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Análise é do repórter Felipe Souza, da BBC News Brasil; para ele, o repórter deve sempre procurar os dois lados da história
Por: Natália C. Antonini

Felipe Souza sempre quis ser repórter. Em 2008, quando entrou na Faculdade de Jornalismo na PUC-Campinas, ele deixou a família em São Paulo e se mudou de cidade. No terceiro ano da faculdade, Felipe conseguiu um estágio na EPTV Campinas, afiliada da Rede Globo, e lá permaneceu por um ano. Durante este período, ele seguiu a rotina da maioria dos estagiários de redação: cobrir buraco de rua, como se diz no jargão jornalístico. A experiência o ajudou a conhecer melhor a cidade onde estudava e morava, o que foi fundamental para ter certeza de que tinha escolhido a profissão certa.
Em 2012, depois de formado, Felipe voltou para São Paulo e trabalhou por um breve período como redator na Editora Abril. De lá, ele conseguiu realizar um sonho antigo, que surgiu na faculdade: trabalhar como repórter no jornal Folha de S.Paulo. Durante três anos, ele fez parte da equipe de reportagem do jornal, até que em 2016 um convite da BBCNewsBrasil o fez mudar de empresa. Hoje, na BBC, ele escreve principalmente sobre comportamento, segurança pública, política, educação e redes sociais.

Foi na BBC News Brasil que ele conseguiu ganhar o prêmio Dom Hélder Câmara com a reportagem “A saga dos moradores de rua em São Paulo por um copo d’agua”, em 2019. Feliz na profissão e na empresa, ele tem se dedicado à produção de reportagens que exigem um cuidado especial na forma e conteúdo das matérias, ou seja, nas informações apuradas e na estética do texto. “São reportagens exclusivas e com a possibilidade de discorrer as histórias de forma profunda, algo quase impossível na hard news”, explica. “Sempre que possível eu coloco alguma reflexão no final do texto de forma a propiciar ao leitor na reflexão sobre a problemática retratada na reportagem.”
O jornalista teve embates durante a carreira, mas nem por isso desistiu da profissão. Nesta entrevista ao Digitais ele fala analisa a cobertura jornalística nas eleições 2022:
Digitais: Como o jornalista deve se comportar com a polarização que temos hoje na política?
Felipe Souza: O jornalista não pode se posicionar. Ele tem que buscar analisar e interpretar o que acontece por meio de especialistas. O jornalista relata a eterna busca da neutralidade, de buscar os dois lados. Esse (o jornalista), ao menos que seja um articulista, pode apenas relatar o fato.
Você acha que a linha editorial de um jornal interfere na cobertura jornalística?
Acredito que a linha editorial é o guia de como o jornalista vai escrever o texto, não de como vai atuar no dia a dia jornalístico. Há veículos que têm linhas editoriais diferentes, que priorizam alguns temas. Então acho que é isto: há a priorização de temas e é preciso entender o que é mais importante para o jornal, de acordo com que o leitor do jornal ou veículo busca.
Como você define uma boa cobertura eleitoral?
Englobando todos os campos. Para ela funcionar bem, não adianta você só relatar, por exemplo, o factual. Você precisa ir até a realidade, ver pessoas que passam por situações em que esses candidatos estão lidando.
Na sua opinião, por que a imprensa dá mais destaque à eleição presidencial do que à de governador, por exemplo? Tem como mudar essa situação?
No meu ponto de vista, isso aconteceu por conta da polarização que nós vivemos. Como os dois principais antagonistas estão disputando a presidência, o interesse se volta muito para os dois, até por conta do cargo que eles exercem. A tendência é que isso não mude a médio prazo, pelo menos. Tem outra [tendência] que isso continue em alta. O lado positivo é que temos as redes sociais. Hoje nós conseguimos buscar informações sobre os candidatos em outras fontes, por exemplo. Isso pode ajudar muito. Muitos jornais estão perdendo espaço e fica muito difícil falar de tudo. Então tem que priorizar o cargo mais importante.
Você vê diferenças nesta eleição comparada a outras?
Acho que essa e a última foram as mais polarizadas e quando a polarização fica mais exacerbada, também fica complicada. Os candidatos discutem mais a ideologia e a polarização, e deixam as propostas de lado. Essas são as maiores mudanças e a perda muito grande para o eleitor.
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Marina Fávaro
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