Destaque

Hábito de leitura tem queda entre jovens, aponta pesquisa

Os livros disputam a atenção dos adolescentes, que mostram preferência por ler posts nas redes sociais

Por: Théo Miranda e Gustavo Cabral 

O hábito de leitura entre os jovens está em evidente queda no Brasil. A Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2020, aponta que 4,6 milhões de brasileiros perderam o hábito da leitura. Os dados foram apurados entre 2015 e 2019. A redução desse hábito reflete na indústria editorial que encolheu 17% de 2007 a 2017, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Jéssica Dorta, professora de Literatura para alunos de ensino médio, já identificou a falta do hábito de leitura entre os estudantes. “Nunca lemos tanto quanto hoje, passamos o dia todo lendo, principalmente nas redes sociais, porém esse é um tipo de leitura fragmentada, curta e de frases dinâmicas”, analisa.

As redes sociais vêm roubando o espaço da leitura no cotidiano do jovem (Foto: Théo Miranda)

Para a professora, os jovens se apegam às leituras dos posts nas mídias sociais, o que reflete na dificuldade de concentração, sem a leitura profunda, atraídos pelo texto rápido, acompanhado de outras linguagens como vídeos e fotos. “Leitura é hábito, assim como a gente escova os dentes e toma banho todos os dias, também podemos desenvolver o hábito da leitura”, indica.

A disponibilidade de obras literárias na internet garante o acesso aos clássicos e facilidade para a aquisição de novos títulos. Mesmo com essa acessibilidade, Jéssica Dorta percebe o desinteresse na leitura quando um estudante apresenta dificuldade em compreender o texto. A saída, aponta, está nas escolas e nas universidades, criando hábitos de leitura. “Não há uma receita pronta”, disse, apesar de acreditar que há experiências conjuntas e colaborativas que podem fazer sentido para os estudantes. “Acho importante frisar que as universidades, desde o vestibular, façam escolhas de livros que toquem o jovem e dialoguem com a sociedade em que vivemos”, recomenda. 

A professora ainda cita uma ideia presente no livro O Cérebro no Mundo Digital, de Maryanne Wolf, em que a autora analisa os impactos da falta de leitura profunda. Uma das coisas que aponta é que, com o passar do tempo, será cada vez mais difícil que as pessoas saibam diferenciar as informações verdadeiras das falsas. “Talvez a veracidade das informações passe a não importar mais, o que é mais perigoso ainda e, para mim, isso já está acontecendo”. 

As bibliotecas têm ficado cada vez mais vazias por causa da queda na procura por livros (Foto: Gustavo Cabral)

Lucca Balbino, estudante de Design Digital, acredita que a forma utilizada pelas escolas para introduzir a leitura aos alunos é incorreta, provocando neles a aversão aos livros. O mesmo sentimento compartilhado pelos colegas de curso Matheus Godinho e Diego Henrique, que passam boa parte do dia nas redes socias e dizem que não sentem atração pelos livros. Porém, sabem o prejuízo que isso causa. “A falta de leitura é prejudicial, pois ela ajuda a desenvolver a concentração em nós”, acrescenta Matheus.

Apesar das dificuldades enfrentadas pela leitura ainda há estudantes que demonstram proximidade com os livros. Lucca Banhato e José Antônio são estudantes de Publicidade e Propaganda e alegam sentir prazer ao ler no dia a dia, muitas vezes utilizando a leitura para se aprofundarem nos conteúdos relacionados à graduação. Eles concordam que a prática da leitura é positiva. José Antônio acrescenta que ler é também uma forma de relaxar. “Vejo a leitura como uma rota de fuga da realidade e em alguns momentos em que é necessário desestressar”.

O estudante Victor Demanttova afirma que a leitura apresenta diversos benefícios ao jovem, pois estão formando suas ideias, caráter e índole. “Leitura é tudo, com ela conseguimos conhecer o mundo, nos conectar com o passado”.

Orientação: Profa. Rose Bars

Edição: Marina Fávaro


Veja mais matéria sobre Destaque

Parceria entre CACI e Aliança Francesa Celebra o Cinema de Jean-Luc Godard


CACI e Aliança Francesa promovem mostra de obras clássicas de Jean-Luc Godard na PUC-Campinas, reforçando o papel da cultura na formação acadêmica


Diagnóstico precoce de câncer ainda enfrenta desafios no Brasil


Senso comum sobre a doença e medo podem influenciar o estágio do tratamento, apesar da melhora no acesso à informação


“Se é Fake não é News” premia estudantes de jornalismo 


Em parceria com o Grupo EP, alunos fizeram produções com a temática das eleições municipais 


A outra face da Reciclagem: catadores e suas lutas diárias


Pesquisa aponta que 70% dos profissionais autônomos de materiais recicláveis vivem com menos de R$1.100,00 mensais e não possuem benefícios sociais


Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública


Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo


Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física


Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.