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Irmãs que dirigem o documentário premiado sobre o SUS na pandemia buscam a premiação internacional
Por Mariana Neves
As irmãs Helena (médica) e Ana Petta (cineasta), diretoras da produção nacional “Quando Falta o Ar”, que retrata o trabalho das profissionais da saúde do SUS durante a pandemia da Covid-19, iniciam campanha em busca do Oscar de 2023. Com sessões em Nova York, Boston e Los Angeles (no Hollywood Brazilian Film Festival com a presença do ator Wagner Moura), a produção premiada no 27o Festival Internacional de Documentários “É Tudo Verdade” pode estar na lista dos indicados ao prêmio na categoria de melhor longa documentário.
“A ideia surgiu quando a minha irmã Helena, que é médica, não estava atuando na ‘linha de frente’ na pandemia, mas decidiu entrevistar seus colegas que estavam”, relata Ana Petta em entrevista ao Digitais. Não é a primeira parceria das duas no audiovisual, já que a dupla trabalha desde 2016 na produção da série de ficção Unidade Básica, que se passa em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Segundo a cineasta, por conta dessas entrevistas elas perceberam a qualidade do material e a importância de registrar o momento que, segundo elas, foi histórico. “Percebemos que era urgente construir a memória desse momento a partir, e do ponto de vista das mulheres trabalhadoras do SUS, que é quem estava, no momento, enfrentando os maiores desafios da pandemia”, completa Ana.
Em 2020, as irmãs registraram imagens do hospital municipal em Castanhal, na região norte do Pará, as Comunidades Ribeirinhas no Rio São Lourenço, o Morro da Conceição no Recife,o trabalho dos profissionais de Unidade Básica de Saúde e o Complexo Penitenciário Lemos de Brito, em Salvador, a UTI do Hospital das Clínicas em São Paulo e, por fim, em 2021 no período de crise em Manaus. O objetivo é mostrar para que se possa valorizar mais os profissionais da saúde e o SUS.
“A força desses profissionais de saúde, frente a um governo que estava negando a pandemia, que não fazia as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, que atrasou a compra de vacinas […] para a gente é um filme também de memória e de resistência”, afirma a médica Helena Petta sobre a produção que, segundo ela, também tem uma forma mais poética e cinematográfica, diferente de um olhar somente jornalístico.
Segundo Ana, a direção e a produção do filme foi muito delicada nesse período, já que a segurança de todos os envolvidos estava em risco. “A gente teve que testar constantemente, usar equipamentos de proteção, ter um tempo mais curto nos lugares, principalmente em lugares como a UTI e ter essencialmente um respeito muito grande pelas pessoas que estavam trabalhando e pelas pessoas que estavam doentes”, completa Ana.
Além das dificuldades na questão sanitária, Helena conta em entrevista ao Digitais os desafios financeiros na produção do documentário. “A gente não tinha financiamento para obras audiovisuais, a gente conseguiu uma parceria com Todos pela Saúde, que foi quem financiou o nosso filme, foi uma grata surpresa quando a gente inscreveu esse documentário num festival que se chama ‘’É Tudo Verdade, que foi no começo desse ano. É um dos festivais mais importantes do mundo, e o mais importante da América Latina, relacionado a documentários, e a gente venceu esse festival”, completa.
Para a médica, serem premiadas no festival mais importante da América Latina possibilitou a colocação na lista dos longas que podem concorrer ao Oscar. Isso animou as irmãs que começaram a campanha internacional. “É claro que as campanhas em geral são campanhas que tem muitos recursos, são campanhas milionárias, que a gente está concorrendo, mas a gente tentou fazer o máximo”, afirma Helena. O Hollywood Brazilian Film Festival, a presença do ator Wagner Moura, que assistiu o filme, também aumentou a expectativa das irmãs. “Porque ele é uma pessoa muito reconhecida, e assistiu o filme, gostou muito do filme, então foi uma conversa muito bacana”, completa a médica. O próximo passo é obter mais visibilidade no exterior, buscando reconhecimento dos membros da Academia.
Internacionalmente, Helena ainda completa que há uma curiosidade sobre o longa. “Eu acho que as pessoas têm uma curiosidade sobre o Brasil, porque a gente vivenciou uma coisa próxima, que foi o governo Trump e Bolsonaro com essas posturas negacionistas”. Ela também completa que parte dessa curiosidade é por conta do Brasil ter um sistema público de saúde e os Estados Unidos não.
Além da exibição nas cidades, outras foram feitas em universidades como Columbia, Harvard e Boston. No Brasil, a estreia está prevista para o final de janeiro ou começo de fevereiro de 2023, com a expectativa da dupla de que a produção seja vista pelos membros da Academia.
Confira o trailer: https://youtu.be/ZyCU_UFTuNE
Orientação: Profa. Amanda Artioli
Edição: Luís Felipe Buzzetti
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