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Envolvido com a luta social, João Zinclair deixou legado com mais de 300 mil imagens
Por Beatriz Cezar
“Antes de ser fotógrafo, eu sou militante”. Esta é uma das frases ditas por João Zinclair, que se autointitulava “o operário da fotografia”, em um vídeo realizado em sua memória, exibido na sexta-feira (14), no plenário “José Maria Matosinho”, da Câmara Municipal de Campinas.
O evento foi de iniciativa da vereadora Guida Calixto (PT) e marcou os 10 anos da morte do fotógrafo, que retratava, principalmente, os movimentos e lutas da classe trabalhadora em diversas cidades do Brasil, além das contradições da ditadura militar, de onde decorriam desigualdades, injustiças sociais e a falta de liberdade do povo brasileiro.
Além de Calixto, a homenagem foi comandada pela coordenadora do acervo que leva o nome do fotógrafo, Sônia Fardin, e Humberto Innarelli, profissional de Tecnologia da Informação e Comunicação do arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp (Universidade de Campinas), tendo contado também com a participação do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, Jair dos Santos, além do funcionário conhecido por Batata, da Secretaria da Cultura.
A filha do fotógrafo, Victoria Zinclair, que não esteve presente na homenagem, encaminhou um texto que foi lido por Sônia, contando a saudade que sente do seu pai e sobre as suas opiniões de assuntos políticos e movimentos estudantis.
Durante o evento, Calixto falou emocionada sobre a importância do fotógrafo para a luta dos trabalhadores e de como ele foi essencial para o seu atual mandato, o qual intitulou de “Raça e Coragem”.
“Ali estava o João, presente, e lutando junto com a gente. Ele foi um amigo, um guerreiro e defendeu os seus ideais até o dia da sua morte. Por isso, devemos manter a sua história viva na cidade e em todos os lugares em que ele passou”, disse Calixo.
Natural do município de Rio Grande, do interior do Rio Grande do Sul, João era filho de operários do ramo ferroviário e pesqueiro, e atuava na área da construção civil. Comunista de carteirinha, o fotógrafo foi dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, levantando a defesa de respeito aos direitos dos trabalhadores e contra a exploração capitalista.
Além de trabalhos voltados aos movimentos trabalhistas, o Zinclair também retratou por suas lentes as desigualdades, a pobreza e a fome no Brasil no ensaio fotográfico “O rio São Francisco e as águas no sertão”, que consistia em registrar a população nordestina na sua busca constante por açudes. Zinclair faleceu em 2013, vítima de um acidente na BR 101, no município de Campos de Goitacazes, no Rio de Janeiro.
Em mais de 38 anos de história com uma câmera na mão, foram registradas pelo fotógrafo, segundo Sônia Fardin, 253 mil imagens digitais e 53 mil em negativos, que estão guardados pelo MIS (Museu de Imagem e Som), de Campinas, e o AEL (Arquivo Edgard Leuenroth), da Unicamp. Os interessados em conhecer um pouco mais sobre a história do “operário da fotografia” podem acessar o site www.ajz.campinas.com.br
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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