Destaque
Por: Bianca de Freitas
O escritor Marcelo Rubens Paiva esteve no Instituto de Estudos Avançados da Unicamp para falar sobre a missão do escritor. Ele participa de cinco oficinas literárias virtuais que ocorrerão até dezembro. Em entrevista para o portal Digitais, compartilhou experiências de sua vida pessoal e profissional e criticou a postura da juventude e o uso exagerado das redes sociais, ao colocar a internet como a principal causa da falta de consciência política do jovem contemporâneo. A saída, defende, é a literatura como influenciadora do posicionamento político.
Marcelo Rubens Paiva está com 64 anos e chamou a atenção da crítica e do público com a sua primeira obra Feliz Ano Velho, publicada em 1982. Já conquistou três vezes o Prêmio Jabuti e atualmente atua como colunista do jornal O Estado de S.Paulo.
Qual foi a sua inspiração para começar a escrever?
A inspiração é o que eu vivo, o que as pessoas vivem, matérias do jornal, o que os amigos experimentam, coisas que estão ao meu redor.
Sua obra mais famosa Feliz Ano Velho possui traços autobiográficos. Alguma outra obra possui esses traços?
Sim, o livro Eu ainda estou aqui possui traços autobiográficos e o Do começo ao fim também tem. Ultimamente, eu tenho utilizado muito minha vida pessoal como tema. É um movimento literário chamado auto ficção.
Então, é verdade que todo escritor acaba fazendo um autorretrato ou usando elementos da vida real para contar suas histórias?
Todo escritor faz um autorretrato usando elementos da sua vida, suas experiências. Dificilmente ele consegue se livrar disso, dificilmente as coisas surgem do zero, a não ser uma literatura mais planejada, comercial, de horror, ou comédia, mas até mesmo a comédia está ligada a algo pessoal.
Quais são os autores que te inspiram?
Os autores que me inspiram são Kafka, Jack Kerouac, Machado de Assis e Rubem Français.
Você diria que a literatura pode influenciar no posicionamento político?
A literatura pode influenciar e deve influenciar o pensamento político das pessoas. Desde os tempos de Brecht, se você pensar na Bíblia de Lutero, o primeiro livro impresso na impressora inventada por Gutenberg, foi a responsável pela reforma e a contra reforma de toda a igreja na Europa.
Na sua opinião os jovens de hoje têm mais ou menos consciência política do que os jovens de antigamente?
Eu acho que os jovens estão um pouco perdidos em relação à consciência política. As redes sociais atrapalharam muito, eles passam muito tempo em viagens pessoais e selfies, mas eu sempre acredito na juventude. Sempre acho que ela acaba, de uma certa maneira, sendo um processo de transformação incrível, como aconteceu no Chile e no Uruguai por exemplo.
Se você pudesse dar um conselho para os jovens jornalistas, qual seria?
Olha, o jornalismo é uma profissão fascinante, sempre se transforma, está sempre em mutação, especialmente hoje, com as novas tecnologias de formação. Mas, o mais importante, é se manter fiel à notícia, em busca da verdade, nunca mentir, nunca fabricar notícia, sempre ser equilibrado, dar as versões dos dois lados, tentar entender o conjunto e não apenas a superfície. É isso que as pessoas esperam de um bom jornalista.
Orientação: Profa. Rose Bars
Edição: Théo Miranda
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