mãe sabiamente fazia comigo e com meus irmãos: nas férias ela nos pedia para fazer cópias pequenas, mas diárias, para não esquecermos o

que havíamos aprendido. No Kumon, a tarefa constante faz a criança acostumar-se com a tarefa e estudo sem nem perceber”, relembra.

Beatriz Guedes, explica que esse método é bom para a complementação dos estudos dos pequenos, pois envolve muita repetição e memorização, mas reitera que ele não substitui de forma nenhuma o trabalho de um professor e pedagogo. “Para algumas crianças o Kumon pode funcionar perfeitamente, porque ela se encontra nos exercícios de repetição, mas para outras crianças isso nem sempre funciona e é bom procurar outros métodos, caso ela precise de apoio.”.

Laura recebendo um bebê e sua mãe no Espaço Baobá para um dia de trabalho e cuidados especializados (Foto: Vitória Régia)

Para crianças menores, também existem outros meios de educação alternativa. Um exemplo disso são as possibilidades que se diferem do berçário comum, como é o caso de um coworking materno com cuidados de bebês, para crianças de 4 meses até 2 anos. O Espaço Baobá, idealizado por Laura De Biase, tem como proposta cuidar de mães que tem a necessidade de voltar ao trabalho no período do puerpério, mas ainda não querem ficar longe de seus filhos. Laura, a dona da iniciativa, explica que vivencia a Pedagogia Waldorf em seu Espaço, método holístico criado pelo alemão Rudolf Steiner, que tem como meio a abordagem de educação voltada para a visão do ser humano como um conjunto harmônico que se encontra no físico, anímico e espiritual. “Como alicerce primordial para o fazer da pedagogia Waldorf, nós respeitamos o processo de desenvolvimento, tirar envoltórios, no tempo certo. Nós fazemos isso oferecendo autonomia na medida certa, na fase de desenvolvimento certo, com uma vinculação muito forte entre o que acontece internamente e o que acontece no ambiente que esse bebê vive.”, afirma.

Laura e sua parceira Chris Jade cantando com os bebês do Espaço Baobá antes do lanche da manhã (Foto: Vitória Régia)

O Espaço Baobá não se dedica exclusivamente às crianças, mas também tem como objetivo cuidar das mães que acabaram de dar à luz e estão em um momento de vulnerabilidade física e emocional. De Biase conta que o processo de acolhimento das mães começa desde o momento que elas chegam, nas conversas sobre as suas necessidades, em como está sendo as suas experiências na maternidade e no cuidado físico e anímico.

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Gabriela Moda


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