Cultura & Espetáculos
O projeto ‘Leia Mulheres’ de Indaiatuba completa 4 anos e busca dar visibilidade às autoras
Por: Suelen Biason e Camille Heinzl


O projeto Leia Mulheres promove encontros, toda última quarta-feira do mês, na cidade de Indaiatuba, entre mulheres que fazem curadoria de livros, promovem a leitura e o debate sobre as mesmas. O clube de leitura é organizado pela publicitária, produtora cultural, poeta e escritora Thaís Steimbach e consiste convidar à leitura de obras escritas por mulheres, sejam elas clássicas ou contemporâneas, nacionais ou estrangeiras. Desse modo, o projeto é uma importante ferramenta para debates de pautas feministas e de ampliação da voz das mulheres. “Sentia falta de grupos literários desde quando mudei para a cidade, no final de 2016. Comecei a participar do Leia Mulheres Campinas em 2018 e, conversando com a mediadora Michelle Lopes de lá, fui apresentada a algumas pessoas de Indaiatuba que também desejavam um projeto assim na cidade e que me ajudaram a inaugurar o clube aqui alguns meses depois, devidamente alinhado com a mediadora nacional do Leia Mulheres” disse Thaís Steimbach. Para uma melhor organização, a lista dos livros a serem lidos durante o ano é elaborada e divulgada meses antes.

Thaís também menciona como são feitas as escolhas das obras. “Comecei por livros que eu já havia lido e hoje as decisões são em torno de projetos anuais, como por exemplo neste ano de 2022 estamos lendo escritoras vivas e latinas que eu mesma já li ou foram indicadas por participantes”, explica.
O clube de leitura propõe apenas a leitura prévia do livro, sendo a participação voluntária e livre de obrigações. O Leia Mulheres não tem fins lucrativos e se mantém ativo há quatro anos em livrarias, espaços culturais, bibliotecas e cafés da cidade de Indaiatuba.

Nádia Cristina Nogueira participa do encontro Leia Mulheres Indaiatuba há três anos. “O leia mulheres é mais que um grupo de leitura de autoras mulheres e discussões de livros escritos por mulheres, mas é também um encontro feminista, um encontro de debates de temas específicos do universo feminino”, diz. “Nós podemos compartilhar nossas visões de mundo, nossa visão política, nossa visão da sociedade, da cultura e isso torna os encontros extremamente instigantes e gostosos de estar presente”, completou.
Mulheres na Literatura
De acordo com a ONU Mulheres, em 120 anos de prêmio Nobel de Literatura, apenas 16 mulheres tiveram suas obras premiadas pela Academia. Além de que entre os 38 membros atuais da Academia Brasileira de Letras apenas 5 são mulheres.
Outro dado referente a baixa representação das mulheres na literatura está na pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, coletivo de pesquisadores vinculado a Universidade de Brasília (UNB), na qual mais de 70% dos livros publicados por grandes editoras brasileiras entre 1965 e 2014 foram escritos por homens.
A iniciativa do clube começou em 2014 com a campanha #ReadWomen2014 no Twitter, idealizada pela escritora e ilustradora Joanna Walsh para propor a leitura de autoras mulheres e grupos minoritários em geral. A discussão cresceu e a hashtag se tornou uma das mais comentadas daquele ano. Em 2015, as amigas Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henrique resolveram dar vida a essa projeto no Brasil.
“É fundamental ler mulheres porque isso nos foi negado durante a maior parte das nossas vidas. Basta a gente parar e pensar em quantas mulheres foram indicadas para nossa leitura durante nossa formação básica, talvez Raquel de Queiroz foi uma delas na minha formação. Venho de uma geração que leu pouquíssimas mulheres e o Leia Mulheres tem esse papel fundamental de trazer essas autoras pouco conhecidas”, pontua Nogueira.

Para Flávia Camile de Oliveira, psicopedagoga, que participa do clube desde o terceiro encontro e não tem intenção de parar “É fundamental como base de formação reflexiva, além de contribuir para a expansão do vocabulário e proporcionar a oportunidade de olhares mais empáticos, pois quem lê aprende a se colocar no lugar do outro”, diz. Flávia também pontua que os encontros se tornam um espaço seguro para conversar sem julgamento. “Há momentos de fala e escuta, sem agressão verbal, sem tom de voz elevada. Toda discussão é realizada de forma saudável, sem ofensas e com oportunidade de aprendizagem”.
Para Thaís Steimbach a leitura é ferramenta de reconhecimento. “Somos a maioria entre os leitores e, mesmo assim, as menos publicadas e incentivadas a ler livros escritos por mulheres. Essa construção do pensamento e dinâmica que nos exclui do reconhecimento criativo, intelectual e financeiro, precisa acabar. Afirma a condutora do clube de leitura de Indaiatuba.
Para se tornar integrante do Leia Mulheres é preciso entrar em contato com as idealizadoras a partir do site oficial e enviar um e-mail.
Orientação: Profa. Cyntia Andretta
Edição: Henrick Borba
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