Destaque
O cantor da zona norte de São Paulo participou de uma aula aberta na Unicamp
Por: Henrick Borba
Em aula aberta na Unicamp, o cantor e compositor MC Hariel, com 13 milhões de seguidores nas redes sociais, defendeu, nesta quarta-feira (8) a difusão da filosofia através do funk, “porque ele vai aonde ninguém vai”. Realizado no auditório Zeferino Vaz, o evento fez parte da programação do festival internacional de Hip Hop 50: Ações Afirmativas Transformando a Universidade. Essa foi a primeira vez que o jovem, de 25 anos, natural da zona norte de São Paulo, pisou em uma instituição de ensino superior.
“O aluno bagunceiro da sala, provavelmente, tem dificuldade em escutar o professor, mas tem uma facilidade em escutar o MC. Ele tem uma dificuldade para aprender naquele método de ensino, mas o aluno consegue escutar e entender o que o MC tá passando na letra”, disse Hariel ao falar sobre as canções que compôs para seu projeto Alma Imortal: a Filosofia do Funk, um extended play (EP) com 7 músicas.
MC Hariel, aos 25 anos, soma 8 milhões de ouvintes mensais em plataformas musicais. É hoje um dos cantores com maior influência entre os jovens, com letras que passam mensagens sobre consciência, desigualdade, realidade das favelas e resiliência. Ele é autor de Ilusão: Cracolândia, que aborda o vício das drogas, e 180, sobre violência contra a mulher.
Para compor Alma Imortal – produção que é longa demais para ser single e curta para ser um álbum – o cantor disse ter realizado uma série de pesquisas para incluir a filosofia ao longo das faixas que integram o trabalho. Recorrendo ao legado de antigos pensadores, Hariel disse ter tentado se diferenciar de trabalhos anteriores, buscando agora estudar e pesquisar sobre temas antes de compor as músicas.
Segundo o compositor, o principal objetivo do EP é mostrar para as pessoas que qualquer um é capaz de alcançar os objetivos usando, também, elementos da filosofia. “Nós, que viemos de baixo, temos muito questionamentos e ninguém pra explicar o porquê de a gente se perguntar se realmente somos capazes, se a gente consegue mesmo aquilo. Então, é por isso que eu quis introduzir a filosofia nesse EP”, afirmou.
Um dos temas da fala de Hariel foi a evolução da vertente do funk consciente, na qual o principal papel é conscientizar as pessoas que têm dificuldade em aprender vivências e o “lado correto” da vida. Ele disse acreditar que a fusão da filosofia e do funk, andando lado a lado da forma correta, podem atingir todas as classes da sociedade com o mesmo intuito.
O MC explicou que a inspiração para o nome do EP veio de uma ideia de Platão, na qual o compositor paulistano assimilou o conceito de alma imortal. “Como a gente vai conseguir mudar nossa realidade, nosso cotidiano, ou em coisas que a gente sai do menos zero, sem alimentação correta, sem instrução correta sem, ao mesmo tempo, mudar o que tem de bom do nosso lado e no nosso coração?”, questionou.
Hariel explica que se vê no papel de trazer o que é importante para aqueles que o ouvem e conseguem entender a voz da periferia. Segundo ele, a cartilha das escolas e das universidades que não facilita a aprendizagem para os jovens que não tiveram uma boa educação básica, tarefa que busca para si. “Esse é o papel do funk, de traduzir as palavras difíceis para a molecada que escuta a gente”, disse.
No final da aula, Hariel explicou como é feita a separação entre suas músicas da vertente de funk ostentação e festa com os funks conscientes, dizendo que os antigos programas de televisão passavam justamente aquilo que é visto nos clipes de funks ostentação. Portanto, segundo ele, é algo enraizado e que traz conforto para o jovem da periferia.
“Quando uma pessoa que não curte o funk e não tem a vivência do que a gente tá falando, vai dar menos valor do que quando a gente fala de algo que é fácil para ele cativar. É por isso que o funk de festa acaba sempre fazendo mais sucesso do que o funk consciente. Mas eu acredito que preciso sempre estar trabalhando com música de festa porque até para isso é necessário ter consciência”, disse Hariel.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino